quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Edith Piaf morreu há 50 anos

A França prepara-se para relembrar o 50º aniversário da morte de Edith Piaf, em Outubro de 1963, com uma avalanche de filmes, shows e livros, incluindo uma biografia que se propõe clarificar alguns dos mitos que rodeiam a vida deste "mito francês".
Sempre se disse que Edith Piaf terá nascido junto a uma candeeiro de iluminação pública, numa rua do bairro de Belleville, em Paris. Mas segundo o livro "Piaf, um mito francês", publicado pela editora Fayard, parece que não terá sido realmente assim.

A mulher de voz fenomenal, que veio a ser conhecida como Edith Piaf, terá nascido a 19 de Dezembro de 1915, no hospital Tenon,no 20ºdistrito de Paris,segundo a biografia de Robert Belleret, jornalista do Le Monde, elaborada após investigação minuciosa. Belleret baseou-se sobretudo numa centena de cartas enviadas por Piaf ao seu confidente, Jacques Bourgeat, e que até agora não haviam sido publicadas. O autor descobriu ainda centenas de arquivos, que lhe permitiram esclarecer muitas das inverdades e outras meias-verdades que têm rodeado de mistério a vida de Piaf, filha de um acrobata e de uma cantora de rua.

"Por que se terá mascarado, exagerado e inventado tanto sobre Piaf?", pergunta-se Belleret no prefácio de seu livro, de 700 páginas, que investiga o nascimento, a infância e a vida amorosa da cantora, além de alguns episódios obscuros da trajectória de Piaf, no que se refere ao seu comportamento durante a ocupação nazi em Paris.
"Tratam-se de verdades e meias-verdades que foram transmitidas por seus parentes, mas que Piaf também ajudava a circular para autoalimentar o mito", destacou Belleret.
"Piaf mentia muito sobre sua vida, a começar pelo seu próprio nascimento", escreveu Belleret, que também é o autor de uma excelente biografia do cantor Léo Ferré.

O livro rejeita as alegações de Piaf de que terá dado documentos de identificação falsos a prisioneiros franceses, durante duas apresentações que ela dizia ter sido obrigada a fazer na Alemanha nazi.
"Piaf levou uma vida de extravagância durante a guerra", assinala o escritor, que também fez um relato detalhado dos amores desta `Don Juan feminina´. A cantora de voz marcante foi uma "sedutora insaciável, uma destruídora de lares que multiplicava as suas conquistas", como Marcel Cerdan, Yves Montand, Georges Moustaki e Eddie Constantine, disse.

Apesar de não esconder os seus lados obscuros, como caprichos, vícios, mesquinhez, a biografia não compromete em nada o mito, destacando o talento imenso da artista, vontade de trabalhar, energia, magnetismo em palco, carisma e tenacidade.
Belleret lembrou também o extraordinário dom de Piaf para a escrita, o que a levou a compor cerca de 90 músicas, que correram o mundo, como "La Vie en Rose" e "Hymne à l´Amour".

A artista e compositora lendária - cuja dimensão internacional foi consolidada pelo filme "Piaf" (2007), que garantiu um Oscar à sua intérprete, Marion Cotillard - será relembrada neste mês de Outubro em França e em Nova York, cidade-fetiche da artista, que lhe oferecerá um tributo.
Piaf, que morreu em 1963, aos 47 anos, depois de uma vida atormentada mas cheia de amor, paixão e reconhecimento do seu valor, continua a ser a cantora mais amada em França.

Por António Manuel Teixeira, no HardMusic

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