segunda-feira, 5 de outubro de 2009

George Harrison - All Things Must Pass

John Lennon e Paul McCartney tiveram carreiras bem mais prolíficas após a separação dos Beatles. Mas grande obra-prima de um ex-integrante do quarteto de Liverpool é "All Things Must Pass", de George Harrison. O motivo, entretanto, é mais do que óbvio. Como os álbuns dos Beatles se concentravam nas composições da dupla Lennon & McCartney, o guitarrista pouco podia mostrar do seu talento individual. Enquanto esteve nos Beatles, Harrison lançou dois discos, mas ambos eram instrumentais e experimentais.
Assim, "All Things Must Pass" pode ser considerado "um álbum com as canções de Harrison que não tiveram espaço nos discos dos Beatles".
"Isn't It a Pity?", composta em 1966, por exemplo, foi uma das canções oferecidas por Harrison para entrar num dos álbuns dos Beatles, mas que acabou por ser recusada. Durante as sessões de gravação de "Get Back", em Janeiro de 1969, outras músicas de Harrison foram recusadas, como "All Things Must Pass", "Hear Me Lord" e "Let It Down". O tempo veio a mostrar que Lennon e McCartney erraram, não só pela qualidade das faixas de "All Things Must Pass", mas também pelo facto de o álbum ter alcançado a platina sêxtupla, tornando-se o álbum mais vendido de um Beatle em carreira solo.
Na verdade, George Harrison compôs belíssimas canções que foram gravadas pela sua ex-banda, como "Something" (que Frank Sinatra dizia ser a canção de amor mais bonita do mundo), "While My Guitar Gently Weeps" e "Here Comes The Sun". Mas, com as personalidades (e o talento) de John Lennon e Paul McCartney, o guitarrista acabou por se conter, e ficar em segundo plano nos Beatles.
Sem os antigos companheiros, Harrison juntou um grupo de musicos, do melhor que havia na época, para gravar "All Things Must Pass", como Eric Clapton (que não teve o seu nome creditado na capa do álbum, porque pertencia ao elenco de uma gravadora diferente), Billy Preston, e Jim Gordon. O ex-Beatle Ringo Starr também participou e, segundo Harrison, tocou de 50 a 60% do disco. Phil Collins, dos Genesis, tocou congas em "Art Of Dying".
Produzido por Phil Spector, "All Things Must Pass" começou a ser gravado no estúdio de Abbey Road, poucos meses após a separação dos Beatles. O disco foi lançado em 1970, em formato triplo, tornando-se o primeiro álbum triplo de um artista solo na história. da música. Os dois primeiros discos traziam as canções ditas "oficiais", e o terceiro, intitulado "Apple Jam", era composto exclusivamente por "jam sessions" de Harrison ao lado de amigos.
No álbum, o guitarrista pôde mostrar o seu lado mais filosófico e espiritual, através de letras como as de "My Sweet Lord", "What Is Life" e "I Dig Love". Mas apesar da tranquilidade aparente das letras, a gravação de "All Things Must Pass" não foi das mais fáceis.
Algumas das sessões eram bastante longas. A preparação do som e dos arranjos, foi bastante demorada, pois Phil Spector, cria deixara o seu "Wall of Sound", bem vincado neste trabalho, para o que chegaram a ter dois ou três percussionistas, dois bateristas, quatro ou cinco violões, dois pianos e até mesmo dois baixos em apenas uma única faixa. As canções foram repetidas várias vezes, até que os arranjos ficassem prontos e o engenheiro na sala de controle, ao lado de Spector, conseguisse captar o som. A maioria das canções estava virtualmente viva", escreveu George Harrison na capa da edição comemorativa dos 30 anos do lançamento do disco, poucos meses antes de sua morte.
O maior sucesso do álbum foi, sem dúvidas, "My Sweet Lord", que começou a ser escrita durante uma tourné de Harrison com Delaney & Bonnie, no final de 1969. Entretanto, a canção acabou por dar uma grande dor de cabeça a George Harrison, pois foi foi processado pela banda The Chiffons, que alegava que o sucesso de Harrison era plágio da sua canção "He's So Fine", lançada em 1963. Mas o juiz acabou por decidir, que houve apenas uma cópia sem intenção por parte do guitarrista.
Além do gospel-rock "My Sweet Lord", fizeram igualmente muito sucesso, a faixa-título (uma pungente balada com ecos de blues), "Beware Of Darkness" (que lembra "While My Guitar Gently Weeps" e, que, assim como sucesso do "Álbum Branco", conta com um belo solo de guitarra de Eric Clapton) e "Isn't It a Pitty", aquela que os Beatles dispensaram.
A faixa de abertura, a balada "I'd Have You Anytime", é uma parceria de George Harrison com Bob Dylan, composta em 1968. Harrison ainda homenageou o amigo (com quem, mais tarde, veio a formar o supergrupo Traveling Wilburys), com uma versão para a música "If Not For You", que o compositor tinha acabado de lançar em seu álbum "New Morning". Reza a lenda que John Lennon teria participado da gravação desta faixa.
"All Things Must Pass" ficou em primeiro lugar nas listas de discos do Reino Unido por um período de oito semanas consecutivas. Na norte-americana foram mais sete semanas. Em 2003, a Rolling Stone incluiu "All Things Must Pass" na sua lista dos 500 discos mais importantes de todos os tempos. O álbum ficou na 437ª posição. Muito pouco para esta obra-prima…

Faixas:
1) I'd Have You Anytime
2) My Sweet Lord
3) Wah-Wah
4) Isn't It a Pity
5) What Is Life
6) If Not For You
7) Behind That Locked Door
8) Let It Down
9) Run Of The Mill
10) Beware Of Darkness
11) Apple Scruffs
12) Ballad Of a Sir Frankie Crisp (Let It Roll)
13) Awaiting On You All
14) All Things Must Pass
15) I Dig Love
16) Art Of Dying
17) Isn't It a Pity (Version Two)
18) Hear Me Lord

Por: Luiz Felipe Carneiro, na Esquina da Música

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

"Rehab" é a música mais influente da década

"Rehab", que tornou Amy Winehouse famosa em todo o globo, foi eleita a música mais influente da década pelo jornal britânico The Telegraph. O hit, parte do álbum Back to Black, de 2006, encabeça a lista de 100 canções que definem a cultura musical dos anos 2000.
A lista dos temas, traz estilos diferentes e não foi escolhida por meio de avaliação crítica - e tampouco é um rol de hits conhecidos, como informa a reportagem. Segundo a publicação, são "as músicas universais que entraram para a cultura popular e que viriam a transformar-se, em temas de referência das nossas vidas".
Graças "Rehab", Winehouse conquistou três Grammy, em 2008, nas categorias de gravação do ano, melhor canção do ano e melhor performance pop feminina. Na mesma edição deste evento, a artista recebeu outras duas estatuetas, de melhor artista revelação e melhor disco pop.
"Rehab", é autobiográfica. Nela, Winehouse diz que não quer ir para a reabilitação, e que não vai mais beber.É do conhecimento publico,que a cantora, se tornou no alvo preferido dos mídia,dado o abuso de drogas, comum no dia a dia de Amy.
Em segundo lugar na lista, aparece a banda inglesa Arctic Monkyes, com "I Bet You Look Good On The Dancefloor", faixa que também foi o primeiro sucesso do quarteto nas listas de vendas. O top cinco tem ainda "Crazy In Love", de Beyoncé, "Yellow", do Coldplay, e "Paper Planes", da cantora M.I.A., da banda sonora do filme Quem Quer Ser um Milionário?.
Black Eyed Peas, 50 Cent, Lady Gaga, Radiohead, Green Day, Madonna, Daft Punk e Jay-Z são alguns dos outros nomes que também são mencionados na lista.
A cantora Dido ficou na última posição, com "Thank You", lançada em 2001. Para conferir a relação inteira, cliquem aqui.

Este é o top 10 da lista:

1 - "Rehab" - Amy Winehouse
2 - "I Bet You Look Good On The Dancefloor" - Arctic Monkeys
3 - "Crazy In Love" - Beyoncé
4 - "Yellow" - Coldplay
5 - "Paper Planes" - M.I.A.
6 - "Bleeding Love" - Leona Lewis
7 - "Hurt" - Johnny Cash
8 - "Seven Nation Army" - The White Stripes
9 - "Can't Get You Out of My Head" - Kylie Minogue
10 - "Hey Ya" - Outkast

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Lizzie Bravo, a esperança de óculos


Lizzie Bravo, 58 anos de idade, foi retratada como “a esperança de óculos” na canção “Casa no campo”, famosa na voz de Elis Regina, e já trabalhou com grandes nomes da música brasileira, como Milton Nascimento, Zé Ramalho e Djavan. Mas, talvez, a sua maior façanha tenha sido a de dividir o microfone com John Lennon e Paul McCartney na gravação de “Across the universe”, quando tinha apenas 16 anos, nos lendários estúdios Abbey Road, em Londres.

O tema foi incluída na colectânea “No one’s gonna change our world”, no álbum “Rarities” e no segundo volume do disco “Past Masters”, dos Beatles - outra versão da música aparece no álbum "Let it be", lançado em 1970.

Em 4 de Fevereiro de 2008, exactamente 40 anos depois, a Nasa lançou a música no espaço, pela primeira vez na história da humanidade.

A então adolescente carioca não imaginava o quanto a sua vida mudaria depois de uma sessão do filme “A hard day’s night. Ao sair do cinema, ela já estava contaminada pela beatlemania. Com “Help!”,a segundo longa metragem dos Beatles,não foi diferente.

Em vez de se contentar com as fotos dos Fab Four nas páginas das revistas, a adolescente pediu aos pais uma viagem como presente,no dia em que completou os seus 15 anos, e foi para Londres em Fevereiro de 1967, sabendo que não voltaria a casa tão cedo.

“As pessoas ainda hoje não acreditam que se podia chegar perto deles”, conta Lizzie, que fazia parte de um grupo de fãs que frequentavam diariamente a porta dos estúdios da Abbey Road.
“Era um convívio diário”, diz. A nossa amizade foi sendo conquistada na base de bom comportamento até que, em Fevereiro de 1968, Lizzie e as suas amigas estavam atrás de uma porta de vidro no momento em que Paul saiu da sala e perguntou se alguém ali conseguiria sustentar uma nota aguda. A jovem, que fazia parte do coral do colégio,candidatou-se, levando com ela a sua amiga inglesa Gayleen Peese.

