sexta-feira, 22 de maio de 2009

José Cid, recebe prémio de carreira, da SPA

A Sociedade Portuguesa de Autores entrega prémio de carreira a José Cid num momento em que o músico está em grande actividade: prepara novo álbum e vai ter as suas canções num espectáculo musical.
"É sempre melhor receber estes prémios em vida do que depois de morto", comenta com o bom humor que lhe é habitual o músico José Cid, pioneiro do rock português com o Quarteto 1111, que recebe hoje o Prémio Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
Aos 67 anos vive um momento alto da sua carreira. Além do reconhecimento da SPA, tem um novo disco na calha e, muito em breve, as suas músicas darão o mote para um espectáculo musical. O argumento já está escrito e neste momento ultima-se as negociações com um teatro de Lisboa para que mais pormenores sobre o projecto possam ser divulgados.
José Cid é um nome incontornável da música ligeira portuguesa dos anos 60 e 70, destacando- -se da sua discografia o álbum 10 000 anos depois entre Vénus e Marte, de 1978. Concorreu várias vezes ao Festival da Canção e chegou a ir à Eurovisão, em 1980, com a canção Um Grande, Grande Amor.
Nos anos 90, a sua carreira esteve um pouco na sombra. Gravou um álbum só com poesia de Lorca, fez um disco de jazz em português e outro dedicado à independência de Timor - foram projectos menos comerciais, que o afastaram da ribalta, mas que, ao mesmo tempo, o deixam orgulhoso porque, afirma, revelam a qualidade e a diversidade da sua música.
"Eu não sou só A Cabana junto à Praia. Não sou só música ligeira", diz o cantor. "Estive sempre a trabalhar, nunca estive foi na ModaLisboa", acrescenta, numa crítica clara aos artistas que vendem discos à custa de uma exposição mediática que pouco tem a ver com a sua qualidade musical.
O regresso aconteceu há cerca de cinco anos. Convidado a tocar na Queima das Fitas do Porto, confessa que estava um pouco apreensivo quando subiu ao palco perante 15 mil miúdos.
"Fiquei surpreendido, eles sabiam as letras todas. Mas eu também os surpreendi. Os meus espectáculos são muito profissionais e têm uma certa rebeldia que as pessoas mais novas estão à procura. Não estou só a li a cantar Como o Macaco Gosta de Banana." E José Cid não se admira que os jovens nascidos em 80 cantem com ele A Lenda de El-Rei D. Sebastião.
"Eu estava à espera de que eles me descobrissem. São canções que há 30 anos estavam muito à frente do seu tempo."
De então para cá, sucederam- -se os concertos - do pequeno Maxime ao Campo Pequeno, espectáculos de solidariedade ou em festivais, aparece em programas de televisão e, como sempre, revela uma enorme capacidade de se rir de si mesmo.
"Sou um cantor nato e não estou decadente vocalmente. Levo uma vida muito regrada para poder estar em forma física e vocal quando me apresento ao vivo", garante. Mesmo consagrado, José Cid não pára. Tem a agenda de concertos bem preenchida, está a negociar a edição de um disco em Espanha, cantado em castelhano, com inéditos e versões suas e de outros; e está a produzir um novo álbum que deverá sair no final de Setembro pela Farol. Com o título de trabalho Coisas do Amor e do Mar, será um disco com pop/rock e baladas de amor - aquilo que José Cid sabe tão bem fazer.
Texto: Maria João Caetano no DN.


Sem comentários: