segunda-feira, 18 de novembro de 2013

The Beach Boys


Os Beach Boys, foram formados por cinco rapazes de Hawthorne, subúrbio de Los Angeles, que sempre se  interessaram por música.
Brian Wilson gostava de George Gershwin e do grupo vocal Four Freshman. O seu primo Mike Love e o irmão Carl Wilson gostavam de R&B e do estilo cantado do "doo wop". O amigo de escola Al Jardine era fanático por folk music. Dennis Wilson, o irmão mais novo do clã Wilson, não tinha nenhuma inclinação musical, mas foi ele quem sugeriu o tema para o primeiro single da banda. Para não ficar de fora, rapidamente aprendeu a tocar bateria. 

Dennis era um surfista fanático e achou que esse tema poderia ser explorado musicalmente pelos irmãos. “Surfin’ ”, o primeiro tema escrito por Brian Wilson e Mike Love, foi gravada da forma mais rudimentar possível e lançada por uma pequena gravadora, a  Candix em 1961. O disco fez um sucesso regional e catapultou os rapazes, com a ajuda de Murray Wilson, pai de Brian, Carl e Dennis e que viria a ser o empresário da banda, tendo logo conseguido um contrato com a Capitol Records. A gravadora, então, lançou o primeiro single da banda em 4 de Junho de 1962. “Surfin’ Safari” / “409” que alcançou a 14ª posição nas listas de vendas, um enorme feito, para uma banda desconhecida. Nesse época, Jardine foi estudar odontologia e David Marks, vizinho dos Wilson, entrou para o seu lugar. 

Os Beach Boys rápidamente se  tornaram na banda número um dos Estados Unidos, enfrentando os Beatles cara a cara e conseguindo êxitos estrondosos, com clássicos como “Surfin’ USA”, “Surfer Girl”, “Little Deuce Coupe”, “Shut Down”, “I Get Around”, "Don’t Worry Baby", “California Girls” e outras canções que traziam harmonias vocais impecáveis e melodias marcantes, exaltando o verão e o estilo de vida do sul da Califórnia. Em 1965, o grupo lançou Beach Boys Today!, Summer Days and Summer Nights e Beach Boys Party!, - este último com o grande hit “Barbara Ann”.   

Mas Brian queria mais. Inalando umas "passas" e ouvindo sem parar o Rubber Soul dos Beatles, tendo como companheiro o letrista Tony Asher, começou a escrever o disco que daria uma guinada na música dos Beach Boys.  Assim, em Maio de 1966, os Beach Boys lançaram o introspectivo e inovador Pet Sounds, que trazia canções como "Wouldn't It Be Nice", "God Only Knows" e "Sloop John B".  Pet Sounds que tornou-se num dos discos mais influentes de todos os tempos. No mesmo ano, saiu o single “Good Vibrations”, um sucesso mundial que coroava Brian Wilson como um das principais mentes criativas da história do rock. 

Foi quando Brian Wilson, então se dispôs a escrever o álbum que, segundo ele mesmo “iria revolucionar o rock”.  A banda gravou extensivamente, nesse período, material a roçar o psicodélico, a que intitularam, simplesmente, Smile, resultado da colaboração de Brian com o letrista Van Dyke Parks, que deveria ter sido lançado em 1967. Mas, depois de um enorme esforço, o material foi arquivado – Brian "pifou" e não conseguiu reunir as peças todas desse fantástico puzzle. O single “Heroes and Villains” foi o produto mais coerente surgido das sessões de Smile.Com o impasse do disco, Brian foi saindo de cena, passando o tempo em sua casa em Bel Air. Gradualmente o seu envolvimento com os álbuns dos Beach Boy foi diminuindo. 

