domingo, 7 de novembro de 2010

A Casa do Artista


Foi Raul Solnado que, em 1965, veio do Brasil com a ideia de criar um lar para os artistas. Em 1978 começaram as buscas por um terreno. E em 1999 foi finalmente inaugurada a Casa do Artista, em Lisboa, que recebe não só actores mas todas as pessoas ligadas ao mundo do espectáculo.

São 73 os residentes, mais dez os que lá passam o dia. A lista de espera é enorme. Neste lar há doenças e rugas, como em qualquer outro, mas também há uma cabeleireira que vem todas as semanas alegrar a vida dos residentes.

Há idas ao teatro e visitas a qualquer hora. Há pequenos-almoços tardios e aulas de informática. Há um centro de fisioterapia, uma capela, médicos. E sobretudo: aqui ninguém se sente um estranho. Há amigos antigos, afinidades e uma memória partilhada.

Coisas de artistas.

A vida na Casa do Artista começa cedo, com o sol a entrar pelas enormes janelas. A maioria dos quartos, com varanda, são para duas pessoas, todos têm casa de banho e acesso a televisão por cabo. Cada quarto é um pequeno mundo, decorado por cada residente com quadros, fotografias, almofadas, bibelots.

"Muitos até já têm computadores, por aqui se vê que esta não é a população normal de um lar de idosos", comenta Manuela Maria.

Muito antes de a legislação do País prever o casamento homessexual, o regulamento da Casa do Artista já aceitava casais homossexuais.

Há ainda um quarto para receber residentes temporários - que pedem abrigo durante a recuperação de uma doença ou de uma intervenção cirúrgica, por exemplo, mas que tencionam voltar às suas casas.

O pequeno-almoço é servido até às 10.30.

"Seria impossível levantar as pessoas às sete da manhã porque os artistas têm outros hábitos", explica Manuela Maria.

Antes das 13.00 já há residentes sentados nos seus lugares (sempre os mesmos) no refeitório - a rotina repete-se à hora do lanche e do jantar.

Por volta das 22.00, no quarto ou na sala, há leite morno e bolachas.

Extractos do artigo de Maria João Caetano no DN

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