sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Brian Jones: o beatnik de Cheltenham


Foi o líder fundador dos Rolling Stones. E se hoje a banda se vale da mística em torno da figura do rebelde marginal como a personificação dos ideais do rock’n’roll, a verdade é que Brian Jones nunca precisou encarnar tal papel. Desde o início, ele foi um autêntico outsider.

Nascido em Cheltenham, no interior da Inglaterra, Lewis Brian Hopkin Jones era filho de uma professora de piano. Começou a tocar com 10 anos, aos 12 já era o clarinetista principal da orquestra de sua escola e com 15 já fazia dinheiro tocando saxofone todo fim de semana numa banda de jazz. Como um autêntico beatnik, fez-se á estrada, fugindo da sua cidade natal aos 16 anos de idade.
Escapava também da responsabilidade de ser pai, deixando a sua namorada de 14 anos com um filho nos braços.
Viveu da mendicidade, durante algum tempo na Escandinávia, até que voltou para Londres, aonde descobriu o blues e se integrou no circuito musical local, apresentando-se em "inferninhos", clubes e cafés universitários.

Quando Mick Jagger e Kieth Richards o conheceram, em 1962, ficaram impressionados não apenas com a primeira execução de slide guitar que eles presenciavam, mas principalmente com aquele indivíduo loiro. Brian tinha a mesma idade que eles, tocava de maneira surpreendente, já havia passado por um sem número de bandas, vivia de sua arte, morava sozinho, tinha três filhos e nenhuma esposa. Tinha perdido o contacto com a família e envolvia-se em desordens frequentemente, muitas vezes por furto. Parecia um personagem dos filmes de James Dean. Isto tudo enquanto Jagger e Richards ainda moravam com os pais!

Deu-se então a formação dos Rolling Stones, que surgiram tendo aquele marginal como figura de proa. Com um QI de 137 - acima da média - Brian tinha uma visão única sobre a música e uma facilidade impressionante para dominar, pelo autodidatismo, uma série de instrumentos. Se Mick Jagger passou meses tentando aprender a tocar gaita harmônica, Jones não precisou mais que meia hora.

Quando George Harrison foi para Índia ter aulas de cítara com Ravi Shankar, Brian começou a tocar o instrumento sozinho. Era o responsável por trazer o toque de originalidade que diferençava a sua banda de tantas outras que infestavam os clubes da Swinging London. As suas contribuições musicais nas composições dos Rolling Stones tornavam-se referências citadas por artistas do porte de Eric Clapton, John Lennon, Ray Davies, Bob Dylan e Jimi Hendrix.

Mas não era nada fácil ser-se Brian Jones. Desde o início sofria fortes ataques dentro de seu próprio grupo, permanecendo em constante disputa pela liderança da banda. O controle da situação, começou a escapar-lhe das mãos, quando o núcleo criativo das canções se foi centrando na dupla Jagger & Richards. Sentia-se inibido por tantos músicos de relevo o apontarem como o gênio do grupo, exaltando as suas contribuições. Aliado a tudo isto, há o triste facto de ele ter sido um dependente químico - algo que debilitava a sua já frágil saúde - e pela sua posição, vivia cercado de pessoas que lhe ofereciam todas as drogas disponíveis, sem o questionarem. Era outro factor que, emocionalmente, o deixava em frangalhos. Foi preso mais do que uma vez pela posse de drogas.

O outro ponto que o desestabilizava eram as mulheres. Jones tinha sérios problemas em lidar com o sexo oposto, e várias vezes foi acusado de agressão. O mais grave foi que ele nunca superou a perda de seu grande amor - a actriz, modelo Anita Pallenberg - para, Keith Richards.

Assim como a sua ascensão, a queda de Brian foi meteórica. Afundado em drogas, desestabilizado emocionalmente, e acoçado pela justiça, estava num estado em que não conseguia produzir nada.

O golpe final foi a expulsão da própria banda que ele havia criado.
No mês seguinte, no dia 03 de Julho de 1969, Brian Jones foi encontrado morto, na piscina da sua casa, em circunstâncias até hoje não esclarecidas.

No final do ano - 28 de Novembro de 1969, há cercfa de quarenta e dois anos - os Rolling Stones lançavam Let it Bleed, um impressionante disco de transição com as últimas contribuições de Brian no grupo e a obra símbolo da sua época.

Ao lado de outros gigantes lendários do rock que faleceram cedo demais, todos num curto espaço de tempo - Jimi Hendrix, Jim Morrison, Janis Joplin - Brian Jones diferençava-se não só por ser inglês, mas destacava-se por ter precedido e influenciado os demais.

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