A banda seguiu em frente, dividindo as responsabilidades que antes eram de Brian e lançando discos interessantes e diversificados, como Smiley Smile (que se apropriava de canções e ideias de Smile), Friends e 20/20. O single “Do It Again”, de 1968, já antecipava que os Beach Boys iriam ter que recorrer a temas como o verão e o surfe para se ligar novamente com o seu púbico. Já “I Can Hear Music”, de 1969, foi um hit que não teve nenhum envolvimento de Brian Wilson. A banda entrou na década de 70 lançando os álbuns Sunflower, Surfs Up, Carl and The Passions e Holland, elogiados pela critica, mas, no geral, ignorados pelo grande público. Em 1974, a coletânea Endless Summer, contendo hits da era do surf, mudou a sorte dos Beach Boys. O álbum duplo ganhou disco de platina e a banda, agora redescoberta por uma nova geração, embarcou numa onda de nostalgia, tocando em estádios por todos os Estados Unidos.


Com a reconquistada popularidade, a banda tentou trazer Brian de volta aos palcos e ao estúdio. Brian, que por muito tempo abusou das drogas, foi diagnosticado com esquizofrenia e começou a ser tratado pelo polêmico Dr. Eugene Landy. Brian reapareceu como produtor no álbum 15 Big Ones (1976), que fez sucesso e destacou o remake de “Rock and Roll Music”, de Chuck Berry.  Beach Boys Love You, de 1977, foi outro álbum idealizado por Brian que virou culto. Mas, aos poucos Brian foi novamente perdendo o interesse – deixou mais uma vez os Beach Boys e voltou às drogas e a reclusão, sendo considerado “um caso perdido”. O Dr. Landy, que controlava Brian 24 horas ao dias, também foi afastado.

Bruce Johnston, que tinha saído em 1972, voltou a banda de vez em 1978 depois de ser convocado a ajudar na produção de L.A. (Light Album). Dennis Wilson, que sempre foi o mais rebelde do grupo, em 1977 lançou o aclamado álbum solo Pacif Ocean Blue, mas o sucesso do disco não acalmou os demônios do baterista. Na década seguinte, caiu no fundo do poço, cada vez mais mergulhado nas drogas e no álcool e enfrentando problemas financeiros. Chegou até a ser expulso dos Beach Boys, mas acabou por voltar. Em Dezembro de 1983, Dennis morreu, ironia das ironias afogado.

A banda seguiu em frente cada vez mais dividida entre Mike Love e Carl Wilson. O grupo tocava no circuito de nostalgia e sua relevância parecia ter acabado. Em 1998, Carl Wilson morreu devido a um carcinoma no pulmão e Al Jardine, depois de se desentender com Mike Love, foi afastado dos Beach Boys. Enquanto isso, Brian Wilson recuperava de uma forma surpreendente. Começou a gravar com regularidade e a fazer shows com uma nova banda cujo núcleo era  abanda Wondermints. A música de Brian Wilson e dos Beach Boys começou a ser redescoberta e Pet Sounds voltou a estar nas listas de álbuns mais importante de todos os tempos.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Os Rebeldes de Nova Lisboa - 1964

A banda formou-se em 1963. Eu e o Fausto só entrámos em 1964. Tocávamos essencialmente Beatles, e fazíamos bailes aonde tocávamos tudo o que estava na moda, além de Beatles: Roberto Carlos, música africana (merengues), tudo o que uma banda de baile tocava na altura.

Gravámos uns temas para o Rádio Clube do Huambo, mas nunca foram editados. Um dos temas, de autoria do Fausto, "Boneco Chorão", chegou ao nono lugar nas tabelas de Angola. Não sei aonde param essas gravações.

Houve o tal episódio no Festival Ié-Ié de Luanda, em 1965, no qual ficámos em primeiro lugar, mas a Maria Supico Pinto, presidente do Movimento Nacional Feminino, foi aos camarins entregar-nos o prémio monetário e disse que os Rocks, do Eduardo Nascimento, eram os "verdadeiros" representantes de Angola.

Alegou que eram todos nascidos em Angola, daí seriam eles a ficar com o resto do prémio, ou seja, vinda para a metrópole e gravação de um disco na Valentim... Injustiça do tamanho do mundo .

