quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Boas Festas...Feliz Natal !


Ravi Shankar (7 Abril 1920 - 11 Dezembro 2012)


Ravi Shankar faleceu, esta terça-feira, em San Diego, no sul da Califórnia, nos Estados Unidos, aos 92 anos, indicou a família num comunicado. 

O músico e compositor de cítara, pai da cantora Norah Jones, sofria desde o ano passado de problemas de foro respiratório e cardíaco, o que o levou a submeter-se, na quinta-feira, a uma intervenção cirúrgica para substituir uma válvula cardíaca. 

Ravi Shankar nasceu em Varanasi, no estado indiano de Utar Pradesh, em 7 de Abril de 1920.O seu pai, V. Lakshinarayana, era professor de violino, o que contribuiu para que Shankar começasse a tocar esse instrumento aos 5 anos. 

Uma década depois, deixou a Índia para viajar para Paris integrado na companhia de dança do seu irmão Uday. Em 1936, começou a estudar sitar, instrumento tradicional indiano, sob a direção de Ustad Allauddin Khan, e pouco depois começou a actuar na Europa e EUA. 

Alcançou a fama no Ocidente graças á sua amizade com o beatle George Harrison, de quem foi professor em 1966. 

No ano seguinte, realizou o seu primeiro dueto com o violinista Yehudi Menuhin, com o qual posteriormente colaborou em várias ocasiões. Em 1969, viajou para os EUA com a intenção de estudar a música do Ocidente e, ao mesmo tempo, popularizar a música hindu. Dois anos mais tarde, a pedido da London Symphony, compôs um concerto que estreou no Royal Festival Hall, na capital inglesa. 

Em 1976, começou a colaborar com o guitarrista John McLaughlin, com quem fundou o grupo Shakti, trabalhou na One Truth Band e gravou o álbum "Touch me there", sob a direção de Frank Zappa. A atividade musical de Ravi Shankar foi intensa, tendo destaque também como compositor. É autor de dois concertos para sitar e orquestra, além de músicas para balés e bandas sonoras para filmes. 

O músico indiano protagonizou o filme "Raga", centrado na sua vida, e em 1978 publicou o livro autobiográfico "My life, my music". 

O seu primeiro casamento, com a filha do músico Ustad Allauddin Khan, Annapurna, terminou em divórcio em 1982, após anos de separação nos quais manteve relações sentimentais com Kamala Chakravarty e Sue Jones, mãe de Norah Jones. 

Por fim, casou-se em 1989 com Sukanya Rajan, com quem viveu desde então entre San Diego e Nova Délhi.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Dave Brubeck 1920-2012


Amado por muitos e considerado sobreavaliado por outros, Dave Brubeck foi sem dúvida um dos mais famosos músicos de jazz de sempre.

Inserido no seu álbum Time Out, de 1951, o tema Take five atravessou gerações de ouvintes, tornando-se um dos grandes clássicos do género e o single de jazz mais vendido de todos os tempos. A melodia simples e saltitante do tema, composta e tocada pelo tom de veludo do saxofone de Paul Desmond, veio trazer uma nova alegria ao jazz de então, projectando Dave Brubeck e o seu grupo para o estrelato mundial. Ainda hoje o tema é facilmente reconhecido pelas mais diversas pessoas nos quatro cantos do mundo, tendo-se tornado um símbolo de um jazz alegre e descomplexado, profundamente "swingante".

Nascido em 1920, na Califórnia, Brubeck começou a aprender piano aos quatro anos. Alegando dificuldades de visão, evitava aprender a ler partituras, tendo desenvolvido a sua música de forma algo autodidacta. Ainda jovem, tocava nos bailes com uma banda local e planeava ser veterinário. No entanto, ao entrar na universidade, passou a tocar em clubes nocturnos para pagar os estudos e depressa percebeu que era isso que queria seguir como carreira.

Recrutado para a Segunda Guerra Mundial, Brubeck serviu sob o comando do célebre general Patton e tocou frequentemente para as tropas em eventos da Cruz Vermelha. Quando solicitado a formar uma banda entre os seus colegas militares, criou um grupo a que deu o nome The Wolfpack, um ensemble multi-racial, numa altura em que o Exército norte-americano era ainda fortemente marcado pela segregação. Forte opositor à discriminação, o músico viria mais tarde a actuar regularmente no Sul dos Estados Unidos,muitas vezes em clubes exclusivamente para negros.




Ao sair da tropa, já na faculdade, Brubeck quase foi expulso ao descobrirem que não sabia ler partituras, sendo, no entanto, defendido pelo seu enorme talento em contraponto e harmonia. Um talento realmente invulgar que fez das gravações de Take five, Blue rondo à la turk e muitos outros temas do seu repertório canções facilmente memorizáveis e de grande impacto melódico. 


Como pianista, aplicou ao jazz os ensinamentos clássicos do seu mais influente professor, o mestre francês Darius Milhaud, criando a variação mais notável do que se viria a chamar west coast jazz. Ao longo da sua carreira tocou com muitos dos grandes, como Duke Ellington,Ella Fitzgerald, Carmen McRae ou Gerry Mulligan, e o fenomenal sucesso do Dave Brubeck Quartet, o grupo que formou com Paul Desmond, Eugene Wright e Joe Morello, permitiu-lhe vender milhões de álbuns e tocar a sua música nos mais prestigiados palcos de todo o mundo.
Brubeck compôs mais de 250 temas e escreveu música para ballet, orquestras ou cerimónias religiosas. Da sua longa discografia, destacam-se Time Out, mas também Brubeck Time, Time Further Out, Jazz at Storyville e The Dave Brubeck Quartet at Carnegie Hall.
Considerado uma lenda viva pela Biblioteca do Congresso americano, Dave Brubeck foi o primeiro músico de jazz branco a aparecer na capa da revista Time, em 1954 (Louis Armstrong já o havia feito em 49) e um dos poucos a actuar para quatro Presidentes americanos.


Por: Rodrigo Amado, in Publico

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Play it again, Sam...foi há 70 anos...As time goes by.


"Play it again, Sam",  - não é preciso dizer mais nada...

Há 70 anos era iniciada "uma grande amizade" entre o público de qualquer geração e a história de amor mais famosa do cinema.

O roteiro de "Casablanca" foi escrito durante uma manifestação, a Segunda Guerra Mundial tinha deixado Hollywood sem galãs e Humphrey Bogart tinha entrado no elenco do filme á última hora, substituindo ninguém menos do que Ronald Reagan. 

Ao invés de Ingrid Bergman, os produtores tinham pensando em Hedy Lamarr, enquanto o filme nem sequer seria filmado em Marrocos, mas sim em Lisboa.

"Casablanca" nasceu mais como um filme de propaganda política do que como uma história de amor imortal, cujo exotismo seria reconstruído inteiramente nos estúdios. A estação ferroviária de Paris, por exemplo, foi "reciclada" de outro filme da Warner, "Now Voyager".

No princípio, o filme teria o mesmo título da obra de teatro na qual se baseava, "Everybody comes to Rick's", mas essa ideia acabou por ser descartada, na tentativa de repetir o mesmo sucesso de "Argélia", rodado três anos antes.

Assim, aos tropeções, um dos filmes com mais momentos inesquecíveis e rememorados do cinema era desenvolvido. O facto é que, com três Oscares conquistados, uma trama cheia de diálogos inesquecíveis, interpretações antológicas de Bogart e Ingrid Bergman (assim como Claude Rains e Peter Lorre em papéis secundários) e uma música de Max Steiner, "Casablanca" entraria para sempre para a eternidade. 

Michael Curtiz, diretor de "As aventuras de Robin Hood" e "A carga da brigada ligeira", foi o inesperado artífice desse milagre, já que o mesmo também não foi primeira opção, mas sim o mestre do melodrama William Wyler. No entanto, essa equipe de "suplentes" gerou tal sinergia, que impôs o seu "amor" até ofuscar a Marselhesa, que soava já nos créditos iniciais, e a mensagem de oposição aos nazis num projecto que começou a ser idealizado apenas um dia depois do ataque japonês a Pearl Harbor.

