terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Fleet Foxes - Fleet Foxes

Influências de Bob Dylan, Beach Boys, The Zombies, Ennio Morricone, The Byrds, Crosby, Stills, Nash & Young... Psicodélico, gospel, folk, rock, pop barroco ou então "baroque harmonic pop jams". Assim é classificado o álbum de estreia do Fleet Foxes, lançado há poucos meses, e que já deu (e continua a dar) muito o que falar.
A história do Fleet Foxes começou não há muito tempo. Originária da cidade de Seattle, o berço do movimento grunge, a banda faz um som muito, mas muito diferente de Nirvana ou Pearl Jam. Em 2006, ainda de forma independente, o grupo lançou o EP "Fleet Foxes", que acabou, dando em nada. Pelo menos num primeiro momento.
De forma muito tímida, a banda acabou encontrando o seu público nos inúmeros shows que fez em Seattle. Num deles, havia um espectador de fundamental importância para a história do Fleet Foxes. O produtor Phil Ek, assistiu ao show e gostou. A partir desse momento, as coisas ficaram um pouco mais fáceis. A banda foi contratada pelo selo Sub Pop (o mesmo que lançou o Nirvana) e, em Fevereiro de 2008, chegava às lojas o EP "Sun Giant", no qual, já mostrava uma enorme maturidade e personalidade musical.
Se os Fleet Foxes já eram conhecidos no circuito local de Seattle, o EP fez com que a banda começasse a ser ouvida nos Estados Unidos, e bastante popular no MySpace. Mas um EP ainda era muito pouco para a banda mostrar toda a sua proposta.
Mais uma pequena tournée se seguiu - e que ajudou a formatar o repertório do conjunto - antes do lançamento do primeiro álbum do Fleet Foxes, que saiu em meados do ano passado.
Com o álbum "Fleet Foxes", Robin Pecknold (vocal e guitarra), Skyler Skjelset (guitarra), Bryn Lumsden (baixo), Nicholas Peterson (bateria) e Casey Wescott (teclados) mostram que sabem das coisas, em mais um daqueles raros casos em que as influências são sabiamente dosadas, a ponto de não transformar as canções em simples clichês.
A faixa que mais se sobressai no álbum e que melhor resume o que é o Fleet Foxes é "White Winter Hymnal", que combina um coral com deliciosas harmonias vocais com folk, gospel, rock e pop, e, tudo isso, sem soar parecido com nada do que já se tenha ouvido antes. "Ragged Wood", por sua vez, é um pouco mais pesada que a anterior - mas isso não significa que ela seja realmente pesada. Para se ter um nível de comparação melhor, podemos dizer que essa canção é a mais "Arcade Fire" do álbum. Aliás, ouvindo esse álbum com atenção, é possível notar que os Fleet Foxes são tudo aquilo que os Arcade Fire deixaram de ser a partir do momento que partiram para o "mainstream".
Outro destaque do álbum é "Sun It Rises", a faixa de abertura, que começa com uma espécie de coral gospel. As complexas "Meadowlarks" e "Blue Ridge Mountains" (que poderiam estar tranquilamente num disco dos Crisby, Stills, Nash e Young), ambas com coloração folk, ouvem-se muito bem. Mas os Fleet Foxes também sabem escrever canções pop simples como "He Doesn't Know Why" e Quiet Houses", outras duas que podem entrar no grupo das melhores faixas do álbum. "Your Protector", por sua vez, remete ao folk-rock que o Led Zeppelin fazia.
O primeiro álbum dos Fleet Foxes foi bastante elogiado pela crítica. A revista Rolling Stone deu quatro estrelas para o CD, enquanto a Pitchfork deu nota 9. O jornal The Guardian deu a cotação máxima ao disco, e ainda afirmou: "um marco na música norte-americana, um clássico instantâneo". A revista Uncut deu o prémio máximo do seu Music Award 2008 (o primeiro de sua história) ao álbum. A Billboard não divergiu, e considerou "Fleet Foxes" o melhor álbum do ano passado.
"Fleet Foxes" pode ser considerado um disco difícil do primeiro ao último segundo. Mas uma coisa é certa,esta banda de Seattle prova: apenas 39 minutos são o suficiente para se fazer um álbum grandioso, e ancoradop no que de melhor se fez nas decadas de 60 e 70.
Fonte:Luiz Felipe Carneiro

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