Percorremos Angola de norte a sul. Saíamos à quinta-feira para ir tocar a Malange ou a Sá da Bandeira, ou seja, três dias "on the road", só para fazer um gig, e na 2ª feira ... back home, por matas e desertos... nunca tivemos um problema, isto entre 1964 e 1966.

Houve episódios fantásticos, que marcaram a minha adolescência. Recordo-me que a partir de determinada altura, comecei a "chocar" com o Fausto. Ele era um prefeccionista, enquanto eu, era só adrenalina e muito rock and roll na carola. O Fausto chegou ao extremo de pedir ao Sr. Matos que colocasse um espelho na nossa frente, na sala de ensaios, e que marcasse com uma fita cola preta, no espelho, a altura a que deveriam estar as "cabeças" das guitarras, deviam estar todas alinhadas de igual modo.


Vejam na foto. Aquilo para mim, não funcionava. Musica era, e continua a ser, um acto criativo momentâneo...se houver talento, genialidade, estes revelam-se e não há muita "chance" de se repetirem de igual modo...agora estar ali a prever e ensaiar, passos e posturas, era e continua a ser, um filme, que nunca me assistiu.

Foi quando fui considerado a Revelação Yé Yé de 66, e o Lota, (lembram-se dele?) ficou meu empresário, tendo acordado com o Conjunto Ferrovia, que seriam eles a acompanhar-me. E assim aconteceu. Saí dos Rebeldes.
Seguiram-se "Escape Livre", e a residência, na casa das Beiras, a convite do meu querido amigo Almeida Gomes.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Tina Turner...simply the best !


Há mais de 50 anos no negócio da música, Tina Turner é umas das mais bem sucedidas mulheres do showbizz. Seu furor sensual, voz poderosa, suas incríveis pernas, sua vitalidade à-prova-de-tempo, sua história inesquecível... Tudo contribui para que ela seja hoje uma lenda.

A trajetória de vida da mulher confunde-se de modo fascinante com grande parte dos acontecimentos do século XX, seja na música ou nas mudanças culturais de um período tão furioso quanto ela própria. 

Tina nasceu Anna Mae Bullock no Tenessee ao final dos anos 30 em plena segregação racial, filha de operários. Pais ausentes, a jornada de trabalho não era das mais permissivas o que fez com que Anna, junto com a irmã, passasse temporadas em casa de tios noutra cidade. St. Loius era uma cidade tranqüila, o que a perturbava eram os gritos histéricos das freqüentadoras de night clubs que se digladiavam por algum olhar de Ike Turner. Anna tinha apenas 16 anos quando os olhos dele a descobriram e nada seria o mesmo dali em diante, nem em sua vida, ou em seu nome, na música nem em St. Louis. Um prodígio muito específico que capturava platéias que ela jamais esperou existir.
 
Ike Turner era uma espécie de deus no Mississipi, um herói do blues e fora obrigado a agregar a mocinha em sua banda porque havia dado fósforos demais a ela e Anna Bullock era boa incendiária. Casaram-se 7 anos depois em Tijuana, México, quando o grupo Ike&Tina Turner Revue já era o maior fenômeno musical da época cujo estilo influenciaria, no mínimo, Janis Joplin e Mick Jagger. Juntos, fizeram de sua versão para “Proud Mary” um grande clássico, apreenderam o rock, o soul, o funk, criaram danças de puro transe religioso... E o marido era o empresário mãos de ferro, tão disciplinador que os músicos pediam demissão semanalmente. Ike cheirava o dinheiro das turnês, mas se o vício voraz em cocaína não era segredo, os abusos contra Tina permaneceram privados pelos anos que se seguiram.

O rompimento no final dos anos 70 foi escandaloso e sua fuga durante uma viagem para Dallas tornou-se uma espécie de épico pessoal. Tina Turner havia tentado o suicídio em algum momento de seu casamento, tomando calmantes para não acordar durante as torturas e agora saía pela porta dos fundos do hotel levando consigo os, hoje famosos, 36 cents e um cartão de crédito da Mobil. Rompera com Ike Turner e com o Revue, mas as multas contratuais por cancelamento dos shows seriam astronômicas se rompesse com eles também e foi por isso que carregou sozinha a turnê e o nome de casada. Mas a vida depois do Ike&Tina Turner Revue não se sustentou. Álbuns naufragaram e embora tivessem uma receptividade morna na Europa, o nome caiu no ostracismo. Foi por cima disso que a expressão comeback Queen se ergueu. 