 Rick e Ilsa, os amantes que o tempo e a História desejarão separar continuamente, davam ao melodrama clássico de Hollywood um toque adicional de amargura, arrematado com esse final realista tão pouco visto na época. Um amor inoportuno, cuja potência já não poderá vencer as adversidades, mas a mera conveniência. Esse foi um duro golpe para a segunda chance e uma victória para a derrota.

Dado que Paul Henreid e Claude Rains só chegaram mais tarde aos sets de filmagem devido ao excesso de trabalho no filme anterior, a primeira cena filmada por Bogart e Ingrid foi o encontro no piano, mas, desde então, a química foi evidente.

Era um casal perfeito dentro da magia do cinema, mesmo tendo Bogart que se empoleirar em caixotes, para alcançar os cinco centímetros que a actriz sueca tinha . A canção que os remetia ao passado, "As time goes by", perpetuou-se nos ouvidos e nos corações, não só dos cinéfilos mais empedernidos, mas de uma forma geral, na memória colectiva da humanidade.

Casablanca, tornou-se num filme tão icónico, que tentaram copiá-la em várias ocasiões. 

Nos anos 40, por exemplo, o filme deveria ganhar uma sequência com Geraldine Fitzgerald no lugar de Ingrid, mas o projecto, então intitulado "Brazzaville", mas acabou por não ir avante. Woody Allen a homenageou em grande estilo em "Play it again, Sam". Steven Soderbergh quase a plagiou em "The Good German" e Fernando Trueba fez uma singela referência em "La Niña de Tus Ojos".

No entanto, nenhuma dessas versões foi capaz de repetir a magia do original, que chegou aos cinemas no dia 26 de Novembro de 1942 sem grandes expectativas, mas que se transformou num grande clássico mesmo não querendo ser uma grande história de amor. 

Neste caso, assim como na vida, o amor chega quando menos se espera.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

GRRR... 50 Anos de Rolling Stones

Os Rolling Stones anunciaram hoje que será editada em Novembro uma coletânea com 50 êxitos, intitulada "GRRR!", para assinalar as bodas de ouro, 50 anos de carreira.

No site oficial na Internet, a banda explica que "GRRR!" estará disponível a partir do dia 12 de Novembro, em vários formatos, que vai do triplo CD com 50 canções, até uma edição de luxo com 80 temas, que contam a história da mais antiga e famosa banda rock n'roll em actividade.

O alinhamento inclui gravações feitas desde julho de 1962, quando surgiram oficialmente, até à actualidade, quando estiveram em estúdio em Paris, em Agosto passado.

m "GRRR!" estarão, por exemplo, "The last time", o primeiro single editado pela banda, composto por Mick Jagger e por Keith Richards, "(I can’t get no) satisfaction", "Jumping Jack Flash", "Honky Tonk Women", "Brown Sugar", "Start Me Up".

A eles juntam-se ainda "Gloom and Doom" e "One last shot", as gravações que fizeram no mês passado, as primeiras em que os quatro músicos se juntaram em estúdio desde a digressão do álbum "A Bigger Bang", de 2005.

A edição contará com trabalho visual do artista norte-americano Walton Ford, que colocou na capa da coletânea um gorila com a icónica língua de fora, imagem de marca dos Rolling Stones, e contará com tecnologia 3D de realidade aumentada.

A 12 de julho de 1962, num clube em Londres, Mick Jagger (voz), Keith Richards (guitarra), Brian Jones (guitarra), Mick Avory (bateria) e Dick Taylor (baixo) - a primeira formação dos Rolling Stones - tocaram cinco músicas, dando início a uma das mais duradouras bandas rock.


O grupo baptizou-se com o nome de uma música de Muddy Waters ("Rollin'Stone"), queriam ser o oposto dos Beatles, e desejavam ser "a melhor banda de rythm & blues de Londres, e conseguir concertos regulares", como explicou o guitarrista Keith Richards na biografia oficial.

À revista Rolling Stone, Mick Jagger admitiu o espanto pela longevidade dos Rolling Stones.

"É um grupo muito diferente daquele que tocou há 50 anos. Quando penso sobre isso, uma parte de mim diz,  'Estamos a fazer batota', porque não é a mesma banda; tem o mesmo nome, mas só o Keith e eu é que somos os mesmos. (...) É um feito espectacular. É fantástico e estou muito orgulhoso disso", disse Mick, hoje com 68 anos.

A última digressão do grupo, "A bigger band", que passou por Portugal, incluiu 147 concertos em 118 cidades.

Não foi ainda adiantada qualquer informação sobre uma nova digressão da banda.

Em Julho passado editaram a autobiografia em imagens "The Rolling Stones: 50", com comentários dos músicos.

Fonte: Agência Lusa

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Morreu Scott McKenzie - Be Sure to Wear Flowers in Your Hair

 Scott McKenzie, o cantor de San Francisco (Be Sure to Wear Flowers in Your Hair), que se tornou um sucesso em 1967 durante o «verão do amor» na cidade, morreu aos 73 anos, foi hoje divulgado.

Uma nota no ‘site’ de McKenzie indica que o cantor morreu no sábado em Los Angeles. O cantor sofria do síndroma de Guillain-Barre, uma doença que afecta o sistema nervoso, e tinha tido vários internamentos hospitalares desde 2010.

San Francisco foi escrito por John Phillips, o líder do grupo dos anos 1960 The Mamas and the Papas, mas foi McKenzie que a cantou e a música tornou-se um hino do movimento de contracultura desta década.

Fonte: Lusa/Sol

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Caetano Veloso, na flôr da idade, aos 70.


A plateia parece estar com o cio. Lotação esgotada. São três mil pessoas em pé, mais ou menos uniformemente divididas entre homens e mulheres. A maior parte parece ainda não ter chegado aos 25 anos, mas há também senhores com mais de 60. E adolescentes de 15, 16. É quinta-feira, 5 de Julho, estou no Ginásio do Sesc de Santos (SP). Cada vez que o artista lá no palco, passeando pelos versos de suas novas e antigas canções, atravessa uma palavra carregada de alguma carga sexual, o público reage com gritinhos lascivos. Todos ao mesmo tempo, em uníssono, como se também tivessem ensaiado.

Estamos em plena turnê de Cê, o álbum “roqueiro” de Caetano Veloso. Álbum “roqueiro”? Se esse rótulo não é abrangente em medida suficiente para definir a sonoridade de Cê, muito ele pode dizer a respeito do conteúdo poético do disco (e desse show que dele se originou), tomado principalmente por sexo e ódio (ou seu par perfeito, o amor). Pode também explicar muito sobre esse reflorescimento sexual à volta de Caetano – o artista, o homem – que, neste mês de agosto, completou 65 anos. 

“O Caetano está em uma fase meio Beatles. Tem rolado um assédio, uma loucurinha”, comenta o guitarrista Pedro Sá, o mais velho dos três jovens músicos que dividem o palco com o cantor. “Nas outras turnês que fiz com ele sempre teve fã, gente que assediava, que chegava, que queria falar. Mas agora, além disso, tem um frisson, um faniquitozinho. Mulher que agarra, que pega, que quer tirar a roupa, que quer comer. Que perde a linha mesmo”, conta.

Não é à toa. Cê é o trabalho no qual Caetano mais se expõe sexualmente em toda sua carreira. Se não isso, desde pelo menos o começo da década de 1980. “Desde o [disco] que tem ‘Vera Gata’, eu acho”, tenta pontuar o próprio artista. Composta para Vera Zimmerman, a canção a que ele se refere está no álbum Outras Palavras (1981) e descreve a história, imagina-se que real, de sua “rápida transação” (como o próprio diz na letra) com a atriz. Sim, estamos falando de sexo. Em Cê, com Caetano na casa dos 60, a transação não precisa ser tão rápida. Em alguns momentos chega a ser delicada, minuciosa, muito mais poética – mas nem por isso menos erótica. Irmã caçula de “Vera Gata”, “Um Sonho” foi composta para Luana Piovani e descreve a história, não necessariamente real (principalmente se levarmos em conta o significado onírico de seu título), de seu “malho” (como o próprio diz na letra) com a atriz. 

