
Se os Beatles maracaram o Merseybeat pelo seu melhor, no início de 1963, Gerry & The Pacemakers, deixaram igualmente a sua marca, de uma forma mais inofensiva, com melodias cativantes e extremamente leves, de contexto e forma conduzidos, pela guitarra e os vocais de Gerry Marsden. Em comparação com os Beatles e outros nomes da "pesada", durante a chamada "invasão britânica", os Pacemakers, soam pitorescos, de facto, e bastante ingénuos.
Isto não quer dizer que o grupo fosse trivial, até porque em todos os modismos, há sempre o excelente, o sofrivel e o mau. Digamos que Gerry and The Pacemakers, se situavam no meio da escala. Os seus hits eram agradáveis e enérgicos, e ainda são carinhosamente lembrados hoje,
e os elementos da banda, apesar de não terem o talento ou a imagem adequada, e necessária para em palco assumirem a atitude rebelde ao estilo da época, valiam-se do seu optimismo incansável e da sua postura de meninos bem comportados.
Gerry Marsden formou o grupo no final dos anos 50, com o nome, The Mars-Bars. A formação era liderada por ele na guitarra e vocais principais, o seu irmão Fred na bateria, Les Chadwick no baixo e no piano Arthur Mack, que viria a ser substituído em 1961 por Les McGuire.
Tocaram, exactamente no mesmo circuito de Liverpool, e Hamburgo,com os Beatles, e disputavam passo a passo como seus rivais a popularidade local.
Á semelhança dos Fab Four,eram agenciados por Epstein, em meados de 1962, tendo sido a primeira banda a alcançar esta mais valia, além dos Beatles. Assinaram contrato com a etiqueta EMI / Columbia no início de 1963, sob a direcção do produtor George Martin.

Os Beatles gravaram uma versão do tema, que pode ser ouvido na compilação, Anthology, mas opuseram-se a que fosse lançado o 45 Rpm, achando muito sentimental e, de qualquer maneira,estavam mais interessados em gravar as suas próprias composições,os seus originais.
Para Gerry e os Pacemakers, a recusa dos Beatles em lançarem o tema, caiu do céu, pois este enquadrava-se prefeitamente no estilo "poppy e light" do grupo, e foi número um durante algum tempo, antes de ter sido desalojado do topo pelos Beatles, com o seu terceiro 45 Rpm, "From Me to You".
The Pacemakers nunca fugiram ao estilo ligeiro dos seus primeiros singles, e usaram sempre a mesma fórmula, apoiada na personalidade sorridente, pop a raiar a imbecilidade, de Gerry Mardsen. Quando voltaram ao estudio, foi para gravar o tema de Mitch Murray "I Like It", e reformular a estrutura musical de "You'll Never Walk Alone", uma canção composta por Richard Rodgers e Oscar Hammerstein para um musical de 1945.
Não é do conhecimento publico, mas Gerry Marsden escreveu muito do material da banda,
ou seja a maioria de seus sucessos, incluindo "It's All Right", talvez a sua melhor composição,
e o "I'm the One". Escreveu igualmente "Don't Let the Sun Catch You Cryin'", dividindo os créditos com o resto do grupo, e ainda"Ferry Cross the Mersey", baladas que George Martin embelezou com arranjos de cordas.
Como os Beatles, Gerry & The Pacemakers, estrelaram o seu próprio filme, Ferry Cross the Mersey, embora não tenha sido tão bem sucedido como o "A Hard Day's Night".
Por volta de 1965, a popularidade do grupo na Grã-Bretanha estava em sério declínio, embora
estivesse em alta nos Estados Unidos, aonde juntamente com outros grupos britânicos e durante a chamada, "British Invasion" alguns de seus sucessos, alcançaram boas posições nas listas de vendas.

Gerry Marsden tornou-se num popular entertainer de cabaré e animador infantil na televisão. Por vezes actuava com os seus ex-companheiros, em espectáculos no circuito revivalista inglês. Juntou The Pacemakers, em 1974, após 8 anos como artista a solo, viajando pelo mundo. Outra
grande tournée teve lugar em 1993 para assinalar os 30 anos de Gerry & The Pacemakers.
"Eu amo estar no palco, a tocar para as pessoas de todo o mundo", disse Gerry, sorrindo com aquele sorriso insolente que se tinha tornado uma das marcas da sua actividade comercial ao longo dos anos "Sou pago para me divertir!"
Gerry escreveu a sua autobiografia com Ray Coleman em 1993. Nesta história envolvente, Gerry Marsden surge como um homem animado, um artista com uma enorme confiança e um espírito único, desde a infância nas ruas e do amor dos primórdios da música a sua amizade e rivalidade com os Beatles, a fome de fama e sucesso duramente conquistada, a sua história é uma onda de calor, humor e determinação.
O livro tornou-se a base da produção musical "Ferry cross the Mersey" uma história musical dos dias de Gerry durante o Merseybeat. A peça teveeve uma première em Liverpool e fez uma tournée muito bem sucedida no Reino Unido, Austrália e Canadá.
O baterista original Fred Marden morreu com um cancro em 09 de Dezembro de 2006. Não tinha participado na reunião da banda em 74, tinha desistido do negócio da música para ser telefonista, e mais tarde criou a escola de condução "Pacemaker".
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