No estúdio estavam os quatro Beatles, o produtor George Martin, Mal Evans, Neil Aspinal, além do técnico de som e do seu ajudante. Eles precisavam de uma voz aguda para um coro de “Across the universe”.
“Foi bom nós estarmos calmas, porque senão nem teríamos gravado, eles teriam nos mandado embora do estúdio”, lembra Lizzie, que passou cerca de duas horas e meia ali e não recebeu qualquer pagamento pela sua participação no disco.
“Ficou um ambiente calmo, foi fantástico. Não tirei a minha câmera fotográfica da bolsa para fotografar, não pedi autógrafos, todas aquelas coisas que eu fazia no dia-a-dia, porque eu tive a consciência de que aquele era um momento único. Estava participando de uma gravação com os quatro Beatles ao mesmo tempo,com eles tocando ao vivo”, conta.

Uma das características do quarteto de Liverpool, segundo Lizzie, era o humor.
“Faziam muitas brincadeiras, contavam muitas anedotas. Durante a gravação, de vez em quando alguém dizia uma frase e todos os outros começava a tocar.Então aquela frase, por muito má que fosse, de repente transformava-se numa canção”, lembra.

“Eu tinha 16 anos e fiquei deslumbrada, mas só tive a noção do que realmente me acontecera, muito tempo depois. Eu cantei no mesmo microfone com o John Lennon,e depois com o Paul McCartney. Ter saído do Rio de Janeiro, onde eu morava, e ir para Londres cantar com um ídolo, é surreal. Quando ouvi a mimha voz na versão remasterizada, fiquei toda arrepiada.Não ouço Beatles a toda hora, mas quando oiço as músicas deles passa um filmezinho na minha cabeça.”
Dependendo da disponibilidade dos Fab Four, os temas das conversas com as jovens variavam.
“Quando Paul lia coisas sobre o Brasil no jornal, ele vinha, contava: ‘tem enchente no Rio de Janeiro’.”

 Os Beatles, aliás,receberam de Lizzie revistas sobre o Brasil e LPs de bossa nova, como um exemplar de “Os Sambeatles”, do Manfredo Fest Trio.
“Os Rolling Stones costumavam passar por lá antes de sair com os Beatles para a 'night'. Vi até o Brian Jones [que morreu em julho de 1969].”
Em troca de tanta dedicação, as fãs receberam do guitarrista George Harrison a canção “Apple scruffs”, que foi incluída no disco solo “All things must pass”.

Na faixa, o músico canta e toca acompanhado por Bob Dylan na harmónica. A letra diz:
“Vejo vocês aí sentadas / Quem passa olha espantado / Como se vocês não tivessem pra onde ir / Mas eles não sabem nada sobre as Apple Scruffs / Vocês estão aí há anos /
Vendo meus sorrisos e tocando minhas lágrimas / Faz tanto, tanto tempo / E eu sempre penso em vocês, minhas Apple Scruffs / Apple Scruffs, Apple Scruffs /Como eu amo vocês, como eu amo vocês”.

Lizzie explica o significado da homenagem.
“As secretárias da Apple eram muito chiques, todas produzidas, e nós era-mos muito crianças e não tinha-mos dinheiro para nos vestir-mos com aquele esmero.
Era bem evidente que elas trabalhavam do lado de dentro e nós ficava-mos do lado de fora”, conta Lizzie. “Fã é sempre visto de uma forma meio pejorativa e esse tema foi uma demonstração de muito carinho. Eles sempre foram muito atenciosos connosco.”
“É interessante pensar que existe um pouco da Penha, onde eu nasci, no catálogo dos Beatles”, observa.
“É uma adolescente Brasileira que está ali. Achei significativo termos ido para o espaço - os Beatles não foram sozinhos, eles levaram duas fãs.”

Só de Lennon, o seu favorito, Lizzie possui 16 autógrafos.
“Fui criticada por certos fãs por ter vendido algumas coisas da minha colecção, mas prefiro lembrar-me do momento.”
Para Lizzie, a separação do grupo, alguns anos depois, não a surpreendeu.
“O ambiente entre eles foi piorando até a dissolução, mas eu ainda assisti, a uma grande fase, em que eles estavam muito juntos. Depois nós começámos a perceber algo de diferente, era óbvio. Eles passaram a não ir mais juntos ao estúdio, a gravar separados, o clima mudou. Estavam todos casados, com filhos, a vida muda.Foi uma conjugação de factores. Acabou sendo positivo, porque eles terminaram no auge.”

Boa parte das memórias de Lizzie Bravo devem sair num livro, ainda sem data de lançamento, com mais de 100 fotos inéditas e trechos de seus diários de adolescente.
“São coisas muito singelas mesmo,de meninas e seus ídolos. Quando olho para as fotos penso que elas não são só minhas.”

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Cat Islam, de volta á estrada.

Há uma semana, Yusuf Islam anunciou uma digressão para os meses de Outubro e Novembro. Até agora, não passa de curta viagem de quatro datas no Reino Unido (Dublin, Birmingham, Liverpool e Londres). Contudo, o anúncio em si é notícia. Falamos afinal de Yusuf Islam, que outrora conhecemos como Cat Stevens.
Convertido ao islamismo em 1979, abandonou aí uma carreira que o tornara um dos nomes mais cintilantes do estrelato pop da década de 1970.Em 2006, fomos surpreendidos por "An Other Cup", o seu álbum de regresso.
Já este ano, chegou um novo disco,"Roadsinger", e com ele a ideia de um musical sobre a sua vida peculiar. De título "Moonshadow", o mesmo de um dos seus clássicos, prevê-se que estreie no início de 2010.
E, de facto, muito haverá para contar sobre aquele que em 1966, quando era adolescente de voz colocada e ar de "mod" elegante, irrompeu pela cena pop britânica.
Em 1976, de férias em Malibu, Cat Stevens foi dar um mergulho no mar californiano. Tinha sobrevivido à sua primeira morte artística quase uma década antes, quando, aos dezanove anos, acabou a vida de estrelato pop, de sexo, drogas, rock"n"roll e noites longas animadas pela companhia dos amigos íntimos Paul McCartney e Pete Townshend.
Uma tuberculose atirou-o para um asilo durante quatro meses, mais um ano foi passado em recuperação e, quando regressou, Cat Stevens já deixara para trás a imagem de quebra corações em fato de bom recorte, deixara para trás a pop de orquestrações opulentas que lhe conhecíamos de canções como "Matthew and son".
Naquele dia de 1976 em que foi dar um mergulho numa praia de Malibu, Cat Stevens já era esse outro, que nasceu depois da tuberculose: novamente mega estrela, mas com uma carreira que assentava em "trovadorismo de cantautor", qual psicanalista diagnosticando as ansiedades da sua geração com voz suave e barba de profeta - digamos que, em canções como "Peace train",ou "Morning has broken", acariciava uma geração à procura de respostas dos gurus, de guitarra em punho.
Em Malibu, Cat Stevens nadou e ficou preso nas fortes correntes do Pacífico. Lutou para regressar a terra, mas o mar puxou-o para longe.
Em desespero, contaria depois, gritou:
"Oh Deus!, se me salvares, trabalharei para ti".
No segundo seguinte, ergueu-se uma onda que o devolveu à costa. Ele que, nos anos anteriores, procurara no budismo uma resposta espiritual à insatisfação que, dizia, a fama e uma vida luxuosa não diminuíra, encontrou nesse episódio a solução.
Pouco antes, o irmão, regressado de Jerusalém, oferecera-lhe um exemplar do Corão.
Cat Stevens terminava ali a sua segunda vida.
A 23 de Dezembro de 1977, converteu-se oficialmente ao Islão, adoptando o nome Yusuf Islam.
Em Novembro de 1979, deu o seu último concerto.
Pouco depois, reuniu todos os seus instrumentos e leiloou-os.
Casou, abriu uma escola islâmica, tornou-se o mais famoso britânico convertido ao islamismo.
Até que, em 2005, depois de ter passado a década anterior a gravar álbuns infantis e canções devocionais (feitos apenas de voz e percussão), anunciou que voltara a pegar na guitarra e que preparava um álbum de música "secular".
"An Other Cup", de 2006, marcou o regresso.
Na capa lia-se Yusuf Islam, num autocolante nele colado, "o artista anteriormente conhecido como Cat Stevens".
A partir daí, aos olhos do público, renascia a sua carreira enquanto músico. Deu concertos, recuperou as suas velhas canções e editou em Maio deste ano um segundo álbum como Yusuf Islam, intitulado, "Roadsingere" que, mais despido e intimista que o seu antecessor, comparou a "Tea For The Tillerman"(1970), um dos mais momentos mais marcantes da sua discografia. Agora, há a digressão de quatro datas e o anúncio de um musical. Comparando a música que fazia antes, quando era Cat, e a que faz agora que é Yusuf, declarou em Maio passado ao Guardian: "Antes, escrevia sobre andar na estrada à procura de qualquer coisa. Ainda estou a escrever sobre essa viagem, mas agora tenho o luxo de ter um pequeno mapa no bolso".
O mapa, presumiu o jornalista doGuardian e presumimos nós, é o Corão.
Filho de um grego ortodoxo e de uma sueca protestante luterana, Yusuf Islam, que nasceu Steven Georgiou em 1948, em Londres, e cresceu no Soho, bem no coração do centro de teatros e entretenimento da capital inglesa - em pequeno, tinha por hábito subir ao telhado de sua casa para ver todas aquelas luzes e ouvir o rumor dos musicais subir das salas abaixo -, é hoje um dos mais destacados membros da comunidade islâmica londrina.
Benemérito, cede milhões por ano a caridade. Fundou a Small Kindness, associação que apoia órfãos e famílias necessitadas dos Balcãs ao Iraque e gere desde 1981 aquelas que se tornariam as primeiras escolas islâmicas britânicas e receber subsídios estatais - depois dos ataques terroristas de 7 de Julho de 2005, Tony Blair convocou-o para que reunisse um comité de aconselhamento do governo na questão do extremismo e desenraizamento da juventude muçulmana inglesa.
Porém, apesar da sua intensa actividade de beneficência e das várias distinções pelo trabalho no estabelecimento de pontes de compreensão inter-religiosas, o nome Yusuf Islam não tem escapado à polémica - quer como réu, quer como vítima.
Em 1989, ateou a polémica que envolveu o lançamento de Versículos Satânicos, de Salman Rushdie, ao considerar que a pena inscrita no Corão para uma ofensa a Maomé era,precisamente, a morte. Apesar de, posteriormente, ter afirmado que ele próprio, individualmente, não apoiava afatwa, lançada sobre o escritor pelo ayatollah Khomeini, justificando que dera tal resposta como estudioso principiante do Corão e que penas semelhantes para tais "crimes" seriam também encontradas na Bíblia, a sua imagem de moderado foi seriamente abalada - nos Estados Unidos, várias rádios deixaram de tocar a sua música e houve quem, sentindo-se traído, saísse à rua para destruir discos de Cat Stevens até então religiosamente guardados em casa.
Um ano depois, viu negada a entrada em Jerusalém pelas autoridades israelitas, que o acusavam de numa visita anterior, em 1988, ter doado dezenas de milhares de dólares ao Hamas, classificado como um grupo terrorista palestiniano - em 2000, fez nova tentativa de chegar à Cidade Santa e foi novamente proibido de o fazer.
No mundo pós-11 de Setembro, de réu passou a vítima. Estávamos em 2004 e Yusuf Islam viajava com a filha (foi pai cinco vezes) até Nashville, onde iria discutir um projecto musical com representantes de uma editora. Antes de chegar ao destino, Washington, o avião fez um desvio inesperado, aterrando naquilo que Islam, num artigo assinado para o Guardian, descreveu como um "aeroporto fantasma". Levados, ele e filha, para salas separadas, foram interrogados durante horas por agentes do FBI.
"Trataram-nos bem", escreveu, "mas havia uma dúvida insuportável a ecoar na minha mente: "Porquê?" Ninguém conseguia responder a essa questão".
Passadas algumas horas, a sua filha foi autorizada a seguir viagem. Quanto a ele, negada a entrada nos Estados Unidos pelo "desenvolvimento de actividades que poderão, potencialmente, estar ligadas a terrorismo", como justificou na altura à ABC um porta-voz da Segurança Interna americana (ainda a questão Hamas), foi conduzido até Boston e, no dia seguinte, repatriado para Inglaterra.
Regressaria aos Estados Unidos dois anos depois, já riscado da lista de potenciais terroristas ou apoiantes de terrorismo, para promover "An Other Cup".
Yusuf Islam, que voltou a pegar na guitarra depois do filho Mohammed, que mantinha, às escondidas do pai uma embrionária carreira musical, surgir em casa com uma, continua a desenvolver o seu trabalho de beneficência, mantém-se um muçulmano devoto que divide a sua vida entre a Londres natal e o Dubai, estado que considera exemplo de futuro para os países islâmicos.
Na biografia incluída no seu site oficial, diz-se numa posição única:
"Um espelho através do qual os muçulmanos podem ver o Ocidente e o Ocidente pode ver o Islão. É importante para mim ser capaz de ajudar a construir pontes sobre as barreiras culturais que outros têm por vezes receio de ultrapassar".
Agora, três décadas depois, é pela música que voltamos a ouvir Yusuf Islam, o artista anteriormente conhecido como Cat Stevens.
Prova-o a última polémica que o envolveu, quando acusou os Coldplay de, em Viva la vida, terem plagiado a sua "Foreigner suite", editada em 1973. Perdoou-os no mesmo momento:
"Não acho que o tenham feito de propósito. Eu próprio já me copiei sem o saber", declarou à imprensa britânica.
Pouco tempo depois, a World Entertainment News Network divulgou uma notícia que o acusava de misoginia, de não se dirigir a mulheres que não vestissem o véu islâmico. A agência foi alvo de um processo judicial, Yusuf Islam ganhou-o e doou a indemnização a instituições de caridade.
Agora que Yusuf Islam voltou a cantar como Cat Stevens, uma coisa daquelas nem atinge o estatuto de polémica.

