quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Boas Festas...Feliz Natal !


Ravi Shankar (7 Abril 1920 - 11 Dezembro 2012)


Ravi Shankar faleceu, esta terça-feira, em San Diego, no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, aos 92 anos, indicou a família num comunicado. 

O músico e compositor de cítara, pai da cantora Norah Jones, sofria desde o ano passado de problemas de foro respiratório e cardíaco, o que o levou a submeter-se, na quinta-feira, a uma intervenção cirúrgica para substituir uma válvula cardíaca. 

Ravi Shankar nasceu em Varanasi, no estado indiano de Utar Pradesh, em 7 de Abril de 1920.O seu pai, V. Lakshinarayana, era professor de violino, o que contribuiu para que Shankar começasse a tocar esse instrumento aos 5 anos. 

Uma década depois, deixou a Índia para viajar para Paris integrado na companhia de dança do seu irmão Uday. Em 1936, começou a estudar sitar, instrumento tradicional indiano, sob a direção de Ustad Allauddin Khan, e pouco depois começou a actuar na Europa e EUA. 

Alcançou a fama no Ocidente graças á sua amizade com o beatle George Harrison, de quem foi professor em 1966. 

No ano seguinte, realizou o seu primeiro dueto com o violinista Yehudi Menuhin, com o qual posteriormente colaborou em várias ocasiões. Em 1969, viajou para os EUA com a intenção de estudar a música do Ocidente e, ao mesmo tempo, popularizar a música hindu. Dois anos mais tarde, a pedido da London Symphony, compôs um concerto que estreou no Royal Festival Hall, na capital inglesa. 

Em 1976, começou a colaborar com o guitarrista John McLaughlin, com quem fundou o grupo Shakti, trabalhou na One Truth Band e gravou o álbum "Touch me there", sob a direção de Frank Zappa. A atividade musical de Ravi Shankar foi intensa, tendo destaque também como compositor. É autor de dois concertos para sitar e orquestra, além de músicas para balés e bandas sonoras para filmes. 

O músico indiano protagonizou o filme "Raga", centrado na sua vida, e em 1978 publicou o livro autobiográfico "My life, my music". 

O seu primeiro casamento, com a filha do músico Ustad Allauddin Khan, Annapurna, terminou em divórcio em 1982, após anos de separação nos quais manteve relações sentimentais com Kamala Chakravarty e Sue Jones, mãe de Norah Jones. 

Por fim, casou-se em 1989 com Sukanya Rajan, com quem viveu desde então entre San Diego e Nova Délhi.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Dave Brubeck 1920-2012


Amado por muitos e considerado sobreavaliado por outros, Dave Brubeck foi sem dúvida um dos mais famosos músicos de jazz de sempre.

Inserido no seu álbum Time Out, de 1951, o tema Take five atravessou gerações de ouvintes, tornando-se um dos grandes clássicos do género e o single de jazz mais vendido de todos os tempos. A melodia simples e saltitante do tema, composta e tocada pelo tom de veludo do saxofone de Paul Desmond, veio trazer uma nova alegria ao jazz de então, projectando Dave Brubeck e o seu grupo para o estrelato mundial. Ainda hoje o tema é facilmente reconhecido pelas mais diversas pessoas nos quatro cantos do mundo, tendo-se tornado um símbolo de um jazz alegre e descomplexado, profundamente "swingante".

Nascido em 1920, na Califórnia, Brubeck começou a aprender piano aos quatro anos. Alegando dificuldades de visão, evitava aprender a ler partituras, tendo desenvolvido a sua música de forma algo autodidacta. Ainda jovem, tocava nos bailes com uma banda local e planeava ser veterinário. No entanto, ao entrar na universidade, passou a tocar em clubes nocturnos para pagar os estudos e depressa percebeu que era isso que queria seguir como carreira.

Recrutado para a Segunda Guerra Mundial, Brubeck serviu sob o comando do célebre general Patton e tocou frequentemente para as tropas em eventos da Cruz Vermelha. Quando solicitado a formar uma banda entre os seus colegas militares, criou um grupo a que deu o nome The Wolfpack, um ensemble multi-racial, numa altura em que o Exército norte-americano era ainda fortemente marcado pela segregação. Forte opositor à discriminação, o músico viria mais tarde a actuar regularmente no Sul dos Estados Unidos,muitas vezes em clubes exclusivamente para negros.




Ao sair da tropa, já na faculdade, Brubeck quase foi expulso ao descobrirem que não sabia ler partituras, sendo, no entanto, defendido pelo seu enorme talento em contraponto e harmonia. Um talento realmente invulgar que fez das gravações de Take five, Blue rondo à la turk e muitos outros temas do seu repertório canções facilmente memorizáveis e de grande impacto melódico. 


Como pianista, aplicou ao jazz os ensinamentos clássicos do seu mais influente professor, o mestre francês Darius Milhaud, criando a variação mais notável do que se viria a chamar west coast jazz. Ao longo da sua carreira tocou com muitos dos grandes, como Duke Ellington,Ella Fitzgerald, Carmen McRae ou Gerry Mulligan, e o fenomenal sucesso do Dave Brubeck Quartet, o grupo que formou com Paul Desmond, Eugene Wright e Joe Morello, permitiu-lhe vender milhões de álbuns e tocar a sua música nos mais prestigiados palcos de todo o mundo.
Brubeck compôs mais de 250 temas e escreveu música para ballet, orquestras ou cerimónias religiosas. Da sua longa discografia, destacam-se Time Out, mas também Brubeck Time, Time Further Out, Jazz at Storyville e The Dave Brubeck Quartet at Carnegie Hall.
Considerado uma lenda viva pela Biblioteca do Congresso americano, Dave Brubeck foi o primeiro músico de jazz branco a aparecer na capa da revista Time, em 1954 (Louis Armstrong já o havia feito em 49) e um dos poucos a actuar para quatro Presidentes americanos.


Por: Rodrigo Amado, in Publico