sexta-feira, 12 de junho de 2009

A musa de todas as bossas

Nara Leão gravou ao longo de sua carreira 30 LPs com reportórios variados e uma interpretação muito pessoal. Não possuía grande extensão vocal, mas era muito afinada. A jovem tímida, que ganhou um violão aos 12 anos, construiu uma carreira musical sólida na qual sempre apostou nos movimentos de vanguarda e de protesto.
Nara fez parte do grupo que criou a bossa nova, e foi a musa do ritmo que mudou a MPB. O ponto de encontro da turma da bossa nova, da qual participavam João Gilberto, Ronaldo Bôscoli e outros, era o apartamento dela e de sua irmã Danusa Leão, na Zona Sul do Rio de Janeiro, no inicio da década de sessenta.
A cantora fez sua estreia no espectáculo "Pobre menina rica", a convite de Vinícius de Moraes, em 1963. Em seguida surpreendeu o público ao gravar em 1964 um disco com músicas de Cartola e Nelson Cavaquinho, completamente diferente da temática da bossa nova. O sucesso foi ainda maior quando cantou o samba de Zé Kéti e o baião de João do Vale, no Teatro de Arena em Copacabana, em 1965. Eram músicas que falavam de coisas que estavam a acontecer no Brasil e a musa da bossa nova passou a ser, a musa do protesto.
Um ano depois,voltou ás listas dos discos mais vendidos, com A banda, primeiro lugar no Segundo Festival Nacional de Música Brasileira, que revelou o compositor Chico Buarque.
Nara foi uma das primeiras intérpretes consagradas a apoiar a Tropicália, movimento que lançou entre outros a Caetano Veloso e Gilberto Gil.
No auge do regime militar Nara declarou numa entrevista :
"Os militares podem entender de canhão ou de metralhadora, mas não 'pescam' nada de política".
O então presidente Costa e Silva chegou a anunciar que iria "enquadrá-la" na Lei de Segurança Nacional, mas uma legião de intelectuais saiu em sua defesa, entre eles o poeta Carlos Drummond de Andrade, e impediu o general de a processar.
Casou-se em 1967 com o cineasta Cacá Diegues, um dos representantes do Cinema Novo. Um ano depois a cantora voltava aos palcos, deste vez, no Teatro Opinião, com o espectáculo "Liberdade, Liberdade", que foi censurado e ficou pouco tempo em cartaz.
Nara e Cacá foram morar em Paris em 1969 onde nasceram os dois filhos do casal. A partir de então dedicou-se quase que exclusivamente à maternidade, e matriculou-se no curso de psicologia.
Na década de 80 apareceram os primeiros sintomas de un carcinoma maligno, mas Nara não se entregou.
A cantora, retomou aos poucos sua carreira, apresentando-se com amigos e fazendo shows por todo mundo, principalmente no Japão, onde tinha um público cativo.
A Musa, deixou-nos aos 47 anos, a 7 de Junho de 1989.



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