Por Mário Lopes, no I

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Polanski, preso ao fim de 31 anos.

O premiado realizador de cinema Roman Polanski foi detido na Suíça por um mandato de prisão emitido há 31 anos nos Estados Unidos.
Polanski, de 76 anos, foi preso no sábado quando viajava para a Suíça para o Festival de Cinema de Zurique, aonde está a ser realizada uma retrospectiva da sua carreira.
Em 1977, nos Estados Unidos, ele admitiu ter mantido relações sexuais com uma jovem de 13 anos, o que é ilegal, mas fugiu para França antes de receber a sentença. Sem pisar terras americanas desde então, Polanski, recebeu à distância o Óscar de melhor filme pela obra "O Pianista", de 2002, que conta as memórias de um músico judeu em plena ocupação nazi de Varsóvia durante a Segunda Guerra Mundial.
Inicialmente indiciado por seis delitos sexuais, entre os quais pedofilia, o realizador, pode ter de enfrentar o resto da sua vida na prisão, se condenado.
A vítima no centro do caso, Samantha Geimer, hoje casada e com filhos, já pediu que as acusações contra Polanski sejam retiradas. Diz ainda, que a insistência da Justiça para que Polanski compareça perante um juiz americano é uma "piada cruel".
No início deste ano, um magistrado americano afirmou que houve má conduta do juiz original do caso, hoje falecido, mas determinou que Polanski deve voltar aos Estados Unidos para pedir a anulação do caso.
Com medo de ser julgado pela Justiça americana, Roman Polanski, já evitou inclusive, filmar as suas obras na Grã-Bretanha, que, como a Suíça, tem acordos de extradição com os EUA.

sábado, 26 de setembro de 2009

O LP dos Beatles, Abbey Road, completa 40 anos

Um ano antes de oficializarem a separação, em 1970, os Beatles lançaram nas lojas, um dos discos mais importantes da história do rock.
No dia 26 de Setembro de 1969, as lojas do Reino Unido foram abastecidas com Abbey Road, o 12º álbum de estúdio e último a ser gravado pelo quarteto.
Produzido e orquestrado por George Martin, popularmente reconhecido como o "quinto Beatle", o disco é o penúltimo lançamento dos Fab Four, antes de Let It Be, lançado em 1970 (mas gravado antes do Abbey Road).
Na sua versão original em vinil, Abbey Road possui dois lados de estilos diferentes, como forma de agradar a McCartney e Lennon.
Quinze faixas, totalizando 47 minutos e 24 segundos, foram compiladas com novos recursos tecnológicos surgidos naquele período - entre eles, a possibilidade de juntar oito canais de áudio (antes, eram usados apenas quatro) e o uso do sintetizador Moog (que permitia a produção de sons de forma eletrônica).
A distribuição, na primeira edição, trazia o lado A dedicado a Lennon, enquanto seu oposto era destinado a Macca - com canções mais curtas e quase ininterruptas.
De entre todas as composições, o guitarrista George Harrison finalmente "metia" dois hits,diria mesmo, eternos, entre as composições da dupla Lennon/McCartney: "Here Comes the Sun" e "Something".
Ringo Starr, por outro lado, conseguiu carimbar LP, com "Octopus's Garden".
No conceito original do disco, "The End" seria a última música a figurar na lista, porém, o álbum ainda teria uma outra canção, criada por Macca.
"Her Majesty", de apenas 23 segundos, havia sido posicionada entre "Mean Mr. Mustard" e "Polythene Pam", mas o músico não gostou do resultado e ordenou que a retirassem do conjunto. No entanto, John Kurlander, um dos engenheiros de som que trabalhou no disco, instruído a nunca se desfazer de nada dos Beatles, reposicionou a canção após 14 segundos do, de "The End". A decisão depois foi aprovada por todos os elementos da banda.
No disco, ainda aparecem "Come Together", "Maxwell's Silver Hammer", "Oh! Darling", "I Want You (She's So Heavy)" e "Because".
O título, por sua vez, foi inspirado no nome da rua onde ficam os estúdios Abbey Road, templo musical para a banda durante praticamente toda sua carreira. Antes de definirem o nome, porém, os Fab, pensaram em titular o disco, Everest, numa referência à marca de cigarros que o engenheiro de som Geoff Emerick fumava durante todas as sessões de gravação. Os Beatles, chegaram a pensar em viajar até á montanha mais alta do mundo para fazer a foto da capa.
Tirada numa única sessão de cerca de quinze minutos, a foto que ilustra Abbey Road transformou-se num ícone na carreira dos Beatles e na cultura pop. A imagem, feita por Iain Macmillan, perto do estúdio onde a banda gravava, regista a manhã do dia 8 de Agosto de 1969, em pleno verão londrino, na esquina das ruas Abbey Road e Grove End.
De seis fotos, McCartney foi quem escolheu a definitiva.
Curiosamente, Paul foi motivo de uma lenda, criada em cima da imagem, de que ele estaria morto na época do lançamento do disco. Há quem acredite que Macca teria sido vítima de um acidente de moto em 1966: diversos indícios na foto revelariam o ocorrido, a começar pelo facto do músico estar descalço, de olhos fechados, com o passo trocado relativamente aos outros colegas e segurando um cigarro com a mão direita (McCartney é canhoto).
Há igualmente quem acredite, e garante a pés juntos,que as letras "LMW" na placa do Volkswagen amarelo, que aparece na imagem representariam a frase "Linda McCartney Widow" (ou seja,Linda McCartney - sua esposa na época - Viúva).
Outra hipótese levantada diz que cada integrante representa um participante no funeral de Macca: John seria o padre (vestido de branco, com os cabelos compridos e barba), Ringo o responsável pela cerimônia (de fato preto), Paul o próprio cadáver (vestido a preceito e pés descalços, como um corpo dentro de um caixão) e George o coveiro (vestindo jeans e uma camisa comum).
Há quem diga ainda que um segundo automóvel negro estacionado na rua, no momento da foto, seria um modelo típico usado em funerais. O grupo, em movimento, também estaria andando em direção a um cemitério próximo a Abbey Road.
Rumores à parte, a imagem traz um quinto homem, de pé, no passeio à direita. Posteriormente, estee foi reconhecido como Paul Cole, um turista norte-americano que só descobriu a sua presença na foto, quando viu a capa do disco, meses depois.
Com tanta história nesta rua, é de se compreender que a placa indicando o nome da via tenha sido retirada pela prefeitura de Londres em 2007 para evitar roubos e os grafitti constantes. Uma última unidade do sinal de Abbey Road está a ser leiloada no site do eBay. O dinheiro apurado com a compra, será usado na rede local de transportes.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Michel Polnareff, o exilado.