Enquanto mostra a canção no palco, Caetano desenha com o gestual do corpo uma relação sexual inteira. “Sexo é um assunto central, um absoluto – não um tema entre outros. Para mim, para a minha vida, essa é a importância que o sexo sempre teve. Não tem nada a ver com ser atleta sexual, nem obcecado por sexo. Pelo contrário: reconhecendo que é um absoluto, o sexo basta que se dê. É muito simples. Porque é o que é. Não precisa muita coisa. Tendo aquele negócio, pronto. Rolando, chegando lá, já é importante”, avalia.

O artista diz não saber detectar diferenças entre o ato de criação de um disco “sexual” quando ainda se está na casa dos 30 anos e fazê-lo agora, aos mais de 60. E explica suas razões para recorrer ao tema com tanta sede neste momento.

“Queria criar uma banda de rock que tivesse um som próprio, que desse um toque relevante para o panorama de criação de rock no Brasil do ponto de vista sonoro e estilístico. Timbrístico, também. E isso se deu. Nesse ponto, acho que fomos 100% bem-sucedidos”, afirma. “E precisava fazer um repertório que se adequasse a isso. O rock tem, desde o princípio, esse componente sexual quase como tema central – mesmo quando não é explicitado. Então, tendi a explicitá-lo em algumas letras. Gostava de estar fazendo canções em que esse tema aparecesse de uma maneira direta e intensa, com poucas informações, poucas imagens, poucas palavras. Gostava de fazer assim para este disco. Acho que a razão é mais essa”, reconhece.

Uma peça importante do mosaico sexual de Cê acabou não entrando no repertório do disco porque não estava terminada na época das gravações, mas entrou no roteiro do show. “Amor Mais que Discreto” foi composta a partir de “Ilusão à Toa”, clássico de Johnny Alf (que Caetano, aliás, também canta no show como introdução à sua), e aprofunda o contexto homoerótico esboçado em “Odeio”. 

“É linda! Essa daí é mesmo gay. Porque ela fala de ‘o amante do amante’. Eu adorei chegar nessa expressão porque não fica duvidoso, está explícito: é um cara que é, ou pode ser, ou desejaria ser, amante de outro cara. Eu tinha falado com os meninos, até brincando, que o Cê tem muita mulher”, ri.

As duas faixas, “Odeio” e “Amor Mais que Discreto”, abordam o amor (ou o sexo, simplesmente – ou a iminência de uma dessas duas coisas, ou das duas) entre dois homens: um velho e um menino. 

“Sou velho, então já dá para pensar nessa perspectiva”, diz o compositor. “Aquele modelo grego do homem com o adolescente é um arquétipo na cabeça da gente. E eu, no texto, gosto muito desse momento que diz ‘eu sou um velho, mas somos dois meninos’, que é diferente da nossa moral convencional cristã burguesa. E é diferente também do modelo grego, em que [o sexo entre um homem adulto e um adolescente] era quase que um tipo especial de heterossexualidade. [Em ‘Amor Mais que Discreto’] são dois caras brincando, dois caras curtindo o sexo deles, um com o outro.” 

Caetano rejeita inteiramente a leitura comum de que a temática gay, uma constante em sua obra desde o início – seja na poética, no discurso ou no comportamento – tenha entrado em cena simplesmente para provocar. 

“É um tema meu. Não entro em ambiente nenhum sem meus temas principais. Não iria deixar isso de fora”, afirma. “Independentemente de ser ou não relevante para todas as pessoas, a mim esse tema sempre interessou.” 

Texto publicado originalmente na edição 11 da Rolling Stone Brasil, agosto/2007.
Por:  Marcus Preto

domingo, 29 de julho de 2012

Ray Ban 75 Anos. Never Hide




Marilyn Monroe, e James Dean usaram-nos. Audrey Hepburn fez sucesso com um par em Boneca de Luxo (1961). Robert De Niro não seria o mesmo Travis Bickle sem os seus Caravan, em Taxi Driver (1976). Já para não falar em Peter Fonda no filme Easy Rider (1969) ou Clint Eastwood em Dirty Harry (1971). Na música, Iggy Pop também aderiu à moda, tal como Johnny Marr, guitarrista da banda indie rock, The Smiths. Mas não foram os únicos.

Quando o general Douglas MacArthur desembarcou nas Filipinas na II Guerra Mundial, os seus olhos estavam igualmente protegidos por uns Aviator. Mais tarde. os Olympian I e II foram escolhidos por Peter Fonda para Easy Rider. Os Balorama tornaram-se famosos por Clint Eastwood em Dirty Harry. Enquanto isso, Bob Dylan raramente foi visto sem os seus Wayfarer, modelo que foi também protagonista nos filmes O Dueto da Corda (1980) e Negócio Arriscado (1983).

Mais tarde, Ases Indomáveis (1986) trouxe os Aviator de volta às origens, no rosto dos pilotos dos caças. É exactamente esse modelo que Michael Jackson usa para receber o Grammy em 1984, apesar de ter escolhido os Wayfarer para a digressão Bad, que se estendeu de 1987 a 1989. Nos anos 90, a marca continuou a fazer furor no cinema.

O modelo Clubmaster foi o companheiro de Denzel Washington em Malcolm X (1992) e de Tim Roth em Cães Danados (1992). Em 1997, Will Smith e Tommy Lee Jones envergaram o modelo Predator em Homens de Negro. E finalmente, em 1998, Johnny Depp surgiu acompanhado por um par de Shooter em Medo e Delírio em Las Vegas. Entretanto, passaram 75 anos e para assinalar a data, a Ray-Ban lançou uma campanha mundial que já lhe garantiu dois prémios internacionais.

 Segundo a lenda, a marca nasceu graças ao Tenente John MacCready. Em 1934 ele fez uma viagem de balão de ar quente pelos EUA. No regresso rumou a Nova Iorque e foi bater à porta da Bausch & Lomb queixando-se que durante o seu périplo aéreo tinha ficado com danos na retina devido aos fortes raios solares. Desafiava por isso o fabricante a criar uns óculos que protegessem os olhos das prepotências do sol. Aparentemente, é desse episódio que surge o nome da marca: ray de raio, ‘ban’ de bannish (eliminar). Ficção ou realidade, a verdade é que foram, de facto, os pilotos da Força Aérea Americana a estrearem os primeiros modelos.

A marca surge assim na senda da vanguarda tecnológica primeiro com as lentes amarelas e verdes Kalichrome que filtravam a luz azul (1938), mais tarde com as lentes espelhadas gradientes, e depois com as lentes cinza que garantiam uma visão mais realista das cores (1953), já para não falar dos modelos para crianças que começaram a ser desenvolvidos logo na década de 60. Em 1974, foram ainda lançadas as lentes fotocromáticas Ambermatic capazes de mudar de cor dependendo das condições de luz, o que as tornava particularmente indicadas para os desportos de Inverno.

A partir do ano 2000, a marca começa também a inovar em termos de comunicação, sendo a campanha Never Hide, que coloca os clientes no centro das atenções, a primeira aposta. Este ano foi a vez de Legends, uma iniciativa que escolheu uma personagem para representar cada década da marca: os pilotos dos Blue Devils (anos 30); um escritor americano (anos 40); um músico que trabalhou com Elvis Presley (anos 50); uma socialite inglesa (anos 60); dois jovens que se apaixonam enquanto assistem a uma manifestação (anos 70); três raparigas da noite (anos 80); e um rapper (anos 90).

