quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

The Byrds, os Beatles Americanos


Os Byrds têm a sua carreira dividida pelos críticos em dois períodos bem distintos. O primeiro, conhecido como sendo a fase áurea do grupo, compreende o tempo entre 1965 e 1968. O segundo período vai de 1969 até 1973 e é visto como a decadência da banda,por motivos vários. A história da banda, conta-se mais ou menos assim.

Jim McGuinn e Gene Clark, encontraram-se num bar qualquer de Los Angeles durante um show do primeiro. Gene achou o set de McGuinn, composto por canções folk tradicionais e algumas covers dos Beatles, surpreendente. Decidiram apresentar-se em duo, mantendo o repertório original e logo tiveram a adesão de David Crosby. 

Como toda a banda principiante, sob o nome de Jet Set, gravaram uma demo que não chegou aos ouvidos de ninguém, mas que começaria uma história na maioria das vezes brilhante. Pouco tempo depois, gravaram um single para a Elektra, sob o nome de Beefeaters, com a ajuda de músicos de estúdio. McGuinn decidiu mudar seu nome para Roger, agregou ao trio o baterista Michael Clarke e o bandolinista Chris Hillman, que deveria assumir o baixo, mesmo não sabendo tocar, esse instrumento. 

Já como Byrds, os cinco resolveram dar um passo audacioso na carreira. Gravar uma música do ídolo maior, Bob Dylan, com o estilo pop dos Beatles. O resto é a tão falada história. 

Os Byrds foram catapultados para o sucesso,e para os primeiros lugares das listas de vendas, para o "front stream", contra a invasão britânica. 

Mr Tambourine Man, a música de Bob Dylan que os próprios Byrds, "rearranjaram" chegou aos primeiros lugares em todas as listas de vendas, nos dois lados do Atlântico, propulsionada pelo timbre inconfundível da guitarra de 12 cordas de Jim McGuinn e pelas harmonias vocais do grupo. 

Os Byrds passaram a ser conhecidos como os "Beatles americanos". 

Logo contratados pela Columbia, lançaram em 1965 o disco Mr Tambourine Man, recheado de composições de Clarke e covers de Dylan e Peter Seeger, num estilo que se chamaria folk-rock a partir do sucesso de Turn! Turn! Turn!, disco de 1966. 

Outra música desse disco que ficou marcada foi Eight Miles High, que com seu título meio junkie fez sucesso no circuito alternativo de Los Angeles e San Francisco, mas acabou por ser boicotada pelas rádios devido às alusões às drogas. 

A partir daí,os Byrds começariam a lidar com um factor que prejudica qualquer banda. O entra e sai de músicos. 

Gene Clark,principal compositor e segundo vocalista, deixaria o grupo, por ter medo de voar. Todas as tournées resultavam na mesma situação:enquanto Clark ia de carro ou comboio, a banda ia de avião e chegava muito mais cedo.

Enquanto, quarteto, os Byrds gravaram Fifht Dimension, disco "pesado" demais, mas a acompanhar a onda do psicodelismo nascente, mesclando-a com folk. A faixa-título, John Riley e I See You, são clássicos desse período e mostram os vocais a cargo de McGuinn, Crosby e Hillman.

O melhor disco da banda, Younger Than Yesterday, de 1967, já mostrava um Crosby mais actuante e sobressaindo-se muito mais do que o próprio McGuinn. Em músicas geniais,como So You Wanna Be A Rock'n'Roll Star ou My Back Pages (outra cover de Dylan), o trabalho dos Byrds entra em dimensões nunca alcançadas.Maturidade total, folk rock encharcado de psicodelia e inovações de timbre por parte de McGuinn e Hillman.

O disco seguinte, The Notorious Byrds Brothers, começou a ser gravado no meio de um grande conflito de personalidades, entre todos os elementos da banda. Literalmente, Crosby criticava ásperamente McGuinn, este por sua vez,sussurrava toda a animosidade que sentia por Hillman,e por fim, este desancava, Crosby. Saldo final: Crosby deixaria a banda no meio das gravações para formar o Crosby, Still And Nash, juntando-se a Stephen Stills e Graham Nash, tendo agregado, no ano seguinte, Neil Young. Resultado, o Crosby, Still, Nash And Young foi um dos supergrupos da época. Gene Clark foi reconvocado para finalizar o álbum e despediu-se de seguida. Michael Clarke, baterista, deu igualmente o "tcháu". Mesmo assim o disco ainda manteve a qualidade dos trabalhos anteriores.

De 1968 em diante, muita coisa mudaria na trajectória dos Byrds. McGuinn e Hillman conceberam a ideia de gravar um disco duplo, aonde a banda mostraria as suas versões para vários estilos de música pop, desde o jazz, passando pelo blues e chegando ao country. Para isso, recrutaram, o baterista Kevin Kelly e o pianista Gram Parsons, que mudaria todos os planos.
Parsons, nascido Cecil Ingram Taylor, em 1945, era um ex-estudante da badalada Universidade de Harvard e fã obsessivo de música country. Ele contaminou os outros Byrds e convenceu-os a gravar Sweetheart Of The Rodeo em 1968, no qual a banda forjou o termo country-rock.Isto dividiu os fãs da banda, apesar do folk rock dos Byrds, andar sempre nas tonalidades mais country. Aqui,neste disco, eles assumiam isso de forma definitiva.

Mas Parsons, uma pessoa errática por natureza, deixaria os Byrds seis meses após o seu ingresso na banda e levaria consigo nada mais nada menos que Chris Hillman, o principal autor das músicas da banda. Juntos eles formariam os Flying Burrito Brothers em 1969, onde Parsons ficaria até 1970, para sair para uma carreira solo. Um ano depois, 1973, morreria de overdose.

McGuinn viu-se completamente perdido e os Byrds, apesar de não encerrarem as suas actividades, tornaram-se a banda de apoio de Roger. Com o guitarrista Clarence White agregado ao grupo, gravaram ainda, The Ballad Of Easy Rider (1969), Byrdmaniax (1969),Untitled (1970) e Farther Along (1972), álbuns renegados na época, mas que agora estão a ser reavaliados, com a importância reconhecida, principalmente pela capacidade criativa de McGuinn, um individuo pacato, mas extremamente competente,com uma Rickebacker 12 cordas nas mãos.

Em 1972, com a morte de Clarenc White, os Byrds praticamente deixaram de existir.

Em 1973, McGuinn, Hillman, Crosby, Gene Clark, e Michael Clarke gravariam o Reunion Album, mas sem a centelha da criatividade dos primeiros discos. Seguidores do género temos: Tom Petty, REM, Replacements, Big Star, Eagles, America, Crosby Stills And Nash, centenas de milhares de bandas contemporâneas do calibre dos Teenage Funclub e Yo La Tengo, além de outros tantos artistas que passaram a fundir o rock e o country. Um legado que impressiona tanto pela importância quanto pela total falta de conhecimento da maioria do público consumidor de rock.

Ainda, vão a tempo, os que procurarem, os relançamentos dos onze discos principais dos Byrds, entre 1965 e 1972, feitos pela Columbia/Legacy, com faixas extras, sobras de estúdio e lados-B, sem falar no importantíssimo Live At Fillmore February 5-1969, concerto inédito da banda, somente agora libertado por McGuinn. Bom voo.

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