Michel Polnareff, nasceu em 3 de Julho de 1944 em Nérac de Lot et Garonne (França).
O seu pai, Leib Polnareff,músico e compositor, teve várias composições suas, interpretados por Edith Piaf, Mouloudji, e os Compagnons de la Chanson, sob o seu pseudónimo artistico, Léo Pollna, na década de 50. Sua mãe Simone Lane, era bailarina.

Portanto, Polnareff,vivia rodeado de música, desde tenra idade, com o seu pai a iniciá-lo na música clássica, fazendo-o ouvir, e interpretar ao piano, os compositores clássicos da época, enquanto a sua mãe, Simone,lhe dava a conhecer temas de Gershwin e Cole Porter.
Naturalmente o pequeno Michel, assumia assim o papel de jovem prodígio, aprendendo a tocar piano aos 5 anos, e aos 11, em 1955, ganhou o seu primeiro prémio em teoria musical, um dos mais prestigiados prémios do Conservatório de Paris.

Criativo, o jovem compositor Michel, tinha como uma das suas maiores paixões, escrever as suas próprias orquestrações de Jazz, para peças clássicas famosas.

Chega então o serviço militar, e Polnareff,com 19 anos, assenta praça em Montluçon, aonde passa sete meses, a cumprir o serviço militar, tocando bombo, na banda do regimento. Quando foi desmobilizado, passou por vários empregos. Primeiro tentou uma agência de seguros, e depois uma agência bancária. Mas o mundo financeiro não era de modo nenhum, a sua praia.

É então que decide, tirar a viola do saco, e passa os dias em Montmarte, vagueando pelas ruas e pelo metro, tocando para os transeuntes, fazendo o que os ingleses chamam de "busking", ou seja, musico de rua. E enquanto ganhava o seu sustento, fazia o que mais gostava. Toca e cantava as suas composições, para um publico aleatório, que parava e se deixava prender pelo seu olhar andrógeno, pelas sua melodias, e o seu cabelo loiro comprido e encaracolado, que servia igualmente de ninho para a sua mascote...Um hamester branco, que passeava pelos ombros de Michel, enquanto este deambulava, pelo seu mundo mágico, de melodias enfeitadas com poemas românticamente desesperados.

Em 1965, Polnareff, participa num concurso, que teve lugar no "Locomotive Club", á época o clube mais "in" da noite Parisiense, e para sua surpresa, ganhou o primeiro prémio, sendo contemplado com o "Disco Revue", e um contrato para gravação de um 45 Rpm, pela Barclay. Mas Michel, que sempre controlou a sua carreira, recusou o contrato com a gravadora, por achar que não estava ainda preparado para assumir as responsabilidades inerentes a essa situação.

Felizmente, o seu grande amigo, desde os tempos de escola, Gerard Woog, apresentou-o a Lucien Morrisse, que viria a ser o seu empresário, e que era o director da famosa estação de rádio Europe 1, que lá convenceu Michel a gravar as suas composições, na AZ Records. Como era um espírito criativo, inovador, sempre atento ao que o rodeava, Michel, optou por gravar o seu primeiro single, "La poupée qui fait non", em Londres, aonde os estúdios eram mais bem equipados, com melhores produtores e engenheiros de som, algo que em França, ainda se encontrava em desenvolvimento.

Em Londres, Michel, sentiu-se como peixe na água, tendo trabalhado com vários vários "tubarões" ingleses, nomeadamente, Jimmy Page, ainda a trabalhar como músico de estúdio, enquanto preparava os Led Zeppelin, que em breve iniciariam o seu voo.

"La poupée qui fait non", lançado a 26 de Maio de 1966, foi um sucesso estrondoso, catapultando Michel, para o estrelato mundial, quase de imediato.

A ingenuidade transparente das suas melodias, colocou Polnareff, muito á frente dos seus colegas franceses, que apenas se limitavam a copiar o estilo Ié Ié, dos britânicos, sem grande sucesso, levando a colocar o "enfant terrible" dos Gauleses, na linha dos grupos e cantores hippies Americanos.

Essa diferença, de qualidade e estilo, seria definitivamente assumida com o hit seguinte de Michel. "Love Me Please Love Me", lançado em 1966,com a famosa introdução de piano, e com um poema suplicantemente romântico, era Polnareff puro.

Poucos meses após ter despontado no firmamento da pop musica mundial, Michel é agraciado com o prestigiado "Prix critique de la Rose d'Or d'Antibes".

E seguiram-se os sucessos, "Sous quelle étoile suis-je né?" e "L'oiseau de nuit" (1966), "Le rois des fourmis" e "Ame câline" (1967), "Le Bal des lazes" (composto por Pierre Delanoë, em 1968).

Estes sucessos, não foram só em França, atingiram igualmente toda a Europa, com especial referência, na Grã Bertanha, aonde, contra todas as expectativas,os temas de Michel, foram de um modo geral bem recebidos,tendo a imprensa Britânica, famosa pelo seu chauvinismo, classificado Polnareff como sendo um dos mais promissores novos valores na industria musical.

Paralelamente, houve edições de todos os seus discos, em Inglês,Espanhol, e Italiano, o que contribuiu, para aumentar o mito Polnareff, que teve inclusive,no Outono de 1967, um prémio na Alemanha, ao ser votado como o mais popular artista estrangeiro, desse ano,no país da cerveja e das salsichas.

Mas em Setembro de 1967, quando se preparava para a sua primeira actuação no mundialmente prestigiado Olympia de Paris, Michel, cancelou o espectáculo, alegando não ter experiência suficiente, para tamanho desafio. Foi o ponto departida para a imprensa francesa, se focar no fenómeno Polnareff, e nem sempre por causa do seu talento. A maior parte das noticias sobre Michel,tinham a vêr com o seu constante mudar de penteado, ou a sua forma desinibida de vestir.

A sociedade Francesa dos anos 60, era incrivelmente conservadora, e o estilo "avant-garde", das actuações do musico, aliado á sua forma de viver, não encaixavam em nenhum dos pré formatados grupos da sociedade Francesa, levando a que os jornalistas, o transformassem no alvo preferido das suas criticas, e fizessem dele o bode expiatório, das incapacidades,e frustrações da sociedade Gaulesa. Por sua vez, Michel, pura e simplesmente ignorava esse criticismo, e continuava a fazer aquilo que lhe dava mais prazer. Numa atitude de rebeldia e provocação, grava o "L'amour avec toi", com a lírica mais explicita possível. O resultado imediato.

O tema fosse banido em todas as estações de rádio Francesas, podendo esta ser apenas reproduzida após as 22 Hrs...Mesmo assim a popularidade de Polnareff não parava de crescer. Charles Trenet, ícone da época, não se associou ás criticas dos jornalistas franceses, e elogiava o trabalho de Michel, sendo nisso, secundado por Jean-Louis Barrault,famoso director teatral, que publicamente enaltecia o talento de Polnareff, e em 1968, convida-o a musicar a sua produção "Rabelais", deixando o compositor mais feliz do que nunca, já que esse convite lhe dava a oportunidade de se dedicar á sua actividade preferida, a composição. Na verdade o seu maior sonho, era compor uma peça tipo "West Side Story".

Em 1968, finalmente Polnareff sente-se com a confiança necessária para enfrentar o publico no Oympia de Paris, aonde alcança o merecido aplauso geral, avalizando o seu projecto seguinte. Uma série de gravações dos seus maiores sucessos entre 1969 e 1989. Grava entre outros "Tous les bateaux", o famoso "Dans la maison vide", que havia escrito em parceria com Jean-Loup Dabadie.

Em 1969, compõe a sua primeira banda sonora, para o filme "L'Indiscret" de François Reichenbach. Volta ao OLympia em 1970, nos dias 14, e 15 de Janeiro.

É por esta altura, que muda drásticamente o seu visual, aparecendo em palco com os seus caracóis louros a caírem sobre um par de óculos escuros, com uma gritante armação branca. O uso desses óculos, dão origem a uma série de rumores e suspeições, havendo quem afirmasse que Michel, estava a perder a vista, correndo o sério risco de cegar. Mas nada diso era verdade, e não passava de mais uma campanha da imprensa francesa, que não aceitava a sua aparência extravagante, e o seu modo de vida.

Em resposta, Polnareff edita "Je suis un homme", gritando o seu direito a viver como bem lhe aprouvesse, e esperando que a canção acabasse com as especulações acerca da sua sexualidade. Porém o efeito foi o oposto. Cresceram os ataques por parte das revistas cor de rosa, tendo Michel sido atacado em palco, por um espectador mais violento, durante um espectáculo em Périgueux, em Maio desse ano. Todos estes acontecimentos, a que se juntou o suicídio do seu empresário e amigo Lucien Morisse, provocou em Michel uma profunda depressão, que o atirou para a cama de um hospital nos arredores de Paris, aonde foi submetido a uma longa terapia, através do sono induzido. Em consequência, o espectáculo agendado para o Palais des Sports, aonde Polnareff actuaria acompanhado por uma orquestra sinfónica, foi cancelado.

Seria internado uma segunda vez, em Janeiro de 1972, de onde sairia em Maio, para realizar uma grande tournée, acompanhado apenas por quatro músicos Escandinavos. A tournée terminaria em Setembro, e no mês seguinte, Polnareff actuava, por fim, no Palais des Sports,mas apenas como pianista convidado de Johnny Hallyday. Este retribuiria, a cortesia, juntando-se a Polanreff,no palco do Olympia no ano seguinte para interpretar em duo, um medley de clássicos do Rock And Roll.

Nos finais de 1971,concentrou toda a sua energia na composição de mais duas bandas sonoras para os filmes,"Ca n'arrive qu'aux autres", de Nadine Trintignant, e "La Folie des grandeurs", comédia de Gérard Oury, estrelado por Yves Montand e Louis de Funès.

Com a depressão controlada, fazendo exercício físico, Michel conseguiu equilibrar a sua saúde mental, e compõem em 1972, os brilhantes,"Holidays", "La mouche"e "On ira tous au paradis", sendo esta mais uma parceria com Jean-Loup Dabadie. Mas,depois desta bonança, viria mais uma tremenda tempestade.