A campanha foi de tal forma um sucesso que ganhou dois Leões de Ouro, no 59.º Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade 2012, na categoria Press Lions, na secção Clothing, Footwear and Accessories and Photography. Um presente para a marca que vai ainda assinalar os seus 75 anos com a publicação de um livro em edição limitada, que reunirá imagens de personalidades do mundo da música, do cinema, da moda e da cultura popular comentadas por gente bem conhecida do mundo das artes. Tudo para assinalar este aniversário em grande estilo. 

Por Patrícia Cintra, no Sol

quarta-feira, 25 de julho de 2012


Uma nova compilação dos Beatles intitulada "Tomorrow Never Knows" foi lançada exclusivamente no iTunes ontem, terça feira, 24 de Julho. 

A coleção tem 14 das “músicas de rock mais poderosas” dos Fab Four, desde “Paperback Writer" e "Back in the USSR" até "It's All Too Much" e "Savoy Truffl". Um filme promocional para a faixa "Hey Bulldog" também estará disponível para streaming e download gratuito. 

Para comemorar o lançamento, o frontman dos Foo Fighters,  Dave Grohl escreveu uma nota que será postada com a coletânea no iTunes. Nela, Dave fala sobre o impacto que os Beatles tiveram ao longo da sua vida, especialmente a faixa "Hey Bulldog". 

“Se não fossm os Beatles, eu não seria músico. Desde muito jovem, fiquei fascinado com as músicas deles e ao longo dos anos afoguei-me profundamente nos discos deles. No groove e noritmo  deles. Na graça e na beleza deles. Na escuridão e na luz. Os Beatles pareciam capazes de qualquer coisa. Não conheciam limites e nessa liberdade pareciam definir o que nós hoje conhecemos como ‘rock and roll’. 

Mostrei recentemente á minha filha de seis anos, Violet, o brilhante filme Yellow Submarine. Foi a introdução dela aos Beatles e instantaneamente, ela compartilhou a mesma fascinação que eu senti quando tinha a idade dela e descobri os Beatles pela primeira vez. Ela queria saber o nome deles, quais instrumentos que tocaram, quem cantou cada faixa etc etc etc... Deixou-me incrivelmente feliz (e orgulhoso!). Em poucos dias ela sabia os versos e refrões de todas as canções do álbum. Mas teve uma música que se destacou para ela… 

‘Hey Bulldog’ não é um dos maiores sucessos dos Beatles. É o que a maioria das pessoas chamaria de lado b. Mas é um rock tipicamente dos Beatles. A linha de baixo, a batida marca registada de Ringo, a guitarra áspera e distorcida e aquele som que somente o fundo da garganta de Lennon conseguia produzir. Violet, balança, abana a cabeça e os quadris. Quando Lennon canta 'If you're lonely you can talk to me!' isso acalma-nos o coração, como se  finalmente tivesse-mos achado algo em que acreditar. É tão cru e real. É rock 100% atemporal…

De uma geração para a outra, os Beatles manterão-se-ão como a banda de rock mais importante de todos os tempos. 

Fonte: RS Br.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Steven Van Zand - Litle Steven

“Quando pensei que estava fora, eles puxaram-me de volta". A frase dita por Michael Corleone em "O Padrinho III" e repetida à exaustão pelos personagens de "Família Soprano" aplica-se perfeitamente à história recente de Steven Van Zandt. 

O guitarrista de 61 anos, mais conhecido por acompanhar Bruce Springsteen na E Street Band há quase quatro décadas, ganhou fama como actor após interpretar Silvio Dante, um dos escudeiros mais fiéis de Tony Soprano na aclamada serie da HBO. Nestes cinco anos desde o fim da trama, o músico e actor "tardio"  dedicou-se a inúmeros projectos e, apesar de um retorno à TV não ter feito parte dos seus planos, ele acaba por "estrelar"  "Lilyhammer" e, novamente, na pele de um gângster.


Na série, primeira produção original da rede Netflix (e disponível apenas pela internet), Steven é alçado ao posto de protagonista ao dar vida a Frank Tagliano, um mafioso nova-iorquino que entra para o programa de proteção a testemunhas do FBI. Em vez de escolher um local ensolarado para recomeçar do zero, Frank muda de nome para Giovanni Henriksen e vai para Lillehammer, uma cidadezinha pacata na gélida Noruega. Apesar das comparações inevitáveis com o seriado que o consagrou - a voz dele continua a mesma; nos cabelos, uma leve diferença, -  Little Steven, como é chamado, transparece tranquilidade ao falar sobre sua nova empreitada.

"Já esperava essas comparações, é óbvio. Mas quando recebi o convite para estrelar a série, pensei na questão por um minuto e concluí: "Querem saber? Eu não me importo!". A história de "Lilyhammer" era boa demais para resistir . A missão de Silvio Dante era cuidar de Tony Soprano, e ele foi o único da gangue que nunca se quis tornar no chefão da máfia. Já Frank é o chefe, um personagem muito maior. Além disso, o facto de se passar na Noruega faz com que a série seja completamente diferente de "Família Soprano", por isso não me preocupei muito com as críticas.

Além de dar vida a Frank nos oito episódios da atração, Little Steven assumiu pela primeira vez as funções de produtor e roteirista de "Lilyhammer", vigiando de perto cada passo do novo papel, sua segunda incursão pela dramaturgia.


"Quando Anne Bjørnstad e Eilif Skodvin (criadores da série) me apresentaram o projecto, nós trabalhamos juntos por um ano para discutir a premissa, os personagens, para onde a história iria e o quanto de humor iria ter. A série é mais leve e tem mais humor que "Família Soprano". Mas não queria que fosse uma comédia, tinha em mente aquilo que chamamos de dramédia, com alguns momentos sérios".

O género do programa, porém, não foi o único obstáculo no caminho da equipe. Inicialmente criada para a TV norueguesa - onde a estreia conquistou a audiência de um em cada cinco habitantes do país, -  a atracção precisou ser "internacionalizada" para ser transmitida pela Netflix. Entre as adaptações necessárias, uma das maiores preocupações era não afastar o público americano.

"A nossa maior discussão foi sobre o quanto do idioma inglês ela deveria ter. Então, nós decidimos que o meu personagem entende norueguês, mas não fala. Frank só se comunica em inglês. Essa solução foi útil, já que os americanos não são loucos por legendas. Explica: "Tudo o que mostrarmos será novo, afinal, quase ninguém nos EUA sabe muito sobre a Noruega, e o país é um personagem importante do show.

Para se dedicar a uma iniciativa tão ousada, a série é a primeira tentativa da Netflix, canal via internet cuja programação é disponibilizada por streaming, de produzir conteúdo próprio e exclusivo, sem o suporte de uma rede de TV tradicional, Steven precisou encontrar uma brecha na sua agenda.

"É que tenho esse pequeno problema no momento, chamado turnê de rock'n'roll. Por isso, não sei quando sai a nova temporada. Se tivermos uma pausa no meio da turné, eu posso filmar, mas, se não der, vou ter que esperar até meados do ano que vem. Então, provavelmente, só em 2014.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

The Who anuncia tourné dedicada a Quadrophenia


Os remanescentes membros dos Who anunciaram que irão fazer uma tourné de 36 datas na América do Norte tocando na íntegra, o clássico, Quadrophenia, de 1973. A maratona começará em 1 de Novembro em Sunrise, na Flórida, e terminará em 26 de Fevereiro em Providence, Rhode Island

A última vez que a banda levou o álbum para a estrada foi em 1996 e 1997. “Estávamos ansiosos para trabalhar juntos antes de cairmos mortos”, afirmou Pete Townshend numa entrevista colectiva, á imprensa ao lado de Roger Daltrey, em Londres, na passada quarta feira, 18 de Julho. “Eu não sei por mais quantos anos serei capaz de cantar essas música”, acrescentou Daltrey.

Townshend também falou sobre o assunto num comunicado. “Eu realmente, ainda tenho prazer em tocar o disco todo. Algumas das músicas dos Who são um pesadelo para se tocar ao vivo. Roger tem umas músicas bem difíceis de cantar, e ele deve ter preferências. Mas para mim, na guitarra, tudo flui sob os dedos.”

