terça-feira, 15 de março de 2011

As Grandes Bandas Inglesas dos Anos 60 - The Spencer Davies Group

Um dos grupos mais interessante e influente, originário de Birmingham, no início dos anos 60, foi o Spencer Davis Group, que é mais reconhecido por alguns singles clássicos, bem como por lançar a carreira de Steve Winwood.

Spencer Davis nasceu em 17 Julho de 1941, em Swansea, País de Gales do Sul, e depois mudou-se para Londres, onde tocou em bandas de skiffle enquanto se envolvia profundamente no blues americano, muito em moda na Europa por essa altura. Mudou-se para Birmingham em 1960 para ai, estudar na Universidade, aonde mais tarde viria a ser professor. À noite, tocava o seu violão de 12 cordas e cantava blues em vários locais da cidade e durante um curto período de tempo formou um duo com a futura Fleetwood Mac, Christine McVie, na época, Christine Perfect.

Durante as suas actuações no bar Golden Eagle, em Hill Street, Birmingham,conheceu os irmãos Winwood, Steve e Muff (Mervyn), membros de uma banda de jazz, a "Jazz Muff-Woody Band", no início de 1963. Steve tinha apenas 15 anos, mas já possuía um estilo vocal único, e revelava-se um excelente multi instrumentista alternando no palco entre guitarra e piano.

Decidiram juntar-se, e Davis, trouxe com ele o baterista Pete York, um estudante da Universidade de Birmingham, formando então a "Rhythm and Blues Quartette".

Na mesma altura, conhecem um jovem promotor musical de Londres, Chris Blackwell que tinha fundado a gravadora Island, especializada na edição de 45 Rpm's de ska e reggae das Índias Ocidentais. O seu primeiro contrato, com a duração de 15 anos foi realizado com a cantora jamaicana, Millie Small, que após ter alcançado grande sucesso com o seu single "My Boy Lollipop", Blackwell decidiu ir até mais a norte de Londres, em busca de novos talentos.

Chegado a Birmingham, foi aconselhado a ir ver o "Rhythm and Blues Quartette" o que fez, tendo ficado,de imediato, impressionado, com a musicalidade da banda, aonde já se destacava, o jovem Steve Winwood.

O Quartette também atraiu a atenção da Decca Records, que lhes ofereceu um contrato, mas Blackwell, antecipou-se e prometeu-lhes um melhor negócio, se eles assinassem com a Island Records. O contrato foi um processo informal e baseou-se em pouco mais do que um aperto de mão. Esta simplicidade de processos, voltaria para assombrá-los, anos mais tarde.

Já que , comercialmente, o jazz não vendia, houve que reformular o reportório da banda, que começou a ser, sobretudo preenchido com temas de forte influência do blues americano, tirando partido da voz de Steve. Mudando o reportório, tinham que mudar o nome.Foi Muff Winwood que sugeriu o nome de Spencer Davis Group, sob o pretexto de que Davis poderia dar as entrevistas, enquanto os outros ficariam na cama.

O seu primeiro lançamento, em Abril de 1964 foi uma cover do tema de John Lee Hooker "Dimples", que era considerado o melhor número que eles tocavam em palco. Infelizmente, o original de John Lee Hooker foi lançado na Grã-Bretanha aproximadamente ao mesmo tempo, tornando-se num hit, e ofuscando assim a escolha dos Spencer Davis Group.

O grupo tinha uma agenda cheia de espectáculos por todo o país e devido a essa exposição, os seus três lançamentos seguintes três singles, "I Can't Stand It", "Every Little Bit Hurts" e "Strong Love" conseguiram alcançar o topo das listas de vendas britânicas. Até ao momento, as músicas tocadas e gravadas pelo grupo, eram covers de blues e de R & B, mas Chris Blackwell sabia que o sucesso do grupo, tinha que passar por material original, pelo que contratou o compositor Jackie Edwards para compor os três singles seguintes do grupo.

O primeiro foi "Keep On Running", com um balanço de R & B perfeito e um riff de baixo, entercortado por uma guitarra com efeito fuzz distorcido. O resultado foi um número um, nas listas de vendas em Novembro de 1965. A banda também alcançou o Top 40 nos Estados Unidos pela primeira vez, chegando á posição, 33. O primeiro LP "The Spencer Davis Group" foi lançado pouco tempo depois.

A tourné pela Europa,foi apoiada no single, "Somebody Help Me", também escrito por Edwards, que apesar de não ser tão forte quanto o primeiro, ainda ganhou a primeira posição nas vendas. Por fim, Edwards,compôs,"When I Come Home" com o qual os SDG, conseguiram chegar ao número 12 Inglaterra. Mas Blackwell queria que a banda gravasse o seu próprio material. O resultado foi "Gimme Some Lovin '",que se tornou um sucesso instantâneo, alcançando o número 2 nas vendas britânicas e número 6 nos USA.

A crescente confiança de Steve Winwood como cantor e compositor, fez com que este se sentisse manietado, limitado na sua criatividade musical, dentro do grupo,tendo começado a tocar, com outros músicos, nomeadamente Dave Mason e Jim Capaldi, que eram membros de um grupo chamado "Deep Feeling Midlands". No início de 1967, Steve Winwood tinha amadurecido a ideia,e informou aos restantes elementos dos SDG, da sua intenção de os abandonar, logo que terminasse a tourné em que estavam envolvidos.