No Outono de 1972, Michel, deu inicio a uma enorme campanha publicitária que visava o lançamento do seu novo super-show,"Polnarévolution" que teria lugar no Olympia, de 6 a 22 de Outubro de 1972. A campanha publicitária, tinha o seu ponto forte,na colagem de 6.000 posters, por toda a França, nos quais, Michel aparecia de costas, de chapéu óculos brancos e uma camisa, mostrando as suas nádegas, numa nudez provocatória. Como era de esperar rebentou um novo escândalo Polnarefrr, com este a ser conduzido ao tribunal de Paris em 8 de Dezembro de 1972, acusado por prática de "indecente nudez", a ser considerado culpado, a pagar a multa de 10 Francos por cada póster.

É claro que o póster, tornou-se num "must" para os coleccionadores, e a publicidade, resultou em pleno. Ao entrar no palco do Olympia de Paris, naquele Outubro de 72, acompanhado pelos Dynastie Crisis, Michel Polnareff, foi recebido por uma estrondosa ovação pelo publico que esgotara a sala mais carismática do mundo. Et Vive Polnareff Libre, poderia ter dito o General Degaulle...

Seguiram-se mais duas fantásticas tournées com este "Polnarévolution", uma ao Japão, e outra começada na Polynesia, e terminada na América do Norte, via Oceano Índico.Foi a consagração mundial.

Se Michel controlava toda a sua carreira no que dizia respeito ao lado artístico, o mesmo não se pode dizer em relação ás suas finanças, que ele entregara a Bernard Seneau, homem sem escrúpulos, que com Michel ausente nas tournés, "limpou-lhe" as contas e desapareceu, deixando para traz um rol imenso de dividas principalmente ás finanças francesas, a quem deixou de pagar mais de um milhão de francos. Sob a alçada do fisco, Michel não podia voltar á sua pátria, pois assim que desembarcasse, era logo preso. Então, drásticamente, em 1973, muda-se de armas e bagagens, para Los Angeles, USA, após uma estadia de três meses em Nova York. Ainda por lá se mantém, sem intenções de regressar a França, que tão mal o tratou.

Após um período de descanso e alguns momentos de depressão, devido á morte de sua mãe, Michel assina um contrato coma a Atlantic, em 1974 e edita o seu primeiro álbum no exílio. "Tibilli", sem grande sucesso. Em 1975,edita o single "Jesus for Tonight" retirado do álbum "USA", quase todo cantado em inglês,e entra nas listas dos 45 Rpm, mais vendidos da Bilboard, aonde alcança uma significativa 35ª posição. Seguiu-se uma nova tournée pelo Japão, e em 26 de Outubro, é marcado um mega concerto, a ter lugar na Bélgica, na Forest-National en Bruxelas, organizado pela RTL, já que espectáculos em França, estavam fora de questão, pois Michel era procurado pelas finanças, e seria logo preso ao aterrar em solo francês.

A RTL, pôs á disposição de todos os Franceses que quisessem assistir ao espectáculo, numerosos autocarros e comboios que transportaram os milhares de fãs Franceses, que ao chegarem ao local do espectáculo, se depararam com o palco sem a respectiva sonorização,já que os camiões que transportavam todo o sistema de som e luzes, estavam atrasados. Não foi isso que impediu Michel de subir ao palco, aonde improvisou, com o que tinha á mão, um espectáculo acústico, terminado em apoteose, com os milhares de fãs franceses a aplaudirem freneticamente,o seu exilado ídolo.

De volta aos States, compõe mais a banda sonora para o filme "Lipstick", que tinha como actriz principal, Margaux Hemingway, dirigida por Lamont Johnson. O filme foi um flop, mas o tema principal, Lipstick, encaixou-se na onda Disco, que era a grande moda,nos anos 70, e foi um grande sucesso, nas disco nights, em todo o mundo.

Em 1977, com as saudades da sua pátria, aonde não poderia ainda retornar, a fazerem estragos no seu intimo, Michel compõem a nostálgica "Lettre à France", que seria pronominatória, já que no ano seguinte, Michel, voltaria a França. Haviam decorridos cinco anos.Conseguiu um acordo judicial, aonde embora o seu contabilista,Bernard Seneau, tivesse sido considerado culpado pela fraude fiscal, Michel teve que pagar a avultado multa, de mais deum um milhão de Francos Franceses, ás finanças.
Aproveitando a sua estadia em França, Michel promove o seu novo álbum, "Coucou me revoilou" - Olá, estou de volta, tradução livre - que apesar dos sucessos de,"Lettre à France" e "Une simple Mélodie", singles retirados do álbum, este, não originou, nada de maior relevância.

Em 1979, faz a sua quarta, e última tournée ao Japão, aonde mais uma vez tem enorme sucesso junto dos seus fãs Japoneses.

Dois anos depois, 1981, edita o seu álbum,"Bulles", que vendeu mais de um milhão de cópias. Com um som muito eighties, utilizando pela primeira vez, caixas de ritmo, e com uma enorme preponderância de sintetizadores, originou uma série de singles tais como "Tam Tam" e o famoso "Radio".

Apesar do seu exílio forçado, o publico Francês, manteve-se sempre fiel á musica de Polnareff, e as vendas de "Bulles", foram extraordinárias, o que o levou a gravar um concerto especial, para a televisão Francesa, durante o qual, Michel tocou temas do seu novo álbum ,"Telé 82".

Em 1984, Polnareff compõem mais uma banda sonora para a comédia, "La vengeance du serpent à plumes", de Gérard Oury, estrelada pelo grande comediante Francês, Coluche.

Em 1985, é lançado o álbum "Incognito". São retirados dois singles, "Dans la rue" e "Viens te faire chahuter", mas as vendas são modestas, nada comparáveis ao anterior "Bulles". Talvez por isso mesmo, em Junho de 1989, é editado o single, "Goodbye Marylou". A partir daí Michel desaparece da sena musical,de Los Angeles, e a imprensa da especialidade, especula, e lança boatos, noticiando que Michel Polnareff está gravemente doente, ou então que se terá retirado para um local secreto.

 Na verdade, Michel estava em França, hospedado no luxuoso Hotel Royal Monceau, aonde se instalou numa enorme suite, a numero 128, que transformou em estúdio, e aonde ao mesmo tempo que promove festas com os seus amigos de longa data e que com quem não convivia, havia muito tempo, grava o seu novo álbum,"Kama Sutra", com o produtor Inglês Ben Rogan, e tendo Mike Oldfield, - o mesmo do "Tubular Bells" - nas guitarras. "Kama Sutra", é lançado em 18 de Julho de 1990, e nele é incluído o hit single " Goodbye Marylou" - editado anteriormente - e que contribui para que o álbum seja um enorme sucesso de vendas, já que o tema passa a ser o de maior sucesso em toda a sua carreira. São ainda lançados os singles "LNAHO", "Toi et moi", bem com a faixa que dá o nome ao álbum, "Kama Sutra".

Em Outubro de 1994, três meses antes de completar 50 anos, Polnareff é operado ás cataratas, já que este problema se agravara de tal forma, que quase cegava.

Volta aos USA, em 1995, fixa-se em L.A., e dedica-se a produzir o seu próximo concerto, que acaba por acontecer a 27 Setembro de 1995, no famoso Roxy, em Sunset Boulevard. Acompanhado por, Alex Acuna dos Weather Report, na percussão, Sam Sims no baixo, e Dick Smith na guitarra, Polnareff percorre toda a sua carreira musical, com novos arranjos dos seus sucessos do passado ao presente.

"Polnareff par Polnareff", foi o nome escolhido para a sua autobiografia, escrita com a colaboração do jornalista, Philippe Manœuvre, e posta a venda em Novembro de 2004, sendo logo á partida um best seller, indicando que o fascínio do publico Francês por Michel, se mantinha inabalável.
Em 12 de Março de 2006, Michel Polnareff, aparece no noticiário das 8 das estações televisiveis, da rede nacional, anunciando o seu tão esperado concerto em França.

Será de 2 a 14 de Março de 2007, no Bercy stadium, em Paris. As linhas telefónicas, e a Internet, "crasharam" sob a avalanche de pedidos de bilhetes para o evento. Foram vendidos 100.000 bilhetes, esgotando no espaço de poucos dias, a lotaçaõ para todos os dias do concerto.Foi considerado o Evento Musical do Ano, em França.

Em 17 de Março de 2007, Michel Polnareff é agraciado com a "Victoire d'honneur", pelo governo Francês, homenageando assim a carreira musical do seu filho pródigo, agora acolhido ternamente nos braços da arrependida Mãe Pátria.

Et Vive La France.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Filha de John Phillips, dos Mamas and Papas, confessa incesto com o seu pai

Mackenzie Phillips, filha de John Phillips, líder da banda norte-americana "The Mamas & The Papas", confessou que manteve relações sexuais com o seu pai, e que ele a introduziu no mundo das drogas, segundo a revista People.
Mackenzie, de 49 anos, antiga estrela adolescente da série "One day at a time", exibida de 1975 a 1984, e ex-viciada em drogas - presa em 2008 por posse de heroína e cocaína -, decidiu revelar o seu passado no livro "High on arrival”, que será posto á venda, hoje, quarta-feira, 23 de Setembro de 2009, nas livrarias dos Estados Unidos.
Em tom autobiográfico, Mackenzie conta o como seu pai, John , responsável por sucessos musicais dos anos 60 como "California dreamin'" e "Monday monday",abusou sexualmente dela quando ambos estavam sob a influência de drogas.
"Meu pai era um homem que não conhecia limites. Era cheio de amor e viciado em drogas. Acordei uma noite após estar inconsciente, dado o consumo exagerado de drogas e fiquei completamente surpreendida, por estar a fazer sexo com o meu próprio pai", disse Mackenzie, que não sabe dizer quantas vezes isso se repetiu.
Mackenzie perdeu o controle da sua vida em 1980, quando foi despedida do programa de TV por se víciada em drogas, e chegou a frequentar um Centro de Reabilitação com o seu pai.
Durante esse período, o incesto era algo consentido.
"Eu era um fragmento de pessoa e o meu segredo isolava-me”, escreveu ela no livro, no qual contou como o seu pai propôs fugir para um país que aceitasse tais práticas.
"Talvez em Fiji", disse, referindo-se às palavras de seu pai, que ela afirma não odiar.
Mackenzie declarou que teve relações sexuais com o seu progenitor, na noite da véspera de seu casamento, quando ela tinha 19 anos e estava noiva de Jeff Sessler, quando, estava em turnée com os Rolling Stones em 1979.
A autora explicou ainda que foi o seu pai quem a apresentou ao mundo das drogas e foi ele quem injetou a sua primeira dose de cocaína, declarou na entrevista dada a Oprah Winfrey e publicada no site da revista "US Weekly".
Mackenzie também indicou que na sua juventude, o vocalista dos Rolling Stones Mick Jagger tentou seduzi-la.
John Phillips morreu em 2001, aos 65 anos, vítima de um ataque cardíaco em Los Angeles.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

"The Beatles: Rock Band": Não dá para errar.