Antes de sair em tourné, a banda vai tocar nas Olimpíadas de Londres. “Gravamos uma música que achamos que é fabulosa para o encerramento dos Jogos”, contou Daltrey. “Este país colocou músicas fabulosas no mundo. O negócio não é o Who em um programa de TV. É simplesmente fazer boa música que se aplique ao final desse evento, no qual vocês tem pessoas que deram os últimos oito anos da vida delas para estar lá, naquele campo.”

Além de Daltrey e Townshend a tourné contará com o filho de Ringo Starr, Zak Starkey (bateria), Pino Palladino (baixo), Simon Townshend (guitarra/backing vocals) e Chris Stainton, Loren Gold e Frank Simes (teclados).

Townshend falou ainda sobre sua autobiografia, que será lançada em breve, "provocando" Mick Jagger.

“O que eu me lembro, é do tamanho do pénis do Mick Jagger – lembro-me de ser enorme e extremamente saboroso”, afirmou, fazendo referência a outra autobiografia de um astro do rock, Vida, de Keith Richards (que no livro fez declarações sobre o tamanho do órgão de Jagger). Ao ver Daltrey rindo, ele continuou: “Eu não lembro nada sobre o do Roger... e não ousaria mencioná-lo. Vamos esperar que isso caia na internet”.

por Patrick Doyle

segunda-feira, 9 de julho de 2012

C.T.A. - Chicago Transit Authority


A banda foi formada em 1967 na cidade homónima, Chicago. A formação inicial, The Big Thing, incluía Walter Parazaider no saxofone, Lee Loughnane no trompete, Terry Kath na guitarra e voz, Danny Seraphine na bateria, James Pankow no trombone e Robert Lamm no órgão e voz. Não tinham baixista, mas, em Dezembro de 1967, Peter Cetera juntou-se a eles, vindo da banda rival The Exceptions, e assumiu os vocais, bem como o baixo.

Sob a orientação do empresário e produtor James William Guercio, que, inicialmente, tinha dado à banda o nome de Chicago Transit Authority (nome que teve depois de ser reduzido porque o Departamento de Trânsito de Chicago não autorizou o uso do nome), a banda mudou-se para Los Angeles e assinou com a gravadora Columbia Records. Em 1969, foi editado o seu álbum de estréia, "Chicago Transit Authority", que vendeu mais de 2 000 000 de cópias e colocou quatro singles nas listas de vendas, facto que se repetiria ao longo da sua carreira e nos álbuns seguintes, cada um deles com uma ligeira variação na capa, na qual, ao lado do logotipo da banda, era acrescentada a numeração do respectivo disco.

A música dos Chicago era uma mistura de estilos, desde o rock até a música pop, incorporando elementos do jazz e da música clássica. Mas, depois do tema de Peter Cetera "If You Leave Me Now" se tornar em disco de ouro e chegar ao primeiro lugar das listas de vendas em 1976, o grupo começou a compor mais baladas românticas.

Após a morte de Terry Kath em 23 de Janeiro de 1978, ocorrido num acidente com uma arma de fogo, a banda entrou em declínio, com o aumento do consumo de drogas entre seus integrantes e a crise gerada pela descoberta de graves informações sobre James William Guercio, o seu empresário - entre elas, a de que este os enganava nos mais variados aspectos, e sobretudo, descobriram que ele os "roubava", terminando com a sua demissão. 


A banda, então, decidiu acabar com os numerais romanos nos nomes dos álbuns, partindo para o diferente e ousado "Hot Streets", já com o substituto de Kath, o guitarrista e vocalista Donnie Dacus, que, anos antes, havia actuado no filme Hair (baseado no musical homónimo). Donnie manteve-se na banda, durante a gravação de dois álbuns: "Hot Streets" (1978) e "Chicago 13" (1979), mas não se adaptou ao ritmo da banda e foi despedido logo de seguida. 

Foi então o tempo da Disco Music, lançando o single "Street Player", composição de Danny Seraphine e David Hawk Wolinsky, produção de Phil Ramone e participação do trompetista canadiano Maynad Ferguson e do percussionista brasileiro, Ayrto Moreira. Mas o álbum não vendeu muito bem e em consequência receberam um ultimato da gravadora CBS: se não conseguissem atingir o número de vendas desejado no álbum seguinte, seriam despedidos. 

Face á ameaça, mudaram o seu estilo radicalmente para um rock mais pesado no álbum "Chicago 14" (1980), convidando o guitarrista Chris Pinnick - que soava assustadoramente como Terry Kath, segundo James Pankow - mas os esforços de nada serviram. O álbum foi um fracasso de vendas e os Chicago foram demitidos, assinando em seguida com a gravadora Warner Brothers.

Danny Seraphine, um dos únicos músicos sóbrios na banda, resolveu assumir a liderança e procurou por um novo substituto para Terry. Contactou Bill Champlin, cantor e multiinstrumentista, famoso pelo seu trabalho anterior com a banda californiana "The Sons Of Champlin". Este, por sua vez, chamou o seu amigo de longa data e ex-companheiro de banda (os dois trabalharam juntos nos Airplay), o produtor canadiano David Foster. David aceitou o desafio de produzir o álbum seguinte da banda, mas impondo que eles aceitassem as mudanças que propunha, e que se traduziam numa mudança radical de estilo. 


Nasce então a fase de baladas dos Chicago, com o álbum "Chicago 16", de 1982, e a sua faixa mais famosa, "Hard to Say I'm Sorry", composição da dupla Peter Cetera / David Foster, que renderia outras várias composições de sucesso tanto para os Chicago quanto para a carreira a solo de Peter Cetera, anos mais tarde. O álbum vendeu um milhão de cópias e colocou a banda de novo no topo das listas de vnedas.

Peter Cetera abandonou a banda em 1985, após um ultimato dado pelos colegas. Alguns afirmam que Cetera estava com excesso de vaidade, querendo que o seu nome aparecesse em destaque em todas as citações da banda, mas os outros não concordaram. Além disso Peter Cetera, não queria participar  mais em tournês pois, além de estar exausto, de passar meses na estrada fazendo espectáculos, tinha uma filha pequena e queria acompanhar o seu crescimento. A banda queria desesperadamente, fazer mais tournés, para aproveitar o seu ressurgimento no cenário musical e o grande sucesso dos álbuns "Chicago 16" e "Chicago 17". Peter, então, decidiu realizar o sonho que vinha acalentando há muitos anos: seguir uma carreira a solo. Já tinha lançado um álbum solo em 1980, já na nova gravadora, Warner, mas suspeitou sempreque a gravadora boicotou esse álbum, para não prejudicar e ofuscar os Chicago.

A banda continuou, e audicionou algums musicos para ocupar a vaga de Peter Cetera, alguém que preenchesse os requisitos básicos: ter voz aguda (tenor) e ser baixista. Encontraram o substituto perfeito, em Jason Scheff, filho do baixista da banda de Elvis Presley, Jerry Scheff. Ironicamente, ele foi descoberto quando mandou uma canção demo para o repertório do segundo álbum solo de Peter Cetera, Solitude/Solitaire (1986).



Em 1990, no meio de uma tournê, o baterista da formação original, Danny Seraphine, foi demitido, e a alegação seria de que ele não estava a tocar como antes, e não se dedicava mais, nem se aperfeiçoava. Até hoje paira no ar uma mágoa de Danny. Não toca muito no assunto mas já deixou claro que considera injusta a sua demissão, até porque o seu papel foi fundamental no ressurgimento da banda. Entra em seu lugar o baterista Tris Imboden, que também tocou com Chaka Khan, Earth, Wind and Fire, Doobie Brothers, Al Jarreau, Anita Baker, David Foster, entre outros, e gravou com Peter Cetera (no álbum "One More Story" - 1988), Bill Champlin (no álbum solo "Burn Down the Night" - 1994), David Foster, Kenny Loggins, o guitarrista brasileiro Ricardo Silveira, entre outros.