Como explicar os contextos certos ou os esforços pessoais que levaram Tina novamente ao topo? Devem ser combinações complexas que aqui realmente não importam, não mais que o ressurgimento da Rainha do Rock em 1984 em pleno Grammy Awards. É certo que a Capitol Records estava por detrás daquilo porque nos meses antecedentes fizera o diabo para promover o single “What’s Love Got do Do With It” e Tina Turner passara o resto do ano, e do subseqüente, varrendo charts na Billboard e prêmios na MTV, no American Music Awards e no próprio Grammy. 

Viera o título do apocalíptico MadMax e ela estava lá com aquela peruca branca, aqueles chifres nas têmporas, como atriz e cantora. Fez duetos, campanhas, outros filmes, um livro e sagrou-se como o artista que mais vendeu ingressos para shows em toda história.

Smply the best !

Texto de Priscilla Santos
Texto e desenho publicados no Obvious.

sábado, 19 de outubro de 2013

Foi há 56 anos...


A estréia de Paul McCartney com os Quarrymen, foi há 56 anos.

A imagem é, na verdade, de cerca de 1 mês depois, mas é a primeira imagem de Paul e John tocando juntos.

"Para o meu primeiro show, foi me dado um solo de guitarra no Guitar Boogie. A verdade é que nos ensaios, eu até o executava bem, mas ao vivo, quando chegou a altura de eu solar...os meus dedos paralizaram, congelaram."

"Dei por mim a questionar-me, - o que é que eu estou aqui a fazer ? Estava aterrorizado, era também um grande momento com toda a assistência, de olhos fixos em mim...e eu, nada consegui tocar. Foi talvez esta a razão principal da entrada de George Harrison para a banda",

Conta Paul McCartney.

Faleceu António Mourão.


O fadista António Mourão, de 78 anos, faleceu esta noite na Casa do Artista, em Lisboa, disse hoje à agência Lusa fonte da instituição

António Mourão, é o nome artístico de António Manuel Dias Pequerrucho, nascido no Montijo no ano de 1936.

Principiou a sua carreira de fadista no ano de 1964 e o seu grande e emblemático êxito, que atrás referimos, aconteceu em 1965, interpretado durante a revista "E viva o velho" no Teatro Maria Vitória.


Das minhas muitas memórias ligadas ao mundo das canções e dos cantores em Portugal, António Mourão surge como um nome incontornável, desde logo, mas não só, pelo inesquecível tema " Oh tempo volta p´ra trás", cujo refrão ainda hoje é facilmente cantarolado até mesmo por malta de gerações mais novas.
 
Teve uma carreira bastante popular, recheada de temas que se tornaram êxitos nacionais e que andaram de boca-em-boca, como o já falado "Oh tempo volta p´ra trás", mas também "Os Teus Olhos Negros, Negros", "Chiquita Morena", esta particularmente do gosto do meu saudoso pai, "Oh Vida dá-me outra vida", "Fado do Cacilheiro" ou "Varina da Madragoa".

Que descanse em páz, pois o tempo, já não volta para trás.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A "beatlemania", faz hoje 50 anos.




Embora  a popularidade dos  Beatles  estivesse a crescer  constantemente, com piques  frenéticos durante todo o ano de 1963, a sua aparição no London Palladium , a  13 de Outubro desse ano, um domingo, catapultou para as páginas da imprensa mundial, o frenesim e a excitação nunca antes visto, das plateias de adolescentes, que pulavam, gritavam e choravam, durante toda a actuação do grupo. Esse fenómeno colectivo, foi apelidado de " beatlemania " termo que servia para descrever essas cenas. Faz hoje, portanto, 50 anos.