Quando apareceram as primeiras consolas da Nintendo, não resisti, e cheguei a passar 18 horas de controle na mão, a explorar as canalizações subterrâneas, do mundo do Super Mário. E gostei. Depois passei ao Zelda, e fartei.
Mas agora, que os jogos até têm musica dos Beatles, estou a pensar, em começar a guerrear aqui em casa com os meus "Kaninas", pela posse dos ditos comandos.
Ainda por cima, todos aqueles com quem falo, e que se interessam pelo assunto, já compraram, ou vão comprar, o "The Beatles-RockBand".
Agora a machadada final, foi-me dada pelo, Luiz Felipe Carneiro, com este post na esquina da música do SRZD. Enquanto vocês o lêm, eu vou ali comprar o dito. Divirtam-se.

"Resisti durante muito tempo à febre de jogos como "Guitar Hero" e "Rock Band". Aquela coisa de ficar apertando teclas coloridas numa guitarra de plástico pode parecer complicada para uma pessoa que, além de não ter a mínima coordenação motora, sofre de problemas na coluna. Mas confesso que fiquei entusiasmado no dia em que arrisquei. Muita gente diz que os fãs desse tipo de jogo deveriam aprender a tocar um instrumento de verdade ao invés de ficar apertando botões coloridos.
Na minha opinião, isso é tolice. Seria a mesma coisa que dizer que o fã de "Winning Eleven" deve jogar futebol na rua ao invés de ficar na frente do computador ou do PlayStation. Assim como é agradável ter a oportunidade de jogar com um Kaká ou um Cristiano Ronaldo, podem ter certeza que também é muito divertido, tocar como o Slash ou como o Kurt Cobain.
Mas nada pode dar mais gozo a um fã de música do que tocar na "pele" de John Lennon, George Harrison, Paul McCartney e Ringo Starr.
"The Beatles: Rock Band" mostrou porque era o jogo mais esperado de todos os tempos. O video é um verdadeiro museu dos Beatles. Cada música corresponde a uma espécie de videoclipe, desde as seminais apresentações no apertado Cavern Club até ao show final no telhado da Apple. E não esquecer, o Shea Stadium, Budokan, Ed Sullivan... As canções que jamais foram interpretadas em shows pelos Beatles ganharam "estilosos" videoclipes.

Durante o fim de semana, fiz de John Lennon e George Harrison (deixei Paul McCartney e Ringo Starr para depois) em frente á televisão. De caras, notei duas coisas que acontecem neste jogo.
Em primeiro lugar, a alegria que uma música dos Beatles é capaz de proporcionar. Lógico que sempre soube disso. Mas, acreditem, munido desses instrumentos de plástico, a sensação é muito melhor.
Em segundo lugar, e mais importante, cheguei à conclusão de que não dá para errar no jogo.
Pode-se, errar um trecho do solo de "Sultans Of Swing", dos Dire Straits, ou no solo de guitarra de "Run To The Hills", dos Iron Maiden.
Mas música dos Beatles não dá para errar. É como se fosse um pecado!"

domingo, 20 de setembro de 2009

Paul, é o mais querido pelo público, nos USA.

Uma pesquisa do instituto Zogby, nos USA ouviu 4.837 adultos norte-americanos, para saber, qual dos Beatles é o mais popular entre o público,
Paul McCartney encabeçou a lista dos Beatles favoritos nos EUA, mas quase um quarto dos entrevistados disse não gostar dos Fab Four.
Além disso, três por cento dos 4.837 adultos norte-americanos consultados na pesquisa disseram não conhecer a música dos Beatles suficientemente bem para se pronunciarem sobre o grupo.
Quase 30% dos entrevistados escolheram McCartney, em comparação com 16% que escolheram John Lennon, 10% que optaram por George Harrison e 9%, Ringo Starr.
"Os norte-americanos acima dos 30 anos, gostam de Paul", disse John Zogby, presidente da Zogby International, que realizou a pesquisa.
"Devem ser as balada de amor e sobretudo 'Yesterday',compostas por Paul,que influenciaram os entrevistados, a decidirem, que McCartney é o mais popular dos quatro rapazes de LIverpool. Zogby opinou ainda, que a popularidade de McCartney, se deve igualmente à sua aparência, á sua longevidade e ao facto de ainda estar activo no mundo da música.
"Há um outro dado interessante a reter. John Lennon, é o mais votado pelas pessoas que nunca vão à igreja", acrescentou ele.
Os Beatles estão a passar por um renascimento nas listas de vendas de CDs, graças ao relançamento dos álbuns remasterizados do grupo, considerado como sendi a banda, mais bem sucedida de todos os tempos.
Os 22% que disseram não gostar dos Beatles podem ser parte do "grupo dos que dizem não a tudo", acrescentou Zogby.
A maioria dos que disseram não estar familiarizados com a música do grupo tem 70 anos ou mais.
Também foi lançado o jogo "The Beatles: Rock band", que coloca o jogador na pele dos músicos do quarteto.A banda vendeu 626 mil cópias do jogo durante a semana que terminou em 13 de Setembro.
Dos CDs remasterizados,"Abbey Road" e "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" estão entre os mais vendidos.
A Disney informou também,que vai fazer uma nova versão em 3D do filme animado "Yellow Submarine" de 1968.

sábado, 19 de setembro de 2009

George Harrison, rendido á mestria de Domingos Machado.


Domingos Machado tem uma regra: da sua colecção pessoal não sai um único instrumento.
"Se me pedirem, faço cópias", costuma dizer. Mas o artesão de 73 anos fez questão de abrir uma excepção a um cliente muito especial: George Harrison.
Desde o princípio dos anos 90 que a pacata freguesia de Tebosa, às portas de Braga, se habituou a receber a visita de alguns músicos famosos. À data, o que é hoje o Museu dos Cordofones não passava da modesta casa de um artesão, cuja arte atravessara várias gerações da família. Foi ali que decorreram os encontros discretos entre as estrelas internacionais e o artífice português.
"O nosso compromisso era nunca revelar a presença deles", recorda Domingos Machado. "Costumavam ficar na casa de um músico alemão, Oliver Serrano, que estava radicado no Alto Minho. Era meu amigo e foi ele que trouxe alguns dos meus mais ilustres clientes."
Há muito que a arte de Domingos ganhou fama e começou a atrair músicos de toda a Europa. Numa dessas visitas secretas, bateu-lhe à porta um dos mestres do folk britânico, Donovan, que estava em Portugal para um espectáculo. Mas não só: trazia uma encomenda de um cliente-mistério.
"George Harrison tinha ouvido uma das minhas guitarras e pedira ao Donovan para me visitar", recorda Domingos Machado.
A guitarra, hoje exposta num museu londrino dedicado ao músico, é conhecida como viola de fado ou viola francesa de luxo.
"É feita com material de primeira, tem embutidos em madrepérola, tampo em pinho-de-flandres, e a estrutura em pau-santo", orgulha-se o artesão, enquanto solta uns acordes para a fotografia. O negócio rendeu-lhe "320 contos" (1600 euros). Teve ainda direito a uma dedicatória de Donovan no livro de honra do museu:
"Estou encantado por entregar pessoalmente a guitarra de fado a George Harrison. E espero ansiosamente pela minha."
Anos mais tarde, o ex-Beatle fez outra encomenda: um cavaquinho. Desta vez, Domingos Machado não foi à sua colecção:
"Construí um de propósito." Oliver Serrano, o músico alemão que conhecera os Beatles em Hamburgo, foi quem o entregou ao guitarrista. Poucos dias antes de morrer, Harrison ofereceu-o a Paul McCartney, que viria a usá-lo num disco.
É nas traseiras da casa onde vive, num pequeno anexo, que Domingos Machado e o filho transformam a madeira bruta em dezenas de instrumentos, como guitarras, bandolins, violas ou cavaquinhos.
"A bancada está a precisar de reforma", brinca, apontando para a mesa onde se acumulam latas de verniz, tubos de cola e ferramentas. Numa outra divisão há uma adega improvisada, onde Domingos recebe as visitas. Foi ali, de copo de vinho branco caseiro na mão, que o artesão privou com António Chainho, Rão Kyao, Júlio Pereira e José Mário Branco.
Amália Rodrigues também lá esteve, em Março de 1999.
"Venho aqui pedir-lhe para me ensinar guitarra, pode ser?" Domingos aceitou, mas a diva do fado morreu pouco depois.

por André Rito, Publicado em 17 de Setembro de 2009,no I -
Fotografia: nelson d?aires/kameraphoto

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Jimmi Hendrix, morreu há 39 anos.

