sábado, 7 de março de 2009

Doors - LIve at The Matrix 1967

Há anos que as actuações dos Doors no Matrix, em San Francisco, estão disponíveis em dezenas de bootlegs espalhados por aí . No final de 2008, com toda a pompa e circunstância, a gravadora Rhino lançou nos Estados Unidos o CD duplo "The Doors Live At The Matrix 1967".
"Porreiro, vou realizar o sonho da minha vida e ouvir essas gravações com uma qualidade decente", deve ter pensado o fã mais ardoroso.
A embalagem em formato digipack e o texto do produtor Bruce Botnick no encarte do CD deve ter deixado o fã ainda mais animado. Atentem, está assim escrito : "As fabulosas gravações do Matrix em 1967 estão finalmente disponíveis em toda a sua glória. Durante anos, estas gravações foram pirateadas ao redor do mundo, com a pior qualidade sonora imaginável."
" O meu sonho, enfim, tornou-se realidade", voltou a pensar o tal fã.
Pois a sua alegria não durou mais do que dez segundos, ao som da bateria de John Densmore e do teclado de Ray Manzarek. O som realmente está "disponível em toda a sua glória". Glória abafada, oscilante e sem vida. Não vou, colocar a questão da importância da gravação. Mas, cá para nós, se existem gravações piratas com melhor qualidade (e de graça) na internet, porquê gastar os meus euros nesta edição?
Em foruns, aqui na internet é possível acompanhar essa discussão com mais detalhes. Na verdade, o que aconteceu, segundo os fãs, foi o seguinte: as fitas originais (e alardeados no texto de Botnick) não foram usados para a produção do CD. Pelo que dizem, os integrantes sobreviventes dos Doors não quiseram pagar ao engenheiro de som Peter Abrams, responsável pela gravação e proprietário dos tapes. Assim, Manzarek, Krieger, Densmore e o produtor Bruce Botnick teriam utilizado uma velha fita deteriorada que foi encontrado nos arquivos dos Doors.
Pelos vistos, o que mais incomodou o fã foi o facto de Botnick ter escrito uma declaração supostamente falsa no encarte, ao afirmar que foram usadas "cópias de primeira geração" das fitas utilizadas na gravação. A credibilidade dos integrantes sobreviventes dos Doors, que volta e meia é discutida, foi posta, mais uma vez, em xeque.
Tirando o aspecto técnico, "The Doors Live At The Matrix" traz uma das primeiras apresentações conhecidas da banda de Los Angeles. O show foi realizado num pequeno "club" de San Francisco, onde poderam ser acomodadas pouco mais de cem pessoas, nos dias 07 e 10 de Março de 1967. Na ocasião, os Doors haviam gravado apenas o seu primeiro álbum, que tinha chegado às lojas,dois meses antes destes shows.
No CD duplo é possível ouvir uma banda mais crua, apresentando o álbum de estreia praticamente na sua íntegra e várias canções que viriam a fazer parte do segundo disco, "Strange Days".
Ou seja, os fãs não vão ter motivos para reclamar de canções como "Light My Fire", "Break On Through (To The Other Side)", "The Crystal Ship", "Alabama Song (Whisky Bar)", "The End", "When The Music's Over", "Unhappy Girl", "People Are Strange" ou "Moonlight Drive".
Mas, isso sim, podem reclamar, e muito, da qualidade sonora.
É uma pena pensar que existe uma gravação muito melhor do que esta que foi lançada.
People are strange.

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