sábado, 5 de fevereiro de 2011

DVD - Eric Clapton e Steve Winwood no Madison Square Garden em New York


Lá pelos idos de 1964, o guitarrista do grupo de rock britânico Yardbirds, Eric Clapton, assistiu a um concerto dos Spencer Davis Group e ficou maravilhado com o que presenciava, não querendo acreditar no que via e ouvia. Os vocais, e os teclados estavam entregues a um garoto franzino de
apenas dezasseis anos chamado Steve Winwood.

Eric Clapton ficou estupefacto, pois aquele adolescente, quase uma criança, tocava com uma técnica impressionante e cantava como Ray Charles, com uma das mais belas vozes da história da música pop. Clapton comentou com quem o acompanhava que um dia ainda teria uma banda com aquele miúdo.

Dois anos mais tarde, como contou na sua autobiografia, ao fundar os Cream, Eric Clapton queria que Steve Winwood fosse o quarto integrante da banda, mas foi voto vencido pelos parceiros Jack Bruce e Ginger Baker, que fizeram questão de que a banda tivesse a formação de um power trio.

Na mesma época, Steve Winwood montou uma das melhores bandas do British rock de todos os tempos, os Traffic, que lançaram em 1967 o espectacular álbum “Dear Mr. Fantasy”, em que Winwood se destaca como brilhante teclista e guitarrista, além de um dos melhores vocalistas que o mundo já ouviu.

Finalmente em 1969, com a separação dos Cream, que coincidiu com a dissolução dos Traffic após o seu terceiro disco, Eric Clapton pôde realizar o seu antigo desejo: formar uma banda em parceria com Winwood.

Para a empreitada, Steve convocou o baixista dos Family, Rick Grech, e o baterista dos Cream, Ginger Baker. Estava formado os Blind Faith, uma superbanda que lançou um álbum incrível nos seus poucos meses de existência, com clássicos como “Can’t find my way home” (Winwood) e “Presence of the Lord” (Clapton).

Em Novembro do mesmo ano, durante as gravações de algumas canções que fariam parte do segundo álbum, Clapton saiu em tournée com Delaney & Bonnie e com os músicos dessa troupe, montou uma outra banda, a não menos super, Derek and The Dominos.

Restou a Steve Winwood reformular os Traffic e seguir a sua trajectória. Apesar da debandada de Clapton dos Blind Faith, a amizade entre os dois permaneceu sólida, tanto que voltaram a encontrar-se nos palcos em muitas outras oportunidades, como no Eric Clapton’s Rainbow Concert (1973) e no Ronnie Lane’s Arms (1983), além de aparecerem juntos na super banda formada para o filme “Blues Brothers 2000”.

Após encerrar em 2005 uma curta série de espectáculos, no retorno dos Cream, trinta e sete anos após o encerramento das actividades do grupo (o que rendeu um belo DVD duplo), Eric Clapton anuncia os seus planos para o futuro. Voltar a trabalhar ao lado de Steve Winwood.

É então anunciado, para Fevereiro de 2008, três espectáculos de Eric Clapton e Steve Winwood no Madison Square Garden em New York. O registo desse encontro mágico deu origem a um sensacional DVD duplo.

O show abre com “Had to cry today”, coincidentemente a faixa que abre o único disco dos Blind Faith, com Clapton e Winwood duelando magistralmente com as suas guitarras. No decorrer do show, Winwood mostra novamente o seu excepcional talento como pianista e guitarrista, além de continuar sendo um dos melhores vocalistas do mundo.

Quanto a Clapton, elogiar os seus dotes guitarrísticos e os seus solos inspirados chega a ser uma redundância extremamente desnecessária, como todo pleonasmo.

No reportório, mais músicas dos Blind Faith (“Sleeping in the ground”; “Presence of the Lord”; “Well all right”; “Can’t find my way home”); canções dos Traffic (“Pearly queen”; “No face, no name, no number”; “Dear Mr. Fantasy”); músicas do repertório de Clapton (“Forever man”; “Tell the truth”; “After midnight”; “Cocaine”); Clássicos do blues (“Double trouble” de Otis Rush; “Rambling on my mind” de Robert Johnson; “Georgia on my mind” de Ray Charles), além de versões arrasadoras para duas canções de Jimi Hendrix: “Little wing” (que Clapton já havia gravado com os Derek and The Dominos) e “Voodoo chile” (música que Winwood participara na gravação original do falecido génio da guitarra).

Enfim, um presente imperdível para a colecção dos apreciadores da boa música.

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