Em 18 de Setembro de 1970 o cantor,guitarrista e compositor norte-americano Jimi Hendrix, 27 anos, foi encontrado morto no apartamento da sua namorada, Monika Dannemann, em Notting Hill, Londres. As circunstâncias completas da sua morte permanecem desconhecidas até hoje, mas de acordo com a namorada do músico e com o médico que o atendeu inicialmente, Hendrix teria tomado nove comprimidos de um remédio para dormir e tido uma overdose.
Numa declaração feita durante um processo por posse de drogas, no qual foi absolvido, Hendrix teria admitido ser usuário de drogas como maconha e haxixe. Uma de suas composições mais populares, Purple Haze, supostamente faz referência à uma experiência do cantor com uma determinada variedade de LSD.
Descendente de negros e índios Cherokke, Johnny Allen Hendrix nasceu em 27 de Novembro de 1942, em Seattle, Washington. A sua infância foi marcada pelo divórcio de seus pais, em 1951, e a sua adolescência pela morte da mãe, em 1958, quando tinha apenas 16 anos.
Hendrix teve a sua primeira guitarra aos 15 anos, um presente do seu pai, e aprendeu a tocar o instrumento praticando constantemente, observando guitarristas experientes e ouvindo diversos discos. Depois de tocar com algumas bandas pequenas de Seatle, Jimi Hendrix alistou-se no exército, onde ficou menos de um ano.
Em seguida entrou para a banda Jimmy James and the Blue Flames e realizou alguns shows em Nova Iorque, onde foi descoberto por Chas Chandler, baixista dos Animals, que decidiu levá-lo para Londres e ajudá-lo a formar uma nova banda: The Jimi Hendrix Experience.
Com as músicas Hey Joe, Purple Haze e The Wind Cries Mary, Hendrix estabeleceu-se rapidamente como uma importante estrela do rock do momento e, posteriormente, da história.
Jimi Hendrix é tido por outros músicos e profissionais da indústria musical como um dos mais importantes guitarristas da história do rock, e um dos artistas mais influentes da sua geração. Influenciado pelos blues, com nomes como B.B. King, Muddy Waters e Albert King, e por guitarristas do Rhythm and Blues como Curtis Mayfield, Jimi Hendrix foi o responsável por popularizar recursos como a microfonia, a distorção e outros efeitos especiais nas asuas presentações, tornando os seus shows incendiários.
As suas apresentações nos festivais de Woodstock e da Ilha de Wight são considerados memoráveis até hoje.

Músicos brasileiros regravam Beatles para celebrar 40 anos de 'Abbey Road'

Em 2008, Marcelo Fróes, juntou um grupo de mais de 90 artistas da música brasileira para comemorar os 40 anos de lançamento de "The Beatles",clássico da banda conhecido como “Álbum branco”.
Agora, menos de um ano depois, o produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes volta a escarafunchar no baú dos Fab Four para resgatar todas as canções de John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr nascidas em 1969 e produzir uma nova homenagem a outro quarentão, o disco “Abbey road”, o último e o mais vendido do quarteto.
“Muita gente queixou-se de não ter participado na homenagem ao ‘Álbum branco’. Perguntavam-me se eu iria fazer algo semelhante de novo. Isso acabou por me motivar. Então, surgiu o projecto 'Beatles'69'",explica Fróes, questão de ressaltar que não se trata de um tributo, mas, sim, de um “estudo de repertório”.
Ao todo, 63 artistas participaram da empreitada, que foi transformada em três CDs de 21 faixas cada um - todas gravadas em inglês. O elenco inclui Ivan Lins,João Donato, Paula Morelenbaum, Frejat, Detonautas, Capital Inicial,Jota Quest, Ultraje a Rigor e Wanderléa, entre outros.
Fróes conta ainda que cada artista licenciou por conta própria, a sua música, o que acabou baixando sensivelmente os custos do projecto, que deve ser lançado até ao final deste mês de através de um sêlo independente.
“Praticamente foram todos contactados, e concordaram em participar, com excepção de alguns casos raros de desistência por problemas de agenda”, diz o produtor. Para ele, uma ausência foi mais sentida.
“Teríamos Sá, Rodrix & Guarabyra, mas,infelizmente, isso não pôde ser possível”, lamenta Fróes, referindo-se à morte do cantor e compositor Zé Rodrix,ocorrida em 22 de Abril deste ano, aos 61 anos.
“Mas, numa próxima oportunidade, Sá & Guarabyra vão participar”, afirma.
O projecto ainda traz algumas curiosidades, como o encontro virtual entre Milton Nascimento e Elis Regina na faixa "Golden Slumbers/Carry that weight" e a gravação da música "How d' you do”, de Paul McCartney, na voz de Mallu Magalhães. A canção foi engavetada pelo ex-Beatle, em 1969, e manteve-se na gaveta, até agora.
A paixão pelo conjunto inglês também fez com que dois dos mais conhecidos cantores brasileiros participassem do projecto: o paraibano Zé Ramalho, que regravou “Another day” (esta já da fase solo de McCartney, porém composta em 1969 quando o músico ainda era um integrante da banda); e o cearense Fagner, com uma releitura de “The long and winding road”.
“É a realização de um sonho. É uma música que eu sempre cantei a vida toda. Cheguei a fazê-la ao vivo algumas vezes, sozinho, ao piano. Finalmente tive a oportunidade de a gravar. Fiquei muito feliz em participar”, declarou Fagner.
Zé Ramalho, que recentemente dedicou discos inteiros a Raul Seixas, Luiz Gonzaga e Bob Dylan, explica que sente “um prazer muito grande” ao regravar estas canções. E revela os seus métodos.
“Procuro sempre colocar elementos de MPB e de música do Nordeste, como sanfonas, além da minha interpretação pessoal”.
E por quê “Anoter day”?
“Assim como ‘Eleanor Rigby’, esta canção fala sobre pessoas solitárias, que têm uma história triste, esperando que algo lhes aconteça e os tire dessa solidão. São coisas com as quais me identifico muito”, explicou o cantor, que não descarta a possibilidade de um projecto “Zé Ramalho canta Beatles”.
“É uma idéia que estou a amadurecer”, diz, criando um tabú.
O cuidado com a produção também pode ser visto na arte do projecto. Todas as fotos que ilustram as capas dos CDs foram concebidas pelo designer Ricardo Leite, seguindo um conceito que deve agradar aos fãs da banda.
"Quem nunca visitou Abbey Road, não sabe como é a rua londrina [aonde fica o estúdio homônimo que está na capa do disco original] por outro ângulo. Por isso, resolvemos retratar o lugar de maneiras diferentes: a versão clássica da capa original, com pequenas actualizações sobre a fotografia de Iain MacMillan; a visão oposta à da foto dele; e o que os Beatles estariam a vêr quando atravessavam a rua, no momento em que a fotografia foi tirada"- explica Leite.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O Magic Dragon, levou a Mary...

Mary Travers, cantora que se tornou famosa como sendo um terço do trio Peter, Paul and Mary, morreu na passada quarta feira, 16 de Setembro de 2009, aos 72 anos, no hospital Danbury, no estado americano de Connecticut.
A notícia da morte foi divulgada pela porta-voz do grupo, Heather Lylis. A cantora lutava havia anos contra a leucemia.
Junto a Peter Yarrow e Noel Paul Stookey, Mary formou, no início dos anos 1960, o trio que se tornaria conhecido pelo activismo político,dentro e fora do palco, e por apoiar, nas canções que gravava, as questões mais candentes de seu tempo. A versão do trio para a música "If I Had a Hammer", de Pete Seeger, gravada em 1963, tornou-se num hino pela igualdade racial nos Estados Unidos. A canção chegou a ser recuperada no ano passado durante a eleição de Barack Obama. Outros sucessos do grupo incluem Lemon Tree, Puff (The Magic Dragon), Leaving on a Jet Plane.
Nomes de destaque do resgate americano do folk nos anos 1960, Peter, Paul and Mary foram intérpretes frequentes de outra estrela do mesmo movimento, um então jovem compositor: Bob Dylan. A versão do trio para "Blowin' in the Wind", gravada em 1964, tornou a música num sucesso de audiência mundial, e alcançou o topo das listas dos discos mais vendidos na época, ajudando a transformar a enigmática canção num hino pacifista dos anos 60.
O engajamento político do grupo estendia-se para além dos palcos: protestaram activamente contra a Guerra do Vietnãme e a favor das liberdades civicas.
Nascida em Louisville, no Kentucky, USA, em 1936, Mary Allin Travers mudou-se ainda adolescente para Nova York para cursar a renomeada, Little Red School, da qual foi expulsa.
Passado algum tempo, trabalhando como cantora, Mary juntou-se a Peter e Paul em 1961.
O grupo começou por ser empresariado por Albert Grossman, também responsável pela carreira de BobDylan.
O trio desfez-se em 1970, afectado, irónicamente, pela guinada provocada pelo próprio Dylan ao utilizar a guitarra eléctrica no conservador cenário da folk.
Mary prosseguiu em carreira solo e gravou cinco álbuns. O grupo retomou suas actividades em 1978 e continuou a fazer espéctaculos, até há cerca de dois anos, altura em que Mary, adoeceu, tendo-lhe sido diagnosticado, uma leucemia, da qual viria a falecer.


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Rolling Stones, são caloteiros e mal agradecidos

O antigo guitarrista dos Rolling Stones, Mick Taylor, considera processar a banda pelo não pagamento de royalties. Em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, o músico disse que não recebe nada desde 1982, quando a banda assinou contrato com a gravadora CBS Records. Taylor completou que se arrepende de não ter procurado um advogado,que agisse contra os Stones, de forma a poder ser ressarcido dos royalties a que tem direito.
"Deveria ter contratado um advogado. Mas, em vez disso, insultei-os e questionei-os, porque é que eles não me pagavam o que me devem".
"Todos sabemos que isso não é certo. Na verdade, é escandaloso. Eles ficaram com todo o dinheiro e eu com os aplausos e elogios. Tentei ligar e falar com Mick (Jagger) diversas vezes, mas tenho consciência de que a contratação de um advogado é a única maneira de eles me levarem a sério", disse Taylor.
Sobre os motivos de sua saída da banda, o guitarrista culpou o vício nas drogas decorrente do convívio com os outros integrantes da banda.
"Estava com dificuldades, devido ás drogas e não teria durado muito tempo, se tenho continuado com eles. A minha vida é melhor agora do que como um membro drogado dos Stones. As pessoas que me conhecem bem, fazem outra pergunta - se eu me arrependo de ter entrado para os Stones. Para mim, isso é muito mais importante.", completou Mick Taylor.
Mick Taylor, hoje com 61 anos, integrou os Rolling Stones entre 1969 e 1974 em seis álbum como "Sticky Fingers" e "Exile On Main Street" e foi substituído pelo actual guitarrista Ronnie Wood. Actualmente vive apenas com o pagamento das apresentações que faz em pubs, no Reino Unido.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Michael Jackson,não tinha muito talento. Segundo Quincy Jones.

