sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Músicos brasileiros regravam Beatles para celebrar 40 anos de 'Abbey Road'

Em 2008, Marcelo Fróes, juntou um grupo de mais de 90 artistas da música brasileira para comemorar os 40 anos de lançamento de "The Beatles",clássico da banda conhecido como “Álbum branco”.
Agora, menos de um ano depois, o produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes volta a escarafunchar no baú dos Fab Four para resgatar todas as canções de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr nascidas em 1969 e produzir uma nova homenagem a outro quarentão, o disco “Abbey road”, o último e o mais vendido do quarteto.
“Muita gente queixou-se de não ter participado na homenagem ao ‘Álbum branco’. Perguntavam-me se eu iria fazer algo semelhante de novo. Isso acabou por me motivar. Então, surgiu o projecto 'Beatles'69'",explica Fróes, questão de ressaltar que não se trata de um tributo, mas, sim, de um “estudo de repertório”.
Ao todo, 63 artistas participaram da empreitada, que foi transformada em três CDs de 21 faixas cada um - todas gravadas em inglês. O elenco inclui Ivan Lins,João Donato, Paula Morelenbaum, Frejat, Detonautas, Capital Inicial,Jota Quest, Ultraje a Rigor e Wanderléa, entre outros.
Fróes conta ainda que cada artista licenciou por conta própria, a sua música, o que acabou baixando sensivelmente os custos do projecto, que deve ser lançado até ao final deste mês de através de um sêlo independente.
“Praticamente foram todos contactados, e concordaram em participar, com excepção de alguns casos raros de desistência por problemas de agenda”, diz o produtor. Para ele, uma ausência foi mais sentida.
“Teríamos Sá, Rodrix & Guarabyra, mas,infelizmente, isso não pôde ser possível”, lamenta Fróes, referindo-se à morte do cantor e compositor Zé Rodrix,ocorrida em 22 de Abril deste ano, aos 61 anos.
“Mas, numa próxima oportunidade, Sá & Guarabyra vão participar”, afirma.
O projecto ainda traz algumas curiosidades, como o encontro virtual entre Milton Nascimento e Elis Regina na faixa "Golden Slumbers/Carry that weight" e a gravação da música "How d' you do”, de Paul McCartney, na voz de Mallu Magalhães. A canção foi engavetada pelo ex-Beatle, em 1969, e manteve-se na gaveta, até agora.
A paixão pelo conjunto inglês também fez com que dois dos mais conhecidos cantores brasileiros participassem do projecto: o paraibano Zé Ramalho, que regravou “Another day” (esta já da fase solo de McCartney, porém composta em 1969 quando o músico ainda era um integrante da banda); e o cearense Fagner, com uma releitura de “The long and winding road”.
“É a realização de um sonho. É uma música que eu sempre cantei a vida toda. Cheguei a fazê-la ao vivo algumas vezes, sozinho, ao piano. Finalmente tive a oportunidade de a gravar. Fiquei muito feliz em participar”, declarou Fagner.
Zé Ramalho, que recentemente dedicou discos inteiros a Raul Seixas, Luiz Gonzaga e Bob Dylan, explica que sente “um prazer muito grande” ao regravar estas canções. E revela os seus métodos.
“Procuro sempre colocar elementos de MPB e de música do Nordeste, como sanfonas, além da minha interpretação pessoal”.
E por quê “Anoter day”?
“Assim como ‘Eleanor Rigby’, esta canção fala sobre pessoas solitárias, que têm uma história triste, esperando que algo lhes aconteça e os tire dessa solidão. São coisas com as quais me identifico muito”, explicou o cantor, que não descarta a possibilidade de um projecto “Zé Ramalho canta Beatles”.
“É uma idéia que estou a amadurecer”, diz, criando um tabú.
O cuidado com a produção também pode ser visto na arte do projecto. Todas as fotos que ilustram as capas dos CDs foram concebidas pelo designer Ricardo Leite, seguindo um conceito que deve agradar aos fãs da banda.
"Quem nunca visitou Abbey Road, não sabe como é a rua londrina [aonde fica o estúdio homônimo que está na capa do disco original] por outro ângulo. Por isso, resolvemos retratar o lugar de maneiras diferentes: a versão clássica da capa original, com pequenas actualizações sobre a fotografia de Iain MacMillan; a visão oposta à da foto dele; e o que os Beatles estariam a vêr quando atravessavam a rua, no momento em que a fotografia foi tirada"- explica Leite.

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