Sunday  Night  At The London Palladium, foi um programa de entretenimento, de  variedades que atraiu regularmente grandes audiências na TV britânica na década de 60, tendo atingido os  15 milhões de espectadores. A concorrência estava acirrada, e os Beatles, não davam nenhuma chance ás outras bandas, que apareciam como cogumelos , e por isso, passaram a noite anterior ensaiando .

Nessa  noite, abriram o espectáculo, mas  Bruce Forsythe, o apresentador do programa, sossegou a platéia : "Se vocês quiserem vê-los novamente, não saiam dos vossos lugares. Os Beatles estarão de volta daqui a  42 minutos. "

E assim fizeram. Os Beatles superaram a concorrência naquela noite , e fecharam apoteóticamente o show. Começaram com From Me To You, seguido por I'll Get You, que foi introduzido por Paul McCartney, com algumas interjeições jocosas  de John Lennon.

O seu hit mais recente, She Loves You , foi o tema que se seguiu , anunciado coletivamente por Lennon, McCartney e George Harrison.

Depois, veio o final. Paul McCartney tentou anunciá-la , mas foi abafado pelos gritos da platéia que estava super frenética . Lennon disse-lhes para " calar a boca " , um gesto que foi aplaudido pelos membros mais velhos da platéia . McCartney , então, pediu a todos a bater palmas e bater com os pés no chão, e eles tocaram o Twist And Shout. Delírio total..

A actuação dos Beatles foi destaque no noticiário da ITN , em que fora apresentadas imagens dos Beatles  no camarim do grupo. 

No dia seguinte, foi a explosão total. A beatlemania, enchia todas as capas dos jornais levando á globalização do nome, que se transformou num fenómeno de massas nunca antes visto .

Faz hoje 50 anos.


Paul MacCartney, faz espectáculo surpresa, em Queens


“É melhor do que ir a uma aula”, disse Paul McCartney sorrindo enquanto subia para o palco, aonde fez uma apresentação-surpresa, no auditório de uma escola de artes em Astoria, no Queens, USA, na última quarta-feira, 9 de Outubro. Os 400 alunos amontoados no auditório da "Frank Sinatra School for the Arts"  deram a sua total comcordância, e encheram a sala.

McCartney e a sua banda tocaram 13 músicas, incluindo três faixas do novo disco, dele, New, e vários clássicos dos Beatles e dos Wings – tocando sempre com o mesmo inesgotável entusiasmo levado às arenas e estádios na tournê Out There deste ano. 

Tony Bennett, que nasceu em Astoria e fundou a escola em 2001, compareceu ao evento, assim como a esposa de McCartney, Nancy Shevell, comemorando o segundo aniversário do casamento com Macca (um dia de muitas lembranças marcantes: também seria o aniversário de 73 anos de John Lennon). 

O show foi filmado pelo iHeartRadio e será postado online no Yahoo! hoje, 14 de Outubro. 

McCartney subiu ao palco depois das 14h, começando com “Eight Days a Week” – e pouco importou o facto de a maioria do público ter nascido 30 anos ou mais depois do lançamento da música. Continuou por mais 90 minutos, com pausas curtas para responder a perguntas da sua plateia estudantil e de Jim Kerr, antigo DJ de rádio de Nova York. Como sempre, McCartney parecia genuinamente feliz por estar no palco, ovacionado pela multidão. 

“Eu poderia estar em casa a vêr televisão agora”, afirmou num dado momento. “Mas prefiro estar aqui.”

Paul estava visivelmente divertido enquanto falava com os estudantes. 

“Como está?”, perguntou um aluno do último ano. “Groovy!”, respondeu McCartney. Os jovens aspirantes a artistas estavam mais interessados em ouvir sobre a juventude de McCartney como músico. 

 “Quando eu comecei, tinha muito medo de errar no palco”,  contou depois de uma menina perguntar qual teria sido a maior lição que ele aprendeu logo no início. 
“Mas então percebi que as pessoas não ligam. Eles até gostam!”

“Como é que consegue criar tantas melodias memoráveis?”, perguntou Kerr posteriormente. McCartney fez uma pausa. 