Em seguida, entrou para a formação o Guitarrista Dawayne Bailey, que durou pouco e foi substituído por Keith Howland, já para a tourné de 1999. Permanece na banda até aos dias de hoje, como guitarrista e vocalista, dividindo as vozes agudas com Jason Scheff.

Da formação original ficaram apenas Robert Lamm, teclista, e o naipe de metais, formado por Lee Loughnane, trumpetista, James Pankow, trombonista, e Walt Parazaider, saxofonista.

Em 1993 gravaram o álbum "Stone of Sisyphus", que a gravadora se recusou a lançar nos EUA, por não considerar o álbum um 'produto vendável'. O álbum chegou a ser lançado no Japão, mas não vingou. A banda então resolveu desligar-se da gravadora e lançar o seu selo independente, a Chi Records.

Em 1995, lançaram o álbum "Night and Day- Big Band", pela Giant Records, com vários standarts de Jazz com nova roupagem.

Lançaram em 2006 o álbum Chicago XXX, pela Rhino Records, uma subdivisão da Warner Bros. A Rhino também relançou versões remasterizadas da maioria de seus álbuns, com acréscimo de faixas inéditas, que foram gravadas na época dos ábuns mas não entraram na edição original.

 James Pankow; Lee Loughnane; Walt Parazaider; Robert Lamm; Terry Kath; Danny Seraphine

Formação original 
Terry Kath - Guitarra e vocais
Robert Lamm - Teclados e vocais
James Pankow - Trombone, vocais e arranjos de metais
Walt Parazaider - Saxofone e flauta Lee Loughnane- Trumpete e vocais
Danny Seraphine - Bateria
Peter Cetera - Contrabaixo e vocais

Outros integrantes 
Laudir de_Oliveira - Percussão, entrou em 1973 e permaneceu até 1981
Donnie Dacus - Guitarrista e vocalista, entrou em 1978, apósa morte de Terry Kath
Bill Champlin - Teclado, guitarra e voz, Entrou em 1982, a convite de Danny Seraphine, já na nova gravadora, Warner
Jason Scheff - Baixista e vocal, entrou no lugar de Peter Cetera, em 1986
Tris Imboden - Baterista, entrou no lugar de Danny Seraphine em 1990
Dawayne Bailey - Guitarrista, entrou em 1990
Keith Howland - Guitarrista e vocal, entrou em 1995 no lugar de Dawayne Bailey
Marty Grebb - Saxofone e guitarra. Ex-integrante do grupo Exceptions, primeira banda de Peter Cetera. Tocou no álbum Chicago 14 1980
Chris Pinnick - Guitarra, esteve no Chicago de 1980 até 1984, aproximadamente

 Fonte Wikipédia

quinta-feira, 5 de julho de 2012

David Bowie. Ascensão e queda de um alienígena do rock!

Ziggy Stardust não se tornou um mito por acaso. A sua influência extrapola o musical e atinge vários campos da expressão humana: nas histórias em quadradinhos, há o Red Rocket 7 — o tributo quase exagerado de Mike Allred —; no cinema Rocky Horror Picture Show (1975), Velvet Goldmine (1998) e Café da Manhã em Plutão (2005) são apenas as referências mais óbvias; na moda, até Kate Moss já encarnou o alienígena na Vogue. De capas recriadas com Lego até selos postais na Inglaterra, as referências são inúmeras: a criatura de David Bowie se tornou um mito da pop art.

E tudo isto por causa de um disco! 
É no clássico The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars que toda a história se origina. Em 1972, David Bowie lançou esse que se tornou o álbum mais emblemático de toda sua carreira. O LP é uma ópera-rock que conta a história de um alienígena que chega na Terra para alertar a população sobre a destruição do planeta dentro de 5 anos. Entretanto, aqui ele descobre o sexo, as drogas, o rock’n'roll e se transforma em um astro da música. Depois da ascensão, a queda: um Ziggy Stardust que viveu todos os excessos comete suicídio. Esse trabalho conceitual contou com uma capa especial, fotografada em preto e branco, que ganhou cores lembrando as HQs de ficção científica da década de 50.

Além do disco, entre 1972 e 1973 Bowie fez uma tournê por Inglaterra, Estados Unidos e Japão. Nos shows, o "performer" caracterizava-se como o próprio Ziggy em apresentações temáticas, cheias de recursos teatrais. O artista soube explorar ao máximo aquilo que a obra podia oferecer, lançando mais dois discos em 1973 com a mesma estética — Alladin Sane e Pin Ups — retratando então um Stardust evoluído. Porém, de maneira muito inteligente, David sempre soube inovar e transformar-se — daí o apelido de “camaleão do rock” —, impedindo uma estagnação criativa. Assim, partindo da ideia que Ziggy comete suicídio no final do disco, Bowie anunciou que a trajectória do personagem chegava ao fim na última apresentação daquela tour. O show derradeiro foi registado por D. A. Pennebaker, pioneiro do “direct cinema” e um dos documentaristas mais importantes da história do rock. Apesar do filme ter sido engavetado na época, hoje está disponível em DVD remasterizado.

O disco foi um grande sucesso, assim como a sua tournê, consolidando para sempre a carreira de David Bowie. Com uma qualidade musical ímpar, transcendeu a barreira do tempo e  afirmou-se como um clássico absoluto do rock. Um caso raro de ópera-rock divertida e bem estruturada, sem ser aborrecida (discos como Tommy e The Wall são duplos e muitas vezes ficam girando em torno de um mesmo eixo musical). O álbum aparece muito bem posicionado em absolutamente todas as listas de “os melhores discos de todos os tempos”. Tornou-se uma referência constante, tendo músicas regravadas por incontáveis artistas, desde a banda de pós-punk Bauhaus até as versões bossa-MPB de Seu Jorge, além do Nenhum de Nós que transformou o hit Starman em Astronauta de Mármore.

The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars tornou-se no documento definitivo do glam rock, um estilo que misturava a sonoridade do hard rock e do proto-punk com melodias pop "colantes", em composições dançantes e curtas, remetendo ao espírito dos primórdios do rock, aliadas a performances teatrais e um visual extravagante. Apesar de não ter "estourado" em todo o planeta, o glam foi um verdadeiro fenómeno de massa em Inglaterra, numa proporção de sucesso local, semelhante á beatlemania! Além de Bowie, o T.Rex de Marc Bolan (que se influenciavam-imitavam-plagiavam mutuamente) foram os maiores representantes do género.

Assim como diversos outros estilos de rock no decorrer da história, o glam também teve uma repercussão sócio-cultural de forte caráter sexual. Entretanto, foi bem diferente daquela proposta pela pélvis de Elvis, da libertação das adolescentes promovida pelos Beatles e Rolling Stones ou mesmo o amor-livre dos hippies. Quando o alienígena Ziggy Stardust chegou ao planeta Terra, instaurou uma era de androginia. Limites de gênero — masculino, feminino — eram humanos demais e ele estava além disso. Com o glam, o rock — que sempre rompeu com tabus e derrubou preconceitos — usou batom, se encheu de purpurina e colocou mais um muro abaixo. O estilo de vida que defendia a liberdade de que cada um pode amar quem quiser agora declarava: posso amar até mesmo alguém do meu próprio sexo. 

Por Rodrigo de Andrade (Garras) - Arménios
Publicado originalmente no caderno Segundo, do jornal O Nacional, na edição de 2 e 3 de Junho de 2012.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Paul McCartney e o seu baixo Hofner Union Jack



Paul McCartney surpreendeu todo o mundo, quando apareceu no palco do "Queen's Diamond Jubilee Concert" usando um Hofner Union Jack durante a execução do tema, Ob-la-di, Ob-la-da.

O Union Jack Höfner, é um produto original da Höfner (Product #514179 from 2008), baseado no Hofner 500/1, que Paul McCartney's começou a usar em1962, mas que foi descontinuado.

