quinta-feira, 10 de março de 2011

Depois de Dylan, Eagles, também vão actuar na China


Xiong Wen ainda não era nascida quando os Eagles gravaram o seu maior sucesso de sempre, «Hotel Califórnia», mas já comprou bilhete para sábado, o dia em que aquela banda norte-americana vai tocar em Pequim, pela primeira vez.

Técnica de relações públicas, com 33 anos de idade, Xiong Wen fez bem em antecipar-se.

Embora o pavilhão onde os Eagles vão actuar tenha 18.000 lugares, três dias antes do concerto já só havia bilhetes acima dos 1.500 yuan - mais do que o salário mínimo na capital chinesa.

Como milhões de compatriotas da sua geração, Xiong Wen descobriu os Eagles há cerca de dez anos, quando frequentava a Universidade.

Nessa altura, na China, os espectáculos com grandes grupos pop internacionais eram ainda mais raros do que hoje.

A romântica melodia de 'Hotel Califórnia' - gravada em 1976 e distinguida com um Grammy - ficaria, contudo, na memória.

«Qualquer jovem chinês que estivesse a aprender guitarra a primeira música que queria tocar era o Hotel do Califórnia », diz Zhang Zhiqiang, um profissional da Rádio Pequim especializado na divulgação da música pop e rock.

Zhang Zhiqiang não irá ouvir os Eagles, mas não faltará ao concerto de Bob Dylan, no dia 06 de Abril, outra estreia absoluta na China.

«Bob Dylan é um líder», disse. «O concerto dele é um grande acontecimento e um sinal de abertura da China».

Dylan tocará também em Xangai, dois dias depois.

«Há anos que estamos a tentar organizar um concerto de Bob Dylan na China e, finalmente, conseguimos!», disse o promotor chinês, Wei Ming, ao jornal China Daily.

Em 2006, os Rolling Stones foram autorizados a tocar em Xangai, mas por exigência das autoridades, 'Let s Spend the Night Together', 'Brown Sugar' e três outras canções do grupo foram riscados do programa.

As canções dos Eagles, mais conformistas que as dos Rolling Stones, não preocuparão tanto a censura chinesa.

A banda que criou o 'Hotel Califórnia' apareceu em 1971, uma altura em que o rock era considerado na China «uma música decadente» e o país mais populoso do planeta estava mergulhado numa «Grande revolução Cultural Proletária».

por António Caeiro, da Agência Lusa

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