“Hum...para ser sincero, não sei. Obrigado pelo elogio, mas eu realmente não penso no que eu faço. Eu simplesmente amo o que eu faço.”

Isso ficou óbvio assistindo á sua actuação. McCartney passou do baixo Hofner para dois violões acústicos, e ainda para o piano, cantando com alma o tempo todo. Depois de fechar com a emocionante “Hey Jude” e fazer uma reverência junto a sua banda, parecia quase relutante na hora de sair do palco. McCartney fez um rápido sinal de “paz e amor” para a multidão, e os estudantes, ao deixarem o auditório, iniciaram um coro infinito de "na-na-na-na", que ecoou pelos corredores da escola.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Edith Piaf morreu há 50 anos

A França prepara-se para relembrar o 50º aniversário da morte de Edith Piaf, em Outubro de 1963, com uma avalanche de filmes, shows e livros, incluindo uma biografia que se propõe clarificar alguns dos mitos que rodeiam a vida deste "mito francês".
Sempre se disse que Edith Piaf terá nascido junto a uma candeeiro de iluminação pública, numa rua do bairro de Belleville, em Paris. Mas segundo o livro "Piaf, um mito francês", publicado pela editora Fayard, parece que não terá sido realmente assim.

A mulher de voz fenomenal, que veio a ser conhecida como Edith Piaf, terá nascido a 19 de Dezembro de 1915, no hospital Tenon,no 20ºdistrito de Paris,segundo a biografia de Robert Belleret, jornalista do Le Monde, elaborada após investigação minuciosa. Belleret baseou-se sobretudo numa centena de cartas enviadas por Piaf ao seu confidente, Jacques Bourgeat, e que até agora não haviam sido publicadas. O autor descobriu ainda centenas de arquivos, que lhe permitiram esclarecer muitas das inverdades e outras meias-verdades que têm rodeado de mistério a vida de Piaf, filha de um acrobata e de uma cantora de rua.

"Por que se terá mascarado, exagerado e inventado tanto sobre Piaf?", pergunta-se Belleret no prefácio de seu livro, de 700 páginas, que investiga o nascimento, a infância e a vida amorosa da cantora, além de alguns episódios obscuros da trajectória de Piaf, no que se refere ao seu comportamento durante a ocupação nazi em Paris.
"Tratam-se de verdades e meias-verdades que foram transmitidas por seus parentes, mas que Piaf também ajudava a circular para autoalimentar o mito", destacou Belleret.
"Piaf mentia muito sobre sua vida, a começar pelo seu próprio nascimento", escreveu Belleret, que também é o autor de uma excelente biografia do cantor Léo Ferré.

O livro rejeita as alegações de Piaf de que terá dado documentos de identificação falsos a prisioneiros franceses, durante duas apresentações que ela dizia ter sido obrigada a fazer na Alemanha nazi.
"Piaf levou uma vida de extravagância durante a guerra", assinala o escritor, que também fez um relato detalhado dos amores desta `Don Juan feminina´. A cantora de voz marcante foi uma "sedutora insaciável, uma destruídora de lares que multiplicava as suas conquistas", como Marcel Cerdan, Yves Montand, Georges Moustaki e Eddie Constantine, disse.

Apesar de não esconder os seus lados obscuros, como caprichos, vícios, mesquinhez, a biografia não compromete em nada o mito, destacando o talento imenso da artista, vontade de trabalhar, energia, magnetismo em palco, carisma e tenacidade.
Belleret lembrou também o extraordinário dom de Piaf para a escrita, o que a levou a compor cerca de 90 músicas, que correram o mundo, como "La Vie en Rose" e "Hymne à l´Amour".

A artista e compositora lendária - cuja dimensão internacional foi consolidada pelo filme "Piaf" (2007), que garantiu um Oscar à sua intérprete, Marion Cotillard - será relembrada neste mês de Outubro em França e em Nova York, cidade-fetiche da artista, que lhe oferecerá um tributo.
Piaf, que morreu em 1963, aos 47 anos, depois de uma vida atormentada mas cheia de amor, paixão e reconhecimento do seu valor, continua a ser a cantora mais amada em França.

