No seu início, no ano de 1967, tinha forte estilo psicodélico influenciado pelos Beatles e principalmente pelo guitarrista Dave Mason, outro peso criativo do grupo, ao lado de Winwood. O grupo chamou atenção tanto de público quanto da crítica pelo som que enfatizava o órgão, em vez do predomino da guitarra, e também os instrumentos de sopro interpretados por Chris Wood, especialmente flauta, nunca antes destacada no pop rock.
Ao longo do tempo, o grupo passou a compor canções mais longas e seguir uma linha de improviso, mas com uma estética derivada do jazz, o que o afastava do chamado progressivo, que se baseava mais na música erudita. As constantes mudanças, as fortes personalidades dos músicos e a fama fizeram, com que os elementos do grupo se distanciassem, sem nunca terem anunciado uma separação efectiva, mas tiveram sempre, umfuturo incerto.
Prodígio desde o meio dos anos 60, quando fizera parte dos Spencer Davis Group, Steve Winwood, com apenas 22 anos, via-se no início de 1970 pressionado a efectivar o compromisso contratual de fazer o seu primeiro disco solo, para o qual tinha a intenção de gravar todos os instrumentos sozinho.
As gravações começaram com a produção do experiente Guy Stevens e uma primeira faixa chegou a ficar pronta, “Stranger to Himself", mas Winwood resolveu chamar seu parceiro dos Traffic, Jim Capaldi, para um melhor resultado. Os dois completaram uma segunda faixa, "Every Mother's Son"; o dono da gravadora Island, Chris Blackwell, que sempre foi muito influente nos seus contratados começou a participar da produção do disco e resolveu chamar um terceiro membro do Traffic, Chris Wood.
Desta forma, o que parecia estar morto e enterrado, há mais de um ano, renascia. E o álbum solo de Winwood seria na verdade a volta do velho grupo.
Esta nova roupagem do grupo estava próxima do que talvez, a banda deveria ter sido desde o seu início: um veículo para a "virtuoso" musical e a envolvente e estranha voz de Winwood somado ao criativo trabalho de sopros de Chris Wood e a percussão original de Jim Capaldi, e que eventualmente complementava os vocais de forma precisa.
Contudo, apesar do bom começo dos Traffic nos anos 60, muitos criticaram que as suas músicas foram formatadas como singles, coisa esquecida neste renascimento, sendo que a maioria das músicas ultrapassava seis minutos, um suicídio radiofónico, mas quem estava preocupado com rádio naquela época? Era o florescer da era do vinil como objecto do culto e desejo, uma peça valiosa na casa dos jovens descolados.
Assim, “John Barleycorn Must Die” viraria um “cult”, um folk-jazz-psicodélico, um som inovador e original, que não precisava de passar nas rádios, mas sim nos circuitos privados, nas festas dos fanáticos admiradores de Steve Winwood. O resultado foi o sucesso comercial, transformando-se no primeiro disco de ouro da banda e que levou o grupo a actuar pelo mundo com uma brilhante e ovacionada tourné.
Agora, 41 anos depois, numa época em que a relação com rádios e discos é outra, vale a pena para os conhecedores terem contacto com o disco extra que traz versões alternativas do disco original (que ficaram bem interessantes), as gravações originais remasterizadas e para muitos descobrirem as viagens sonoras dos anos 70.
Por Roberto Maia
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