segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Oi, tudo bem? Boa noite, Porto Alegre! Boa noite, Brasil!

Depois de 17 anos sem se apresentar no Brasil, o ex-beatle, Sir Paul McCartney deu fim ao longo jejum com um show de três horas de duração no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, na noite de ontem, domingo, 7 de Novembro.

Já seria histórico apenas por ter sido esta a primeira performance de Paul em terras gaúchas, mas o cantor surpreendeu tudo e todos, até mesmo a sua própria equipe, ao convidar duas fãs da plateia para subirem ao palco no fim do show.

Elisa tinha escrito um cartaz, pedindo o autógrafo, e explicando que vai imortalizar o 'presente' do ex-Beatle, cobrindo seu nome com uma tatuagem.

"Não me culpem. Elas querem um autógrafo no braço para que possam cobrir com uma tatuagem. Tragam-nas aqui", anunciou Paul, ao microfone, para o até então incrédulo estádio.
E sob os cerca de 50 mil olhares que lotavam o lugar, assim o fez.Elisa, a fã foi ainda premiada com um abraço de Paul antes de deixar o palco.

Paul no momento em que autografa o braço da menina Elisa.

Mas mesmo antes deste momento insólito, Sir Paul McCartney já havia brindado o público com outras surpresas.
Como quando abriu o espectáculo, às 21h10, com o medley, "Venus and Mars/Rock show" seguida por "Jet", esta última do recém-relançado álbum "Band on the run", de 1974.

Vestido com um casaco azul marinho, calça escura, camisa branca e suspensórios, Paul foi logo tratando de exibir o seu bom português para pista, cadeiras, camarotes e bancadas:
"Oi, tudo bem? Boa noite, Porto Alegre! Boa noite, Brasil!".

Durante todo o espectáculo, fez questão de ter muito cuidado com o seu Português, tentando pronunciar correctamente as palavras das curtas frases que aqui e ali, pontuavam o espaço entre as musicas.Anunciou boa parte das canções na lingua de Camões, e repetiu com o público, de maneira bem humorada, o bordão:
"Ah! Eu sou gaúcho!".
Ainda repetiria as expressões típicas "Bah, tchê!" e "trilegal" para delírio dos porto-alegrenses.

O repertório contou com sucessos de todas as fases da carreira de McCartney, incluindo o pouco conhecido projecto Fireman, que mantém em parceria com o produtor Youth.
Mas a predominância foi mesmo das canções dos Beatles, como "All my loving", "Hey Jude", "Yesterday", "Blackbird" e "Eleanor Rigby", entre outras - Paul já tinha revelado ao apresentador Zeca Camargo, que nunca incluiu tantas canções da ex-banda nos seus shows como actualmente.

Apesar de velhas e conhecidas, fez com que algumas das músicas parecessem especiais.
"Será a primeira vez que toco esta no Brasil", disse antes de "O-bla-di, o-bla-da".

E, com ar nostálgico, revelou em "Paperback writer":
"Esta guitarra foi a mesma utilizada para gravar a canção original".

Também não faltaram homenagens aos ex-companheiros John Lennon e George Harrison.
Do primeiro, Paul tocou "A day in the life" e "Give peace a chance". Cantou igualmente, "Here today", de canção do álbum "Tug of war" composta em homenagem ao seu amigo, assassinado em Dezembro de 1980.
Já George Harrison foi lembrado com "Something", embalada por imagens de arquivo no ecrã gigante.

O banquete para os beatlemaníacos estava completo.

Curioso é constatar como reage a plateia a cada canção do repertório clássico. São abraços, gritos, pulos, braços erguidos, sorrisos e lágrimas ao mesmo tempo. De gente de todas as idades. E isso faz reflectir: que outro artista do showbizz ainda consegue provocar essa variedade de sensações?

Aos 68 anos, Paul McCartney mostra que está inteiro.Canta com uma energia que impressiona.
Mesmo nas canções que mais exigem o correcto uso das suas cordas vocais ele pouco falha.
Entrega-se em todos os números como se estivesse começando a turnê agora. Além disso, consegue alternar no uso do bandolim, baixo, guitarra, piano e uklelê (uma espécie de cavaquinho) demonstrando intimidade com cada um deles.

A banda é composta por Abe Laboriel Jr. (bateria), Brian Ray (baixo e guitarras), Rusty Anderson (guitarra) e Paul Wix Wickens (teclados), que produzem uma sonoridade de "garagem" a algumas das canções mais roqueiras do ex-Beatle.
Por outro lado, fazem os coros, nos arranjos, simples, para canções mais rebuscadas, como "My love" e "Live and let die".

Os efeitos pirotécnicos e cênicos, são minimalistas, o que é outro aspecto positivo. Com o repertório que tem nas mãos, Paul McCartney só precisa de amplificadores e microfones. Aliás, este último item também se torna dispensável, uma vez que o público leva quase todo o show a cantar juntamente com McCartney.

Da estrutura do palco, o destaque são os dois gigantescos ecrãs verticais de alta resolução que reproduzem imagens de Paul McCartney e da banda do tamanho de um prédio de 5 andares. Em shows realizados em estádios, tal recurso torna-se um grande aliado.
Agora é aguardar o retorno do ex-beatle ao Brasil nos dias 21 e 22 deste mês, quando de apresenta no Estádio do Morumbi, em São Paulo.
Antes, faz escala em Buenos Aires, onde actua nos dias 10 e 11, deste mês de Novembro.

Vejam o setlist completo da apresentação de Paul McCartney em Porto Alegre:

1- "Venus And Mars/Rock show"
2- "Jet"
3- "All my loving"
4- "Letting go"
5- "Drive my car"
6- "Highway"
7- "Let me roll it / Foxy lady"
8- "The long and winding road"
9- "Nineteen hundred and eighty-five"
10- "Let 'em in"
11- "My love"
12 - "I've just seen a face"
13- "And I love her"
14- "Blackbird"
15- "Here today"
16- "Dance tonight"
17- "Mrs. Vandebilt"
18- "Eleanor Rigby"
19- "Something"
20- "Sing the changes"
21- "Band on the run"
22- "Ob-la-di, ob-la-da"
23- "Back in the U.S.S.R."
24- "I've got a feeling"
25- "Paperback writer"
26- "A day in the life / Give peace a chance"
27- "Let it be"
28- "Live and let die"
29- "Hey Jude"

Bis 1:
30- "Day tripper"
31- "Lady Madonna"
32- "Get back"

Bis 2:
33- "Yesterday"
34- "Helter skelter"
35- "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (Reprise)"
36- "The end"

Por: Henrique Porto Do G1, em Porto Alegre - Fotos: Henrique Porto/G1, e Franco Rodrigues/Divulgação RBS


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