sábado, 17 de agosto de 2024

16 de Agosto de 1962. O dia em que os Beatles despediram o seu baterista original, Pete Best:


O manager dos Beatles, Brian Epstein, teve de informar o baterista Pete Best que tinha sido despedido daquela que viria a ser a maior, mais icónica e mais influente banda de sempre.

John, Paul e George poderiam definitivamente ter lidado melhor com a situação. Como diria John antes de morrer: “Éramos cobardes”.
Eram ainda jovens e ingénuos. O que muitas pessoas não sabem é que na altura da sua demissão Pete era o membro mais popular da banda. Tinha mais fãs e uma mãe mandona e intimidante para o resto da banda. Dito isto, Mona Best merece elogios pelo trabalho árduo que fez nos primeiros dias ajudando a banda a conseguir concertos e a ensaiar em sua casa.
Ao contrário da mãe, Pete tinha um comportamento calado e não tinha muito em comum com os outros três. Em Agosto de 1962, os restantes elementos da banda, não estavam contentes com a sua forma de tocar, tinham inveja da sua popularidade ou apenas do facto de não ter nada em comum com os outros três (dependendo de a quem se pergunta) Pete, nunca descobriu o verdadeiro motivo da sua demissão. Seja qual for o motivo da sua decisão, os Beatles encontraram agora um novo aliado no produtor George Martin, que disse a Brian que seria utilizado outro baterista nas gravações de estúdio. A juntar ao facto de todos se terem tornado amigos do baterista da banda rival "Rory Storm and the Hurricanes", Ringo Starr, que queriam no cargo.
Os fãs não ficariam contentes quando souberam que Pete tinha sido despedido, aparecendo no primeiro concerto oficial da banda com Ringo a gritar “Ringo Never, Pete Forever”.
George Harrison até ficaria com um olho negro, consequência de um protesto mais violento de uma fã (as primeiras fotos mostram evidências disso), mas com o tempo Ringo seria aceite e amado.
Outro exemplo do estoicismo, da classe de Pete tornou-se evidente nessa altura, quando o seu roadie, Neil Aspinall, descobriu que os Beatles tinham deixado Pete sair, sem o defender .
Tendo ficado furioso com a notícia, confessou a Best que também abandonaria os Beatles. Best aconselhou-o vivamente a permanecer no grupo porque sabia que isso seria benéfico para a carreira de Neil. Isso iria definitivamente causar alguma tensão por causa da relação romântica de Aspinall com a mãe de Pete, Mona Best, que era 17 anos mais velha do que ele.
No concerto seguinte, Aspinall perguntou a Lennon e McCartney porque tinham despedido Best, ao que estes responderam:
"Não tem nada a ver contigo, és apenas o motorista." Como a história prova, Neil obviamente deixaria os seus sentimentos de lado, continuaria a trabalhar para os Beatles durante muitos anos, primeiro como roadie, depois como assistente, acabando por dirigir a Apple. Tornar-se-ia uma das pessoas mais amadas e confiáveis ​​do círculo íntimo do grupo.

    PETE BEST E SUA MÃE, MONA BEST
George Martin também ficou chocado com a demissão de Pete pelos Beatles. Chegou mesmo a ser confrontado pela mãe de Pete. Como afirmou muitas vezes, mesmo que não o fossem utilizar nas gravações em estúdio, Martin sentiu que o iriam manter para tocar ao vivo, especialmente porque era o membro mais popular da banda.
Seria Brian Epstein quem se sentiria sempre mais culpado pela demissão de Pete - chegando mesmo a organizar secretamente uma banda á qual Pete se juntaria, chamada "Lee Curtis & The All Stars", que acabaria por se tornar "Pete Best & The All Stars". Ironicamente, assinaram um contrato com a editora que recusou os Beatles, a infame Decca Records, e lançaram uma música chamada "I'm Gonna Knock On Your Door", mas sem sucesso.
No final da década de 1960, após algumas outras tentativas no mundo da música, Pete acabaria por abandonar a musica e tornar-se-ia um cidadão comum. Não voltaria a dar entrevistas ou a falar publicamente sobre os Beatles durante muitos anos. Teve de abrir um processo por difamação contra os Beatles no final dos anos 60, quando estes fizeram citações de que Ringo substituiu Pete porque se tornou pouco fiável por se dopar. Pete venceria o processo, mas recebeu uma compensação monetária, minima.
Acabaria por conseguir empregos regulares, como distribuir pão, e mais tarde um emprego de longa duração como funcionário público.
Quando o projecto "Anthology dos Beatles" foi lançados em 1995, Pete Best conseguiu finalmente ganhar algum dinheiro. Foi pago por tocar, no Volume 1, que incluía "The Decca Audition" e uma versão inicial de "Love Me Do".


A maioria dos fãs dos Beatles (como eu) adoram e respeitam Pete Best. É um homem que define, classe. Nunca criticou os seus ex-companheiros de banda, mas na verdade é um dos melhores e mais precisos contadores de histórias desses primeiros tempos. É casado com a sua esposa Kathy, que o apoiou logo após a demissão, há mais de 60 anos.
Hoje, é mais respeitado do que nunca, especialmente na sua cidade natal, Liverpool. Em Julho de 2011, chegou a ter uma rua com o seu nome, na sua cidade natal. Ainda bem que as coisas mudaram para uma pessoa tão educada.
*Como consta num artigo publicado, uma das coisas mais agravantes para Pete Best é que, até hoje, ainda não sabe qual o motivo legítimo, pelo qual foi despedido.

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