"I'm A Man" foi lançado na primavera de 1967 e alcançou a nona posição, dos discos mais vendidos nessa época. Foi o último single da banda com Steve e Muff Winwood, que também também tinha decidido sair, e aceitar uma oferta de trabalho de Chris Blackwell, para assumir a função de produtor na Island Records.

Nessa altura, Steve Winwood já estava a ensaiar, há alguns meses na Elbow Room Club em Birmingham com Dave Mason, Jim Capaldi e Chris Wood, a formação do seu novo grupo, os "Traffic", que assinou logo, um contrato de gravação com com a Island Records de Blackwell.

Durante o verão de 1967, Spencer Davis, convidou o guitarrista Phil Sawyer e organista Eddie Hardin, para reformular os SDG. Um dos candidatos rejeitados durante as audições, foi um jovem pianista, chamado Reginald Dwight, que mais tarde iria lançar uma carreira solo, re-nomeando-se Elton John. O primeiro singles dos novos Spencer Davis Group single a ser lançado sem osmanos Winwood no line-up, foi "Time Seller" que alcançou o número 30 em Agosto de 1967.

Com a saída de Steve Winwood, a magia da banda parecia ter ido com ele. Em Outubro de 1968, Eddie Hardin e Pete York saíram para formar o duo "Hardin e York". Foram substituídos por Nigel Olsson e Pete Murray, mas depois da gravação de um álbum, que seria o único, Davis dissolveu o grupo.

Muff Winwood continuou a trabalhar para a Island Records, até 1978, quando aceitou um emprego como executivo sénior da Sony Records e, como tal, teve um papel importante no lançamento de algumas das maiores estrelas da música britânica dos
anos 80 e 90.

Depois dos Traffic se separarem, Steve Winwood, cansado, e com a sua imagem desgastada, por anos de exposição continua na cena musical, e atormentado com uma peritonite, resolveu parar e reavaliar a sua carreira tendo-se resguardado, não aparecendo ao publico nos anos seguintes.

Spencer Davis mudou-se para os Estados Unidos e ainda teve algum sucesso, em 1973. Mas em breve entendeu que já não havia muito espaço para uma banda do tipo dos SDG, e aceitou emprego como consultor de uma empresa de vídeo na Califórnia, tendo Linda Ronstadt, sido um de seus projectos. Em meados dos anos 70 Spencer foi trabalhar para Chris Blackwell na Island Records e, como executivo da gravadora, foi o responsável pela promoção de Robert Palmer e de Bob Marley.

No início dos anos 80, Spencer Davis era director da A & R uma pequena gravadora independente de Hollywood. Foi quando voltou a ser tentado pelo "bichinho" da música. Resolveu então voltar ao estúdio, para aí gravar o seu álbum, "Crossfire", tendo como convidados Dusty Springfield, Flo e Eddie,(ex- Turtells) e Booker T. Jones. Trabalhou ainda com os grupos "Spokane USK" e a "Downchild Canadá Blues Band".

Em 1984, Davis, voltou á estrada com a sua própria banda nos USA. Depois, vieram as tournés pela Europa e Oriente Médio com Pete York, e outras lendas do rock britânico, tais como Brian Auger e Chris Farlowe. Foi durante este tempo, que se tornou no pioneiro da gravação de CD's, na Alemanha e Suça. Em 1987 realizou mais de 100 shows, tendo actuado com os Grateful Dead, USA Gary Bonds, Levon Helm, E Street Band de Bruce Springsteen, Peter Noone, Downchild, e Alvin Lee.

Apesar de ter lançado três albuns a solo no inicio da década de 80, Steve Winwood, só alcançou alguma notoriedade com o quarto, "Back in the High Life",lançado em Julho de 1986, que o colocou de volta ao topo das listas de vendas. Contou com a colaboração de Nile Rogers, James Taylor, Joe Walsh, assim como os vocais de Chaka Khan. O álbum ganhou as seguintes distinções, em em Outubro de 1990: "Grammy Awards", "Best Engineered Album", "Best Male Pop Vocal Performance", e o "Record of the Year".

Em 1993, Spencer reuniu-se com, Mike Pinera dos Iron Butterfly, Pedro Rivera dos Rare Earth e Jerry Corbetta dos Sugarloff, para formar o super grupo, "The Classic Rock All-Stars". O grupo lançou um CD, intitulado simplesmente "The Classic Rock All-Stars", Davis saiu do grupo, no verão de 1995, mas continuou em tourné pela Europa e pelos USA, sob o seu nome o resto do ano em 1996 e 1997.

Steve Winwood e Jim Capaldi reuniram os Traffic para lançar um novo álbum, "Far From Home", em 1994, seguido de uma tourné mundial, que incluía uma apresentação no 25 º aniversário do Festival de Woodstock. Winwood lançou ainda "Junction Seven" em 1997 e continuou a fazer espectáculos ao vivo, não só a solo, mas também com os Blind Face e Eric Clapton.

Em 2003, ele lançou outro álbum, chamado "About Time", e em 2008 o "Nine Lives".

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