terça-feira, 29 de outubro de 2013

Tina Turner...simply the best !


Há mais de 50 anos no negócio da música, Tina Turner é umas das mais bem sucedidas mulheres do showbizz. Seu furor sensual, voz poderosa, suas incríveis pernas, sua vitalidade à-prova-de-tempo, sua história inesquecível... Tudo contribui para que ela seja hoje uma lenda.

A trajetória de vida da mulher confunde-se de modo fascinante com grande parte dos acontecimentos do século XX, seja na música ou nas mudanças culturais de um período tão furioso quanto ela própria. 

Tina nasceu Anna Mae Bullock no Tenessee ao final dos anos 30 em plena segregação racial, filha de operários. Pais ausentes, a jornada de trabalho não era das mais permissivas o que fez com que Anna, junto com a irmã, passasse temporadas em casa de tios noutra cidade. St. Loius era uma cidade tranqüila, o que a perturbava eram os gritos histéricos das freqüentadoras de night clubs que se digladiavam por algum olhar de Ike Turner. Anna tinha apenas 16 anos quando os olhos dele a descobriram e nada seria o mesmo dali em diante, nem em sua vida, ou em seu nome, na música nem em St. Louis. Um prodígio muito específico que capturava platéias que ela jamais esperou existir.
 
Ike Turner era uma espécie de deus no Mississipi, um herói do blues e fora obrigado a agregar a mocinha em sua banda porque havia dado fósforos demais a ela e Anna Bullock era boa incendiária. Casaram-se 7 anos depois em Tijuana, México, quando o grupo Ike&Tina Turner Revue já era o maior fenômeno musical da época cujo estilo influenciaria, no mínimo, Janis Joplin e Mick Jagger. Juntos, fizeram de sua versão para “Proud Mary” um grande clássico, apreenderam o rock, o soul, o funk, criaram danças de puro transe religioso... E o marido era o empresário mãos de ferro, tão disciplinador que os músicos pediam demissão semanalmente. Ike cheirava o dinheiro das turnês, mas se o vício voraz em cocaína não era segredo, os abusos contra Tina permaneceram privados pelos anos que se seguiram.

O rompimento no final dos anos 70 foi escandaloso e sua fuga durante uma viagem para Dallas tornou-se uma espécie de épico pessoal. Tina Turner havia tentado o suicídio em algum momento de seu casamento, tomando calmantes para não acordar durante as torturas e agora saía pela porta dos fundos do hotel levando consigo os, hoje famosos, 36 cents e um cartão de crédito da Mobil. Rompera com Ike Turner e com o Revue, mas as multas contratuais por cancelamento dos shows seriam astronômicas se rompesse com eles também e foi por isso que carregou sozinha a turnê e o nome de casada. Mas a vida depois do Ike&Tina Turner Revue não se sustentou. Álbuns naufragaram e embora tivessem uma receptividade morna na Europa, o nome caiu no ostracismo. Foi por cima disso que a expressão comeback Queen se ergueu. 

Como explicar os contextos certos ou os esforços pessoais que levaram Tina novamente ao topo? Devem ser combinações complexas que aqui realmente não importam, não mais que o ressurgimento da Rainha do Rock em 1984 em pleno Grammy Awards. É certo que a Capitol Records estava por detrás daquilo porque nos meses antecedentes fizera o diabo para promover o single “What’s Love Got do Do With It” e Tina Turner passara o resto do ano, e do subseqüente, varrendo charts na Billboard e prêmios na MTV, no American Music Awards e no próprio Grammy. 

Viera o título do apocalíptico MadMax e ela estava lá com aquela peruca branca, aqueles chifres nas têmporas, como atriz e cantora. Fez duetos, campanhas, outros filmes, um livro e sagrou-se como o artista que mais vendeu ingressos para shows em toda história.

Smply the best !

Texto de Priscilla Santos
Texto e desenho publicados no Obvious.

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