quinta-feira, 16 de abril de 2009

MySpace Music: um projecto falhado?



Foi já há mais de seis meses que os norte-americanos puderam aceder pela primeira vez ao MySpace Music. Na altura, o novo site especializado em música da rede social da News Corp quase não tinha música de bandas e editoras independentes.
A razão era que muitas etiquetas indie decidiram não assinar um contrato de licenciamento por se sentirem discriminadas em relação às quatro grandes editoras que conseguiram obter uma participação na joint-venture. De então para cá, o site passou a contar com mais independentes. Mas apesar da nomeação de um novo director executivo em Dezembro passado (Courtney Holt), parece que o entusiasmo por parte da indústria da música resfriou um bom bocado.
A isto talvez não seja alheia a actual crise económica global que fez reduzir o ritmo de crescimento do mercado publicitário online e que desencadeou diversos problemas financeiros noutros serviços de streaming de música como o Imeem e o SeeqPod. O problema é o mesmo de sempre: quanto mais utilizadores um serviço tem, maior será a factura da largura de banda a pagar bem como as taxas de royalties pagas às editoras discográficas.
No caso do MySpace Music, havia um problema adicional: até agora o site funcionava pura e simplesmente como um condomínio “fechado” ou “jardim murado”, o que vai totalmente contra o espírito de partilha e abertura por detrás dos seus concorrentes mais Web 2.0 e sempre acaba por gerar mais tráfego.
Contudo, esta semana o site começou a remediar essa situação ao permitir o streaming das playlists e álbuns a partir de 44 redes sociais, entre as quais o rival Facebook. Twitter, Digg, Delicious, etc. A nova funcionalidade permite ainda enviar as playlists via email e através dos blogs do próprio MySpace. Contudo, infelizmente ainda não é possível inserir as playlists em blogs ou sites pertencentes a terceiros. Contratos com as majors a quanto obrigam!
Mas se estas novidades colmatam parcialmente aquela que era até agora uma das maiores lacunas do MySpace Music, a verdade é que o site continua inacessível ao resto do mundo. No final do ano passado, a empresa anunciou que pretendia lançar uma versão britânica do site ainda durante o primeiro trimestre de 2009. Agora Courtney Holt veio explicar que pode ter havido uma precipitação e uma vez que ainda não foi possível recolher um número suficiente de anunciantes. Com isto tudo, o lançamento foi novamente adiado pra o final do Verão.
Mas por este andar, é provável que o MySpace Music feche antes sequer de chegar a terras portuguesas. Isto porque ontem mesmo o TechCrunch deu a entender que a Warner Music Group está bastante descontente com o acordo estabelecido com o MySpace Music nos Estados Unidos. Segundo fontes confidenciais contactadas pelo blog, o acordo de licenciamento não contempla o pagamento de uma quantia pelo streaming de cada música mas apenas a divisão das receitas geradas pela publicidade exibida enquanto a faixa toca.
Ora, como todos sabem, o dinheiro gerado pelos anúncios tem ficado aquém do que muito boa gente esperava. Mas o principal problema para a WMG é que as outras três majors (EMI, Sony Music Entertainment e Universal Music Group) conseguiram obter do MySpace a garantia do pagamento por cada reprodução de uma faixa. Daí que seja bastante provável que a WMG acabe por fazer o mesmo que fez com a Last.fm: remover todo o seu catálogo do serviço.
Se isto acontecer, será uma ferida de morte para um projecto que na altura do seu lançamento reuniu o consenso de todos os “tubarões” da indústria discográfica.

by Miguel Caetano on Abril 15, 2009
Aqui: http://remixtures.com/

(foto de publish9(아홉시) segundo licença CC-BY-NC-ND 2.0)

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