quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os Rebeldes de Nova Lisboa - 1964

A banda formou-se em 1963. Eu e o Fausto só entrámos em 1964. Tocávamos essencialmente Beatles, e fazíamos bailes aonde tocávamos tudo o que estava na moda, além de Beatles: Roberto Carlos, música africana (merengues), tudo o que uma banda de baile tocava na altura.

Gravámos uns temas para o Rádio Clube do Huambo, mas nunca foram editados. Um dos temas, de autoria do Fausto, "Boneco Chorão", chegou ao nono lugar nas tabelas de Angola. Não sei aonde param essas gravações.

Houve o tal episódio no Festival Ié-Ié de Luanda, em 1965, no qual ficámos em primeiro lugar, mas a Maria Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, foi aos camarins entregar-nos o prémio monetário e disse que os Rocks, do Eduardo Nascimento, eram os "verdadeiros" representantes de Angola.

Alegou que eram todos nascidos em Angola, daí seriam eles a ficar com o resto do prémio, ou seja, vinda para a metrópole e gravação de um disco na Valentim... Injustiça do tamanho do mundo .

Percorremos Angola de norte a sul. Saíamos à quinta-feira para ir tocar a Malange ou a Sá da Bandeira, ou seja, três dias "on the road", só para fazer um gig, e na 2ª feira ... back home, por matas e desertos... nunca tivemos um problema, isto entre 1964 e 1966.

Houve episódios fantásticos, que marcaram a minha adolescência. Recordo-me que a partir de determinada altura, comecei a "chocar" com o Fausto. Ele era um prefeccionista, enquanto eu, era só adrenalina e muito rock and roll na carola. O Fausto chegou ao extremo de pedir ao Sr. Matos que colocasse um espelho na nossa frente, na sala de ensaios, e que marcasse com uma fita cola preta, no espelho, a altura a que deveriam estar as "cabeças" das guitarras, deviam estar todas alinhadas de igual modo.


Vejam na foto. Aquilo para mim, não funcionava. Musica era, e continua a ser, um acto criativo momentâneo...se houver talento, genialidade, estes revelam-se e não há muita "chance" de se repetirem de igual modo...agora estar ali a prever e ensaiar, passos e posturas, era e continua a ser, um filme, que nunca me assistiu.

Foi quando fui considerado a Revelação Yé Yé de 66, e o Lota, (lembram-se dele?) ficou meu empresário, tendo acordado com o Conjunto Ferrovia, que seriam eles a acompanhar-me. E assim aconteceu. Saí dos Rebeldes.
Seguiram-se "Escape Livre", e a residência, na casa das Beiras, a convite do meu querido amigo Almeida Gomes.

2 comentários:

Unknown disse...

Amigo Vicky:
Agora sim, agora li a tua explicação, no teu brilhante Blogue, de como os vencedores "OS REBELDES" passaram a vencidos... A D. Supico Pinto estaria a pactuar com o Regime e a fazer psico. E com isso, lá se foi uma grande hipótese de gravarem um disco cá em Portugal.
Sobre essas gravações que vocês fizeram para o Rádio Clube do Huambo, é pena não as teres. Seria muito engraçado, agora, nesta época, ouvi-las e fazer algum tipo de comparação com o que tocavas e cantavas antes, com o que tocas/cantas agora e com o que se ouve agora.
Vamos falando.
Um grande abraço,
Álvaro Pelicano

Unknown disse...

Olá Vicky, lembro-me muito bom e com saudades desses bons tempos, na altura eu andava no Alexandre Herculano, fui ver vários fins de festa no Riacaná e assisti algumas vezes aos vossos ensaios, com outros amigos da altura. Tais como o Botelho, o Rui Magalhães, o Sancho do Bailundo, o Bidulas, o Pinto da Cruz, etc, etc. Uma juventude feliz! Felicidades e um abraço