sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Habanos - Hecho a mano en Cuba

Há algum tempo que tenho o costume de degustar um charuto ao menos uma vez por semana. Muito embora tenha feito a escalada tabagística ao contrário - isto é, iniciei nos charutos ainda bem moço, passei para o cachimbo e terminei no cigarro, mau hábito que deixei há 14 anos. Mas, talvez por causa disso, alguns parentes e amigos mais próximos considerem-me um expert na matéria. Nada mais falso, apenas aprecio ocasionalmente um bom charuto e o faço normalmente sozinho, nao gosto de ostentação.

Já tive os meus dias de Cohibas, Romeos y Julietas, Montecristos ou Partagas, muito antes de se tornar moda e aparecerem "especialistas" cheios de normas e regras, que tiram toda a graça e a espontaneidade do simples acto de se fumar um bom charuto.

Deixando de lado os modismos e os tiques dos deslumbrados, degustar um bom charuto é de uma simplicidade franciscana. Mas que exige um mínimo de conhecimento, como tudo no mundo. Portanto, para quem se inicia na "nobre arte" o mínimo que se necessita saber para aproveitar bem um bom charuto é o seguinte:

Capa: fundamental na escolha de um charuto. Feita de uma ou mais folhas de tabaco, deve ter uma aparência lisa, viçosa, levemente brilhante. Atenção para rachaduras e fissuras na capa, indica charuto já velho ou de qualidade inferior. Se tiver alguns buraquinhos, dispense imediatamente: o "impuro" está contaminado pela lasioderma serricone, mal que pode ser detectado por um pequeno pó que sai da cabeça do charuto (a parte arredondada).


Enchimento (filler): charutos, em última análise, nada mais são que folhas de tabaco previamente tratadas, fermentadas e enroladas à mão (de preferência) ou industrialmente. O que interessa saber é se são long fillers (enchimento feito com folhas inteiras de tabaco) ou short fillers, estes últimos preenchidos com sobras picotadas ou não dos charutos long fillers. É o que vai dar sabor e "alma" ao seu charuto.

Bitolas: é o comprimento versus diâmetro do charuto. Hoje existem um sem número de bitolas que atendem a todos os gostos, felizmente. Mas basicamente o que o iniciante deve conhecer são as tradicionais:

Churchill - com o o nome indica é uma homenagem ao ex-primeiro ministro inglês, fã incondicional do charuto. É uma peça grande, tem em média de 18 a 20 cm de comprimento por cerca de 2 cm de diâmetro. Leva em média uma hora ou pouco mais para ser consumido com calma. Preferido de muitos antigos charuteiros.

Double Corona - Quase do mesmo tamanho do Churhill, varia de 16 a 18 cm, com 1,9 cm em média de diãmetro. Normalmente de sabor suave.

Corona - A minha bitola de preferência. Mede em média de 13 a 16 cm, com diâmetro variando em torno de 1,8 cm. Leva uns bons 40 minutos de puro prazer.

Robusto - Variam entre 12 e 14 cm por 2 cm de diâmetro. Normalmente são de sabor mais encorpado, mas há exceções. Excelente para após as refeições, duram em média de 45 a 50
minutos.

Graduado: - Bitola bem próxima do Corona, diferencia-se pelo diâmetro em torno de 2 cm.


Claro está, que as dicas acima são mais do que básicas e, por charutos serem feitos à mão - pelo menos as marcas melhores - os tamanhos e diâmetros podem variar. Existem outras denominações: panatelas, belicosos, compactos, pirâmides ou torpedos, e por aí vai. Mas isso é coisa que o iniciante vai descobrindo aos poucos, à medida que vai conhecendo melhor o fascinante mundo dos charutos.


Ok ! Escolheram o vosso charuto e chegou a hora de acender o bicho. O que fazer ? Esqueçam o "show off", e vamos para o básico, novamente.

Primeiro o corte: mantenha a guilhotina firme (cortador) e corte a uns 3 mm da cabeça do charuto (a ponta arredondada, lembre-se...)- normalmente no limite do acabamento da folha e da cabeça. Mas cuidado ! Se cortar demais a capa começará a soltar-se. Se assim não fizerem, a "puxada" não será boa. Com o tempo, pega-se o geito com facilidade.

Para acender use um fósforo longo, ou melhor, um corriqueiro isqueiro a gás (JAMAIS um desses a fluido como o laureado Zippo ou assemelhados). Mantenha a ponta do charuto a uns 5 a 7 cm de distância da chama. Gire seu charuto lentamente próximo à chama, sem sugá-lo, até que ele queime uma parte. Leve-o à boca e puxe suavemente até formar a primeira parte da brasa. Daí em diante o charuto queima fácil, se for um de boa procedência.

Deixe-o queimar bem, dando "puxadas" de 20 em 20 segundos em média. Verifique sempre a brasa até ela queimar por inteiro na ponta. Lembre-se que em charutos, assim como nos cachimbos, não se traga. Charutos pedem introspecção e desfrute bem devagar. Normalmente um charuto "fala" ao que veio a partir do segundo terço do seu comprimento, mas isso não é regra absoluta. Aliás, tratando-se de charutos não há regras absolutas.

Um dos segredos do bom charuto é a sua queima e isso vê-se pela cinza. O bom charuto tem uma cinza clara, regular e de aparência estriada, ao contrário dos inferiores que são mais escuras e em flocos. Ao contrário da crença popular, charutos de alta qualidade (premium) seguram pouco as cinzas, em média coisa de 3 a 5 cm antes de cair. Mas há quem se habitue a aguentar ao máximo a cinza do charuto (eu, por exemplo)...


Charutos são diferentes de cigarros, não se traga em absoluto. Existem os que apreciam inalá-lo e soltar pelo nariz, e isso não se traduz em falta de etiqueta, apenas é questão de hábito. Nisso, a "puxada" é fundamental. Normalmente puxa-se a cada 25 ou 30 segundos, mas aí é questão de costume. A fumaça - de preferencia, densa e de bom fluxo - deve percorrer a boca e ser expelida em pequenos halos. Há quem goste de fazer anéis de fumaça, nada contra. O sabor residual que persiste na boca é que vai determinar o seu grau de satisfação.

Há quem tenha o paladar treinado (não é o meu caso) para identificar traços de couro, madeira, café, terra húmida, noz moscada, óleos essencias, etc. Honestamente, só consigo sentir se é mais apimentado, suave, encorpado ou não. Isso em charutos normais, não consumo aqueles artificialmente flavorizados, que considero de baixa qualidade.

Enfim, para quem começa desaconselho charutos cubanos ou dominicanos, sem dúvida os melhores, mas com preços acima das possibilidades do comum dos mortais. Procurem outras procedências, Brasil, Colômbia, um pouco mais baratos. Mas aí é questão de escolha e de conta pessoal.

Boas fumaças...!

By Mestre Joca
(Fotos reprodução internet)

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