Vejam mais fotos desta maravilha  aqui.


quinta-feira, 17 de maio de 2012

Morreu a Rainha da Disco Music, Donna Summer

A cantora Donna Summer morreu na manhã desta quinta-feira, 17 de Maio, após uma batalha contra um câncro. Conhecida como rainha da disco music,  tinha 63 anos e vivia na Flórida . As informações são do site TMZ

De acordo com fontes do site, a cantora tentava manter a doença em segredo. No entanto, uma fonte teria dito que há duas semanas ela estava relativamente bem e que tinha planos de terminar o álbum no qual vinha trabalhando.

Donna ganhou cinco vezes o Grammy ao longo da carreira e fez muito sucesso nos anos 70 com hits como Last Dance, Hot Stuff e Bad Girls. Nos anos 80, continuou nas paradas, como músicas como She Works Hard for the Money e This Time I Know It's for Real

A cantora e o produtor Giorgio Moroder definiram a dance music nos anos 70 e foram responsáveis pela entrada de artistas como Duran Duran e David Bowie no género. Com quase 40 anos de carreira, vendeu mais de 130 milhões de discos e influenciou artistas como Madonna, Whitney Houston e Janet Jackson. 

Antes da fama, Donna cantou no coral de uma igreja em Dorchester, Massachusetts, onde nasceu. Nos anos 70, começou a carreira como backing vocal do trio Three Dog Night. O seu primeiro álbum solo foi lançado em 1974 e, depois dele, lançou um disco por ano até 1984, incluindo os aclamados Bad Girls, I'm A Rainbow e She Works Hard For Money

Ao longo da sua carreira, lançou um total de 17 álbuns de estúdio, sendo o mais recente de 2008, Crayons, que ela promoveu com uma tournê mundial. 

Donna casou-se com o vocalista dos Brooklyn Dreams, Bruce Sudano, nos anos 80 e teve duas filhas, Amanda e Brooklyn. A cantora tinha quatro netos.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Abbey Road, em sentido contrário...


A fotografia dos Beatles a atravessarem a Abbey Road já foi recriada exaustivamente por fãs dos Beatles de todas as maneiras possíveis. 

Agora, uma imagem rara que mostra os Fab Four atravessando a rua no sentido oposto ao exibido na tão famosa capa de disco será leiloada. Espera-se que ela seja arrematada por algo em torno de 9 mil libras.

A foto no disco Abbey Road, de 1969, exibe a banda atravessando da esquerda para a direita. Na imagem que está à venda, John Lennon lidera os outros três músicos da direita para a esquerda . 

Quem está a vender esta "raridade" é um coleccionador particular, e o leilão acontece no próximo dia 22 de Maio.

Há algumas diferenças nas duas fotos que devem fazer os fãs embarcarem num novo "jogo" dos sete erros. 

Paul McCartney, por exemplo, está calçado com umas chinelas de couro, e sem o cigarro, o que destrói de imediato, as presunções assumidas relativamente á sua morte na década de 60 .

A imagem foi captada por Iain Macmillan. 

Sarah Wheeler, da casa de leilões Bloomsbury Auctions, de Londres, conta que Macmillan teve dez minutos para tirar as fotos e fez seis fotos dos Beatles andando para lá e para cá na passadeira de pedestres, enquanto ele fotografava do alto de uma escada tendo um "Bobby" a controlar o trânsito. 

"A foto é considerada um ícone da década de 60. Acredito que a razão para se ter tornado tão popular é a sua simplicidade”, afirma Sarah.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

RIP, Donald “Duck” Dunn (May 13, 2012) Booker T. & The MG’s


Morreu aos 70 anos Donald "Duck" Dunn, baixista do grupo Booker T. and the M.G.'s.

Morreu em Tóquio, enquanto dormia, no passado dia 13 de Maio. Dunn, com a sua banda, Booker T and The M.G's, tinham realizado dois shows, no sábado anterior, dia 12. 

O grupo era a banda de apoio da Stax Records, especializada em soul, gospel e blues. As informações são do site do semanário NME.

Nascido em Memphis em 1941, Dunn ganhou o apelido Duck do pai, com quem via os desenhos animados do Pato Donald. 

Começou a carreira de baixista aos 16 anos. Em 1962, juntou-se ao Booker T. and the M.G.'s.  O seu trabalho pode ainda ser ouvido em hits mundiais como, “Respect”, de Otis Redding, e “Born Under A Bad Sign”, de Albert King.

Em diversos momentos da carreira, Dunn fez parcerias com outros grandes nomes da cena musical, Tais como Neil Young, Eric Clapton e Rod Stewart.

Booker T. and the M.G.'s entrou para o Hall da Fama do Rock em 1992 e Dunn foi agraciado com um Grammy especial pelo conjunto da obra em 2007.

sábado, 12 de maio de 2012

Elvis has left the bulding

Pouca gente sabe que foi Al Dvorin, promotor de shows e locutor, o responsável por eternizar uma das frases mais icónicas da cultura pop: “Elvis has left the bulding” (Elvis saiu do prédio). Dvorin usava a frase para avisar os espectadores presentes nos espectáculos de Elvis que este já se tinha ido embora. Portanto, não haveria bis, nem autógrafos para ninguém. Poucos meses antes de se completarem 35 anos da morte de Elvis, é irónico pensar que ele de facto, nunca  “deixou o prédio”.

Elvis nunca realizou uma tournê mundial. Só se apresentou uma vez fora do território norte-americano, em cinco shows, em três cidades do Canadá, em 1957. Nos anos 70, quando voltou aos palcos, choveram propostas para ele cantar fora dos USA. Mas os motivos de Elvis nunca ter aceite actuar fora do seu pais natal, são vários e até hoje envoltos em polémica. Alguns autores afirmam que isso aconteceu pelo fato de o Coronel Tom Parker, empresário do cantor, ser um imigrante ilegal que não queria correr o risco de se meter em problemas com a imigração dos Estados Unidos. Outros factores eram mais mundanos. Elvis, uma criatura do hábito, supostamente não se interessava em fazer viagens longas. 

Em 1973, para saciar a sede dos fãs mundiais, Elvis foi o astro do milionário show Aloha from Havaii, transmitido directamente das Ilhas do Pacífico via satélite para boa parte do planeta e assistido por quase um bilião de pessoas. Até a sua morte, em 16 de Agosto de 1977, Elvis só actuou em Las Vegas e em outras partes dos Estados Unidos, mas os fãs do resto do mundo tinham de se contentar com os vídeos e os discos.

Em 16 de Agosto de 1997, no Coliseu do Centro-Sul, em Memphis (Tennessee), exactamente 20 anos após a sua morte, Elvis retornava aos palcos. 

Bem, se obviamente ele não estava lá em carne e osso, pelo menos a sua voz e imagens, sim.  

Elvis – The Concert (mais tarde renomeado Elvis Presley in Concert) usava tecnologia de ponta para trazer o Rei do Rock de volta. Ecrans gigantescos de altíssima definição mostravam imagens de Elvis, basicamente retiradas dos filmes Comeback Special (1968), Elvis É Assim (1970), Elvis Triunfal (1972) e Aloha from Havaii. Os produtores utilizaram os "play backs" de áudio original e isolaram a voz de Elvis. 

No palco, para fazer o acompanhamento, estava presente a maioria dos músicos e vocalistas que acompanharam Elvis nas suas tournês nos anos 70. A TCB Band, como era chamado esse grupo de músicos e vocalistas que cercavam o Rei, foi reunida após 20 anos para trazer de volta a magia e emoção da música do Rei. De então para cá, os ecrans tornaram-se parte integrante de qualquer megaconcerto de rock e de música popular e, assim que a imagem gigantesca de Elvis se materializava no palco, a ilusão tornava-se realidade.
Elvis Presley in Concert seguiu com muito sucesso pelos Estados Unidos e também por outros países. O show realizado no Pyramid Coliseum, em Memphis, em 2002, foi gravado e  transformou-se no DVD Elvis Lives

Nesse ano, o projecto foi reactivado e passou por vários locais da Europa, como França, Suíça, Alemanha e Inglaterra. Em Outubro, deste ano, os brasileiros vão ter a possibilidade de assistir a Elvis Presley in Concert. O espectáculo será apresentado em Brasília, em São Paulo, e no Rio de Janeiro.