Por António Manuel Teixeira, no HardMusic

sábado, 5 de outubro de 2013

O Rickenbacker 4001C64 Left Handed, de Paul MacCartney



Em Fevereiro de 1964, durante a primeira visita dos Beatles aos USA, Rickenbacker, apercebeu-se de uma enorme oportunidade comercial, e apresentou uma selecção de guitarras aos Fab Four. Num encontro privado, foi apresentado ao grupo a incrivel, Rickenbacker 360/12 de  1963, e John Lennon, encomendou  logo  uma versão melhorada da sua  325 6-cordas, e uma 325 12-cordas.

Aparentemente, Paul McCartney, foi também presenteado com o novo modelo de baixo, o 4001 , mas  na sua versão destro. Não se sabe ao certo se Paul McCartney recusou o baixo na primeira reunião ou se a  Rickenbacker se ofereceu para lhe construir uma versão para esquerdinos, personalizada. Sabemos que cerca de um ano e meio mais tarde, no final da segunda visita aos USA, a Rickenbacker ofereceu a  McCartney, o primeiro baixo para esquerdinos, algo que nunca antes tinha sido construído pela marca, num vermelho vivo(fireglo). 

Curiosamente, o 4001 de McCartney tinha o numero de série de Janeiro 1964. Talvez a Rickenbacker tenha feito um novo corpo para esquerdinos, e depois simplesmente transferiu todas as peças do original, apresentado este baixo a Paul.

A primeira guitarra baixo a ser fabricada pela Rickenbaker, foi o modelo 4000, em 1957. Tinha um pick up, junto á ponte, magnetizado, e chamado "horseshoe" (ferradura). Ao 4000, seguiram-se uma série de outros modelos, até á chegada do popular 4001, o primeiro visto em 1961. Este caracterizava-se pela presença de outro pick up perto do braço, a que resolveram chamar de "toaster" (torradeira).Era o modelo 4000+1.   

O modelo seguinte, o 40001S, foi posto á venda em 1964. Era básicamente um 4001, com o "binding" no corpo, e as dots da escala substituídas pelas actuais inlays rectangulares, e de côr vermelha (fireglo). O S significava que era uma guitarra para exportação, para Inglaterra através sobretudo da Rose-Morris, e actualmente listada com o numero 1999.


Os baixos Rickenbacker, têm um tom muito distinto. O 4001, feito numa só peça de madeira, com o braço e o corpo sendo um todo, tem um sustain mais  sólido, dado a rigidez do instrumento, com a particularidade do referido sustain , ser mais brilhante  e prolongado, junto do corpo.

Em finais de 1965, em estúdio, Paul MacCartney, usava mais o seu 4001 S 1964, já que o som deste era mais apropriado para  as gravações, dando prioridade, nas actuações ao vivo, ao Höfner 500/1 1962/63,  mais leve e era, este sim, a sua imagem de marca. Mas sempre que estava "na estrda", sobretudo nos anos 1965 e 1966, Paul não dispensava o 4001, como reserva, como segundo baixo a utilizar, caso houvesse algum problema com o seu "violino.

O Rickenbaker 4001, tornou-se muito popular, tendo sido adoptado, nesta época por outros musicos, exactamente porque Paul, o usava com mestria, no seu modo de tocar, altamente melódico, além de que o baixo produzia um tom muito claro, sem distorções na parte superior do braço, e os dois profundos  cutaways, possibilitam um acesso maisfácil aos fretes inferiores.

Em 1967, McCartney deu ao seu 4001, uma pintura psicadélica, como pode ser visto no clip promocional do filme Magical Mystery Tour, aonde os Fab Four, interpretam o tema “Hello Goodbye”. Mais ou menos um ano depois, Paul, lixou a pintura da frente, deixando o baixo com a sua côr natural. Eventualmente, em 1969, terá acabado por o lixar todo, deixando-o  todo "au naturelle".