quarta-feira, 29 de abril de 2009

Discos de vinil voltam ás prateleiras das grandes supreficies

Se eventos como o Record Store Day estão a contribuir para o recrudescimento do interesse dos fãs de música pelo formato vinil, o inverso também é verdade. De facto, mais e mais lojas de discos independentes parecem ver nas grandes rodelas negras a receita para evitarem o colapso financeiro.

Daí não admire notícias como esta recente do LA Times segundo a qual três novas discotecas independentes deverão abrir as portas esta primavera em Los Angeles. Mesmo assim, este ímpeto parece não ser suficiente para contrabalançar o número daquelas que se vêm obrigadas a encerrar. Se no início de 2007 existiam 259 lojas de discos naquela cidade norte-americana, de então para cá esse número baixou para as 185.

Nos Estados Unidos, de 2003 até hoje o número de lojas de discos que fecharam as portas ascende a mais de três mil. Mas o regresso do vinil parece ser mais do que uma moda, a avaliar pelos dados adiantados por Matt Wishnow, fundador da retalhista de música online Insound que indicam que 50 por cento do total das suas receitas provieram em 2008 da venda de vinis novos, “o que corresponde a milhares de dólares ao ano.”

O mais extraordinário é que as vendas de gira-discos aumentaram 200 por cento durante o ano passado, tendo a empresa comercializado diariamente dezenas de aparelhos durante o período do Natal. Por este andar, é provável que dentro em breve o vinil volte a ocupar um lugar de destaque nas grandes superfícies comerciais.

Apesar do site online da Fnac.pt possuir uma secção própria dedicada ao vinil onde é possível encontrar e adquirir cerca de uma centena e meia de clássicos e alguns dos sucessos de vendas mais recentes, a verdade é que eu nunca reparei muito no vinil nas lojas da FNAC. A secção deve estar tão escondida que só mesmo quem saiba dá conta que existe. De qualquer modo, parece que as vendas estão a correr bem, tendo registado um crescimento de cerca de 20 por cento entre 2007 e 2008, segundo o que Viriato Filipe, director de marketing e comunicação institucional da divisão portuguesa da FNAC afirmou à agência LUSA em Janeiro deste ano.

Nos Estados Unidos, a cadeia de grandes superfícies comerciais Best Buy - a terceira maior retalhista de música nos EUA e a mesma empresa que em Julho do ano passado começou a vender instrumentos musicais nas suas lojas - pretende dentro em breve dedicar o equivalente a oito pés quadrados (cerca de 0,74 metros quadrados) exclusivamente aos discos em vinil em todas as suas 1020 lojas. É bem verdade que isto em si equivale apenas a 200 álbuns, mas já é um avanço em relação aos anos mais recentes em que o vinil vinha a perder cada vez mais terreno para os CDs e DVDs.

Segundo o mesmo artigo, uma loja Best Buy típica dedica entre 16 a 20 pés quadrados (1,5 e 1,85 metros quadrados, respectivamente) à venda de artigos de música e exibe cerca de oito mil CDs. No entanto e apesar das vendas de discos em vinil representaram apenas ainda cinco por cento das vendas de música da empresa, o que é facto é que as vendas de CDs continuam em queda livre.

A questão que se coloca é que se ao aumentarem o espaço dedicado ao vinil, as grandes superfícies comerciais não estão a colocar em risco a sobrevivência das lojas de discos independentes. Quanto a mim, penso que isso dependerá do catálogo que essas grandes empresas decidirem disponibilizar. Se forem grandes clássicos do Rock e do Pop como Beatles, Pink Floyd e Metallica, penso que esse problema não se colocará tanto; mas se elas começarem a apostar na distribuição das bandas que constituem a sensação do momento no nicho que o circuito independente constitui, aí as discotecas mais pequenas podem começar a fazer contas à vida…
by Miguel Caetano, in remixtures

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