Fonte: RS-BR. Paulo Cavalcanti

quinta-feira, 26 de abril de 2012

A obra de Paul McCartney, ao longo dos ultimos 40 anos.

A carreira pós-Beatles de Paul McCartney já persiste há quarenta anos. Vamos imaginar que os Beatles nunca tivessem existido e que a trajectória de Paul se tenha iniciado com o seu primeiro álbum solo. 

Será que Paul McCartney seria hoje ovacionado como um dos maiores músicos que o rock já produziu? Será que a grandiosidade de sua obra não torna o termo “ex-Beatle” pequeno, mesmo tratando-se dos Beatles, a melhor banda de todos os tempos? 

Vamos ao exercício imaginativo: Paul McCartney, um desconhecido músico inglês, lança em 1970 o seu primeiro álbum, o qual gravou sozinho, sem o auxílio de banda, técnicos ou engenheiros, todos os instrumentos. Paul compôs todas as canções e tocou violão, guitarra, contrabaixo, piano, bateria, percussão, órgãos Hammond e Moog, maracas, bongôs, xilofone e mellotron. Entre as canções, figuram obras-primas como Maybe I’m Amazed e Teddy Boy, essa última recusada pela sua antiga banda, que estamos agora a imaginar que nunca tenha existido. O álbum recebeu o singelo título McCartney .

No ano seguinte, Paul lança o excelente Ram, desta vez com uma banda de acompanhamento. Em 1972, com a entrada do ex-guitarrista dos Moody Blues, Denny Laine, Paul cria a banda Wings, grava rapidamente o álbum Wild Life, e pela primeira vez vaia para a "estrada" para uma maratona de espectáculos.


O ano de 1973 consolida os Wings como uma das maiores bandas do mundo. Num curto espaço de tempo, o grupo lança os álbuns Red Rose Speedway e Band on the Run , um dos melhores discos de toda a trajectória de Paul McCartney; além do single de grande sucesso Live and Let Die, incluído na banda sonora de um filme do espião 007, James Bond.

Mesmo com mudanças na formação, os Wings seguiram lançando grandes discos como Venus and Mars (1975); Wings at the Speed of Sound (1976); Wings Over America (triplo ao vivo, 1976) e London Town (1978).

O canto do cisne dos Wings acontece em 1979 com o álbum Back to the Egg , que traz canções marcantes como Getting Closer e duas músicas interpretadas por uma rockestra formada por membros das maiores bandas do mundo na época. No final daquele fatídico ano, quando os Wings chegavam ao Japão para uma série de dez shows, Paul McCartney foi preso no aeroporto portando 219 gramas de maconha e haxixe na sua bagagem. Os shows foram cancelados e a banda dissolveu-se após o episódio.


Os anos oitenta iniciaram-se com Paul McCartney retornando a carreira solo. Exactamente uma década após o lançamento do álbum McCartney, Paul volta a gravar um disco sozinho, em que toca todos os instrumentos. 

O álbum McCartney II não agrada tanto quanto o de dez anos atrás, devido ao excesso de experimentalismo. Tem de se levar em conta que o disco em princípio nem tinha a pretensão de ser lançado. Mesmo assim, a faixa Coming Up tornou-se um de seus maiores sucessos até hoje.


Nos anos seguintes, Paul McCartney lançou álbuns íntegros, mas não tão inspirados. Em Tug of War (1982) fez duetos com Carl Perkins e Stevie Wonder. Pipes of Piece (1983) marca as parcerias de Paul com o rei do pop Michael Jackson. Give My Regards to Broad Street (1984) é a banda sonora do seu filme homônimo, onde Paul apresenta novas músicas e revisita clássicos da sua carreira. 

O pop experimental de Press to Play (1986) também não foi bem digerido pelo público, e Paul somente reencontraria os louros de outrora três anos depois, com o óptimo Flowers in the Dirt. O sucesso das músicas This One, My Brave Face e Figure Of Eight impulsionou a turnê mundial Get Back World Tour, a primeira de Paul desde a separação dos Wings.

Em 1993 lança Off the Ground
O grande sucesso do disco é a faixa Hope of Deliverance,  curiosamente uma canção que foge aos padrões “McCartianos”, onde ritmos latinos e violões flamenco se unem a uma letra inspirada em Bob Marley. A turnê New World Tour esgotou estádios pelo mundo todo e foi registada no álbum duplo Paul is Live (1994).

Paul McCartney surpreende o mundo em 1997 com o lançamento de Flaming Pie um dos discos mais geniais e inspirados de toda a sua carreira. Dois anos depois, Paul dá uma guinada e volta às raízes. Monta uma banda com David Gilmour (Pink Floyd), Mick Green (Johnny Kidd & The Pirates) e Ian Paice (Deep Purple) e grava Run Devil Run, um álbum composto por clássicos do rock’n’roll e quatro composições inéditas.

Com essa formação, Paul toca no lendário Cavern Club em Liverpool, a sua terra natal.


Na última década Paul McCartney seguiu lançando grandes álbuns como Driving Rain (2001), Chaos and Creation in the Backyard (2005) e Memory Almost Full (2007); formou um duo eletrônico chamado The Fireman e lançou vários DVDs registrando as suas bem sucedidas tournês mundiais e shows específicos, como na Praça Vermelha na Rússia ou em New York City.

O ultimo álbum de Paul McCartney, "Kisses on the Bottom", leva o ex-beatle à era de ouro de Hollywood, evocada em canções clássicas e em faixas inéditas. Paul faz uma "viagem profundamente pessoal" pelo cancioneiro norte-americano clássico que inspirou McCartney e o parceiro John Lennon nas composições dos Beatles. 

"Quando crescemos, tínhamos a era do meu pai ou, no caso de John, da mãe dele, que escutávamos, e aí quando fomos escrever canções de rock isso influenciou o rock", declarou McCartney, que acrescentou:
"Honey Pie", do White Albun dos Beatles, é uma dessas faixas que " que evocam Hollywood".

Sir Paul, acrescentou ainda que teve como inspiradores alguns dos mais famosos actores e cantores do cinema norte-americano, como Frank Sinatra, Dean Martin e especialmente Fred Astaire, cujo estilo e voz foram uma referência para McCartney ao longo da carreira.

"Há muito tempo que desejava gravar este álbum, primeiro com os Beatles, depois individualmente, mas vi-me obrigado a adiar o projeto depois de, Robbie Williams e Rod Stewart lançarem trabalhos com clássicos das big bands. Não quis passar a ideia de que estava  a aproveitar a onda."

McCartney contou com a colaboração do produtor Tommy LiPuma e da premiada cantora de jazz Diana Krall para gravar "Kisses on the Bottom" em Londres, em Nova York e no famoso estúdio da Capitol Records, em Los Angeles. Escolheu clássicos como "More I Cannot Wish You", do musical "Guys and Dolls", e uma lenta versão de "Bye Bye Blackbird". 

Outras colaborações no álbum são do lendário Stevie Wonder, em "Only Our Hearts", tributo à música das décadas de 1930 e 40; e de Eric Clapton, em "My Valentine", uma das músicas favoritas de McCartney no álbum, na verdade é uma carta de amor à sua nova esposa, Nancy Shevell.

O lançamento de Kisses on the Bottom  foi a 7 de Fevereiro passado.
 
Portanto, concluo que Paul McCartney é hoje o maior músico criador de harmonias e melodias que o rock já produziu, independente de ter sido integrante nos anos sessenta da maior banda da história, mesmo que esse período tenha sido o mais importante e criativo de sua extensa carreira.