Quincy Jones desmereceu Michael Jackson, com quem trabalhou no álbum recordista Thriller, ao jornal espanhol El Pais.
A certo momento da entrevista, questionou-se a existência de competição entre os ex-parceiros musicais.
"Essa é boa! Claro que não. Trabalhei com Louis Armstrong, Frank Sinatra, Nat King Cole, Billie Holiday, Aretha Franklin e, sobretudo, Ray Charles. Acha que eles sentiriam ciúmes de Michael Jackson?", indagou Jones. "Michael não tinha tanto talento. Era grande, mas não entrava na lista que acabo de citar. Tenho sete filhos e participei de 40 filmes. Não tenho tempo para perder com essas patetices."
Mas não é o caso para se acusar Quincy Jones de cuspir no prato em que comeu. O produtor "disparou" uma resposta categórica ao ser criticado por abandonar o jazz, para lapidar o pop de Jackson.
"Se [as pessoas] não conseguiam ver em 'Baby of Mine' [faixa do rei do pop] a complexidade de 'Giant Steps', de John Coltrane, elas é que não perceberam nada."
Com quase 60 anos de labuta na seara artística (a estreia foi em 1951, como trompetista de jazz), Jones, acumula 27 Grammy, um Oscar e título de doutor honoris em diversas universidades.
A sua parceria com Jackson rendeu, além de Thriller (1982), os discos Off the Wall (1979) e Bad (1987), na trilogia mais bem-sucedida da carreira do músico morto em 25 de Junho, aos 50 anos.
Jones, que dirige pela primeira vez um programa de televisão, recordou a última vez em que esteve com Jackson.
"Lembro que estava em Londres quando todas as entradas [para os 50 shows na Arena O2] foram vendidas em duas horas. Ele chamou-me, estava emocionado, fora de si. E disse-me: 'Vou fazer isso pelas crianças'. Foi a última vez em que nos falámos."
Há quem diga que ao ápice na trajectória de Jackson, com Jones, seguiu-se queda vertiginosa. Questionado a respeito, o produtor foi parcimonioso: o mérito é dos dois.
"Juntos, conseguimos. Nada como isso tinha sido feito antes e ninguém conseguiu fazê-lo depois. Quem mais se importa?"
Jones pediu para tirarem seu nome da lista de qualquer tributo ao músico. Inclusive a série de espectáculos organizada por Jermaine Jackson, irmão de Michael - inicialmente marcados para Setembro, em Viena, os shows acabaram transferidos para Junho, em Londres, após debandada de Chris Brown, Natalie Cole e Mary J. Blige.
"Não contem comigo. O passado não é para mim. No fundo do coração, sou um músico de jazz. E músicos de jazz não se repetem."
Dixit.
Cliquem aqui para lêr a entrevista na íntegra, em espanhol.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Phil Colins, não pode tocar mais a sua bateria

Phil Collins revelou, sexta-feira passada, que nunca mais vai poder tocar bateria devido a uma lesão na medula espinal, refere o "Daily Mail".
O ex baterista/vocalista, dos Genesis não pode sequer segurar as baquetas depois dos anos que passou sentado em frente a uma bateria.
"Depois de tocar bateria durante 50 anos, tive que parar".
As minhas vértebras foram esmagando progressivamente a medula espinal por causa da posição em que toco.
"É o resultado de anos a tocar. Não consigo nem segurar as baquetas adequadamente sem que seja doloroso. Cheguei a cola-las às mãos para conseguir tocar".
Mas este não é o fim da sua carreira musical, como Collins lembrou aos fãs:
"Não se preocupem, eu ainda posso cantar".
O músico também sugeriu que se ressuscitasse a série "Prince`s Trust" com todas as estrelas dos concertos de rock. A gala de rock "Prince`s Trust" foi realizada pela primeira vez em 1983 no Dominion Theatre, em Londres. Um espectáculo realizado cinco anos depois no Royal Albert Hall foi recentemente lançado em DVD, e Collins viu-o com os seus filhos.
Os concertos incluem artistas como Collins, Eric Clapton, Elton John, Mark Knopfler, The Bee Gees e Ultravox`s Midge Ure.


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Jesus Cristo Superstar. A rever, obrigatóriamente.



Para sentir o verdadeiro impacto de, Jesus Cristo Superstar, o público actual deve, obrigatoriamente, recuar até aos anos 70, na sua primeira metade, quando o musical baseado na obra de Tim Rice, e Andrew Lloyd Weber chegou aos palcos e, logo depois, em 1973, aos cinemas pela mão de Norman Jewison.
Na época da explosão dos musicais, em diferentes formatos, uma das interpretações – que parece um tanto aceitável – reside na fusão de épocas, e, ainda mais, de culturas e trejeitos sociais aproximados. Assim, a comparação entre o estilo de vida dos hippies (com o eterno “paz e amor”) casava bem com os modos de vida, e pregações de Jesus Cristo e seus apóstolos.
Dessa união nasce a grande originalidade desta ópera rock, pouco depois nos ecrãs do cinema.
Jewison, na época, era já um director de sucesso. Tinha já, realizado A Mesa do Diabo, com Steve McQueen, Os Russos estão a Chegar, com Alan Arkin, e No Calor da Noite, com Sidney Poitier e Rod Steiger, sucesso estrondoso e em sintonia com a época, em prol da igualdade racial.
"Um Violino no Telhado", o musical seguinte, provou que Jewison poderia ser, muito bem, um camaleão para a alegria dos produtores e dar-se bem com qualquer formato.
"Jesus Cristo Superstar", apesar da inegável qualidade artística e originalidade (natural da obra na qual se baseia), não está á altura de "Um Violino no Telhado".
Mas, melhor do que o filme de 1971, tem a ver completamente com o momento, com os movimentos dos jovens nascidos na década de 1950 – ou seja, aqueles que queriam mudar o mundo e que, após a Segunda Guerra Mundial, ainda não tinham mantido qualquer contacto com qualquer período de depressão.



O mais curioso é que, ao revêr alguns momentos da caminhada de Cristo, até à crucificação (e não à ressurreição), o público contestador da época tinha motivos para se alegrar e até mesmo de se identificar com o “rei dos reis”. Ironicamente, Jesus Cristo Superstar estreitava o contacto da juventude e do movimento hippie com a figura religiosa, que teria dado a sua vida por toda a humanidade.
Essa união entre épocas e culturas, sempre com a intenção de extrair paralelismos, reproduz um musical cujo conteúdo é deslocado do tempo. Cristo é quem concebe o show, seguido de perto pelos homens (e mulheres), como os apóstolos e bailarinos. As coreografias e toda a junção que se mostra a essência do espectáculo de Rice e Webber têm poder para agredir os religiosos conservadores mais do que outro formato ou versão da vida de Cristo – como "A Última Tentação de Cristo", de Scorsese, mais de 15 anos depois também transportado para o cinema. A junção de tempos e mensagens produz um filme longe de uma época, sem início e fim, isso quando se analisa o ambiente no qual se movem o protagonista e sua troupe e não a linearidade do texto. Essa visão, ao mesmo tempo, vai contra a ideia religiosa da criação do universo, pois, segundo as escrituras, tudo parte de um início (Génesis). Se entendido dessa forma, o filme de Jewison, assim como a peça, podem soar a contestação.


Por outro lado, é bem provável que isso não tenha chamado a atenção dos conservadores – ou mesmo os tenha ofendido – em comparação com a fusão do hipismo com o cristianismo e os últimos passos de Cristo na terra.
Interpretado por Ted Neeley, o protagonista alimenta o show como numa história musical qualquer, em que as melodias fazem entender a obra. Sem a música, este espectáculo seria apenas uma peça de contra-cultura, uma fusão ajustada pelas coincidências. O género musical, vale lembrar, estava alimentado pelo cinema moderno, renovador, que via em homens como Bob Fosse um suspiro de vida que não duraria muito tempo. Mesmo antes de Fosse filmar a representação de sua própria morte, Jewison celebrava em imagens vivas e singulares a dor de Cristo enquanto enviado para aliviar os pecados do mundo. Há dúvidas em relação ao seu caminho, sobre como e porque se mantém em tal posição. Essas abordagens foram perfeitamente exploradas no drama de Scorsese, com uma versão do fim ainda mais dura e controvertida. O hipismo e sua política de paz são as saídas contra os romanos do império, contra os guardas vestindo calças de guerra. A somar, há ainda o Vietname, a guerra que abalou a opinião pública norte-americana.



No papel de Judas está o excelente Carl Anderson, melhor que Neeley. Se a morte de Cristo era inevitável, então não seria Judas apenas um “espantalho” a guardar o “milharal”?
Fácil entender a história dessa forma e absolvê-lo. Por outro lado, tanto Judas quanto Cristo, em "Jesus Cristo Superstar", são homens interessantíssimos enquanto condutores do show. Anderson imprime dor e realidade à sua actuação; Neeley, pelo contrário, concede ao público as preferências de um Cristo em dúvida, em momentos perdido, que vagueia por um deserto em busca de si próprio. Os vilões, como era de se esperar, são caricatos, abusam da sua própria forma e estão em sintonia com as composições aceitáveis do clima teatral. Por todos esses factores, trata-se de um filme correcto para a época em que se vê inserido, de jovens contestadores e mensagens tão utópicas quanto a esperança de muitos conservadores religiosos, com poder para enviar jovens à guerra.

Enquanto mostrado como homem de carne e osso, e sem o poder para operar milagres, esse Cristo está ainda mais próximo do público de 1973. Pode soar perigoso unir a fé inerente aos personagens bíblicos com o show montado para servir de sustento à obra. São estes motivos os responsáveis por fazer o filme de Jewison algo “perigoso”, mas não satírico e muito menos insolente. Termina com a crucificação do homem, em dor, e não quer mostrar a ressurreição do “super-homem”, aquele acima do bem e do mal, intocável e eterno exemplo dentro da ética cristã ainda presente.
Para completar, resta a informação que a Maria Madalena aqui demonstrada é interpretada por Yvonne Elliman, actriz com traços orientais, e Judas, inteligentemente, está na pele de um negro, o imponente Anderson.
Armas de guerra, um autocarro repleto de hippies e estruturas metálicas são alguns artifícios a servir à fusão, sempre com a frescura e a economia de Jewison. O resultado, pouco esperado, é diferente de tudo.
"Jesus Cristo Superstar" é uma visão de libertação artística favorável, necessária, uma releitura das histórias que as crianças e jovens ouvem dos mais velhos e que, aqui, ganha nova roupagem. É contada de acordo com os novos jovens e contestadores das décadas de 1960 e 70. Está em sintonia com a cultura, com o desejo de uma geração.