quinta-feira, 21 de março de 2019

Curiosidades sobre 'Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band'


O melhor disco de todos os tempos. 
Para muitos, essa é a melhor - e mais exacta - descrição para Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band, clássico dos Beatles - e, a bem da verdade, da música popular moderna - lançado em 1º de Junho de 1967.

A melhor maneira de relembrar o álbum do quarteto de Liverpool é, claro, ouvindo novamente - e faça-o na íntegra, sem saltar as faixas - os quase 40 minutos de música do trabalho. 

Não é apenas a qualidade de Sgt Peppers que faz do álbum um dos mais conceituados (talvez o mais?) álbuns de todos os tempos. 
Há certas doses de pioneirismo extra-musical no trabalho também.

O disco foi o primeiro de rock a apresentar na sua capa as letras completas de todas as faixas.

Além do mais, foi o primeiro LP a contar com uma capa dupla – o que se justifica dado o imenso trabalho na elaboração de sua arte grandiosa. 

Personalidades de capa A banda do Sargento Pimenta a qual o título do álbum faz referência está em evidência na capa, mas está longe de ser o único elemento de destaque da arte. 

Além dos quatro Beatles, uma série de personalidades de diferentes áreas faz companhia ao grupo na imagem. 

De Bob Dylan a Fred Astaire, passando pelo ocultista Aleister Crowley e o psiquiatra Carl Gustav Jung, são 70 nomes inclusos no trabalho de Peter Blake e Jan Haworth. Outros, como Jesus e Adolf Hitler, chegaram a ser modelados para aparecerem, mas acabaram excluídos da versão final. 

Identidade oculta 
Cansado da vida intensa e eufórica de um Beatle – e, portanto, o cotidiano de uma das maiores estrelas do planeta - Paul McCartney concluiu, enquanto voava da Quênia rumo à Inglaterra após dias de férias no país africano: “vamos deixar de sermos nós mesmos”. 

Assim nasceram os alter egos integrantes da Banda do Clube dos Corações Solitários – uma decisão que permitiria mais liberdade na criação e execução das músicas. 



A ascensão de McCartney 
A parceria Lennon-McCartney é, talvez, a mais conhecida e bem sucedida da história da música moderna. Mas, apesar de todas as músicas de Sgt Peppers serem assinadas pela dupla (com excepção de Within You Without you, de George Harrison), a grande força motriz do álbum – e, de certa forma, da banda naquele momento em diante – era McCartney, que foi quem tomou a maior parte das grandes decisões relativas ao disco, como quais takes de gravações seriam usados na versão final das músicas. 

Além disso, a ideia de ‘ocultar’ a identidade dos Beatles por trás da tal banda do Sargento Pimenta veio de sua cabeça. 

Conceptual ou não? 
Apesar de induzir, da arte da capa à banda fictícia que dá nome ao álbum, Sgt. Peppers não é um disco conceptual. 
Na verdade, com excepção da faixa-título e With a Little Help from My Friends, todas as outras canções não mantém relação alguma com os personagens idealizados por McCartney. 
“Elas poderiam estar em qualquer outro disco”, disse John Lennon. 


A arte de capa de Sgt Peppers é um ícone artístico, e o reconhecimento de sua relevância vem também pela indústria, que deu a Peter Blake e Haworth um Grammy na categoria. 
Mas uma de suas versões é a queridinha do mercado de colecionadores. 

Lançada nos Estados Unidos no natal de 1967, a arte alternativa substitui os Beatles e as outras personalidades por executivos da Capital Records, gravadora do grupo na América do Norte. 
Cada uma das 100 cópias foi avaliada em 2011 em cerca de 70 mil libras, o que faz da capa a mais valiosa do mundo. 

Início de uma nova era 
O disco marca o início de uma fase do grupo, que decidiu retirarem-se dos palcos após uma tournê derradeira em 1966. 

Uma das justificativas apresentadas pelos Beatles para não realizarem mais shows foi que, tecnicamente, as apresentações eram lamentáveis – com o sistema de som da época, eles nem sequer conseguiam ouvir aquilo que tocavam, especialmente com a gritaria  do público. 

A complexidade intricada de Sgt. Peppers, de certa forma, pode ser vista como o reflexo da ausência de responsabilidade em reproduzir as músicas ao vivo. 


A necessidade era a mãe da invenção
As limitações técnicas em termos de equipamento para reproduzir músicas ao vivo não ficavam restritas apenas aos palcos. 
Em Inglaterra, os estúdios contavam apenas com mesas de 4 canais para gravações. Se hoje, com a tecnologia digital, é possível gravar uma infinidade de faixas/ camadas/ instrumentos e retocá-las separadamente, em 1967 a limitação era a regra. 

“A necessidade era a mãe da invenção”, escreveu em suas memórias George Emerick, engenheiro de som que acompanhou as gravações de Sgt. Peppers. 

Ouvir todos os arranjos no álbum é um mérito que vai além da qualidade musical do trabalho – o que fez do produtor George Martin, conhecido como ‘O quinto Beatle’ uma peça fundamental na confecção do disco. 

Em meados de Maio, o público britânico pôde ouvir, pela primeira vez, uma pequena ante estreia de Sgt Peppers num programa de rádio da BBC. Trechos de todas as músicas foram executados, com excepção de A Day In the Life, que, no dia anterior, fora banida pela emissora, alegando referências à indução ao uso de drogas em trechos da canção. 

A alegação, porém, não era de toda infundada: o polémico verso ‘I’d love to turn you on’ (‘adoraria te deixar ligado’, em tradução livre), estava, como admitiu Paul McCartney, estava dentro do contexto do Verão do Amor e principalmente, da filosofia lisérgica impulsionada a LSD de Timothy Leary, ícone da expansão da mente através do uso de agentes psicotróficos. 

Três dias após o lançamento de Sgt Peppers, Paul McCartney e George Harrison, acompanhados das suas respectivas namoradas, foram assistir a um show em Londres de um guitarrista americano que voltava à cidade com muita moral: Jimi Hendrix. 
Para a surpresa dos membros dos Beatles – e de todos na plateia –, Hendrix abriu a apresentação com uma versão da música-título do álbum. 
“Foi uma das maiores honras da minha carreira”, escreveu Paul.

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